Concorrência e redução de volumes: o que explica a queda de 27% da ação da B3 no ano?

Guide vê pouca atratividade na Bolsa e Bank of America reduz preço-alvo

Ana Paula Ribeiro

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Menores volumes, preços mais baixos e potencial novos concorrentes pressionam as ações da operadora da Bolsa brasileira, a B3 (B3SA3), que acumulam uma queda de quase 30% no ano. Apesar da queda acentuada, analistas se dividem sobre ser essa a hora certa de entrar nos papéis da companhia.

As ações da B3 acumulam queda de 26,9% no ano até o momento. Para a Guide, há opções melhores no setor financeiro. Já o Bank of America mantém a recomendação de compra para os papéis da B3, mas com a redução do preço-alvo, de R$ 17 para R$ 14 – potencial de valorização em torno de 35%.

Essa desvalorização se dá em meio das notícias da chegada de um concorrente para a B3 vêm de diversos lados.

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A Mubadala Capital é apontada como uma das interessadas em dar início a operação nos mercados de ações. A registradora CSD BR também já foi em busca de licenças para operar como depositária e agente de liquidação de operações e, por último, a Câmara de Vereados do Rio aprovou um projeto de lei que cria condições para a retomada de uma Bolsa na cidade.

Na avaliação da Guide Investimentos, é baixa a probabilidade de três projetos serem implementados ao mesmo tempo. No entanto, o movimento é negativo para a B3.

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“A maior concorrência deve pressionar ainda mais os resultados da B3”, avaliaram.

Esses resultados já estão sendo pressionados pela queda no volume dos negócios, com os investidores menos interessados no mercado de ações, paralisação no mercado de ofertas iniciais (IPO, na sigla em inglês) e redução as taxas médias, uma vez que há o aumento da participação dos operadores que possuem maiores descontos (os “high frequency”).

“Acreditamos que apesar da queda das ações da B3 nos últimos meses, ainda faça sentido migrar os recursos para outros ativos na bolsa, incluindo empresas do setor financeiro como BTG Pactual ou até empresas fora do setor financeiro” avaliaram.

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Já para os analistas do Bank of America a desvalorização das ações no ano já antecipa essa queda nos resultados da B3, mas de forma exagerada. O banco calcula que a queda no lucro em 2024 no acumulado do ano ficará em 5%, ante cerca de 30% das ações.

O Bank of America espera crescimento de outras receitas que podem compensar parcialmente a perda de volumes do mercado de ações. De forma geral, as receitas devem crescer 6% nas contas do BofA.
“Prevemos (i) crescimento de 13% nas receitas do negócio OTC, dada a maior procura por instrumentos de rendimento fixo num ambiente de taxas elevadas; (ii) crescimento de 29% para a unidade de financiamento, em maior crédito para automóveis; e (iii) crescimento de 10% nas receitas de tecnologia e dados, refletindo a incorporação de recentes aquisições.

Essas projeções fizeram o BofA reduzir a perspectiva de lucro em 3% para 2024 e 2025 e por isso atualizou o preço-alvo, mas mantendo a recomendação de compra.