Condições financeiras das companhias brasileiras estão melhorando e “ponto de virada se aproxima”, diz BBI

Recuo de margens desacelerando, quando não virando para ganhos, e melhora da posição de caixa sinalizam possível ponto de inflexão

Vitor Azevedo

(Shutterstock)
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Após um período difícil, com juros pressionando os ganhos e os resultados financeiros das empresas brasileiras, o Data Vault Bradesco BBI, que estudou 438 empresas não financeiras do Brasil tendo como base seus resultados do terceiro trimestre de 2023, trouxe uma visão positiva. 

 “O ponto de virada nas condições financeiras das empresas parece estar próximo”, diz a equipe do banco, encabeçada por André Carvalho. 

Os dados compilados pelo CEMEC-Fipe, e usados pelo banco, abrangem 10 diferentes setores: consumo discricionário, produtos básicos, saúde, tecnologia da informação, telecomunicações, utilidades, imóveis, industriais, materiais e energia. 

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No primeiro ponto que sustenta a tese do BBI está o fato de que, após uma tendência de queda se estender desde 2021, os recuos das margens Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) e dos lucros líquidos estão desacelerando – e, até mesmo, se invertendo para ganhos. 

“No terceiro trimestre de 2023, enquanto as vendas líquidas continuaram a desacelerar, os custos permaneceram mais sob controle. E os analistas setoriais do Bradesco BBI esperam, no geral, melhorias nas margens e redução da alavancagem em 2024”, fala o time. 

Para eles, em 2024, a recuperação do crescimento cíclico do PIB provavelmente apoiará as vendas líquidas, aumentando o faturamento. Além disso, a flexibilização monetária e melhores condições financeiras podem trazer algum alívio para os custos financeiros, enquanto um mercado de trabalho mais frouxo pode gradualmente aliviar as pressões sobre as despesas operacionais.

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De acordo com o levantamento, três dos 10 setores acompanhados experimentaram margens decrescentes no terceiro trimestre, três ficaram com suas taxas de lucro estáveis e quatro apresentaram aumentos. 

“Quem ganhou margem foram os setores de tecnologia da informação, utilidades, imóveis e consumo discricionário. Notavelmente, em uma base trimestral, os setores com margens melhorando são mais dependentes da demanda doméstica”, explica o BBI. “Por sua vez, o setor de telecomunicações experimentou a maior queda na margem, seguido por materiais e energia.”

Outro sinal de melhora da condição financeira fica para o fato de as empresas terem melhorado suas posições de caixa. Dos 10 setores analisados, seis aumentaram suas posições de liquidez em relação às vendas (apesar de isso ser explicado, também, em parte por conta do recuo do faturamento). 

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Apesar de o múltiplo de alavancagem, medido pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ter crescido de 1,2 vez no segundo trimestre para 1,3 vez, ela continua abaixo da média de dez anos. 

“Excluindo Petrobras (PETR4), Eletrobras (ELET6) e Vale (VALE3) de nossa amostra, a razão permaneceu inalterada em 2,1 vez, ligeiramente abaixo da média histórica de 2,2x e bem abaixo do pico de 3x em 2015”, contextualizam. “Segundo os analistas setoriais do Bradesco BBI, a dívida líquida/Ebitda deve cair 30 pontos-base em 2024. Com o alívio nas condições de crédito doméstico, as empresas provavelmente recorreram mais ao financiamento doméstico em 2023”, falam

De qualquer forma, o risco corporativo ainda é baixo. Apesar de o número das empresas que estão consumindo caixa ter crescido entre as pequenas empresas, chegando a 45% do total, nas empresas de médio porte a parcela caiu para 16%, abaixo da média histórica de 20%.

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“Em todos os tamanhos de empresa, a porcentagem daquelas que têm níveis excessivos de dívida, definidas como empresas com dívida líquida e Ebitda positivos, e com dívida líquida maior do que cinco vezes sua geração de caixa, está abaixo das médias históricas entre grandes, médias e pequenas empresas”, falam. “Essas análises sugerem que, apesar de um aumento recente na relação dívida líquida/Ebitda e em algumas pressões financeiras, a maioria das empresas brasileiras ainda se mantém em uma posição financeira relativamente sólida”. 

Já nas grandes, o número de companhias que queimaram caixa ficou estável, em 6% – o que ainda explica o fato de a distribuição de dividendos ter ficado concentrada no setor de commodities. 

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