Compra por um clique? Juros ainda elevados aumentam cautela com ações de e-commerce

Dentre os principais players, o Mercado Livre parece ainda ser o grande vencedor dentre as companhias de e-commerce no Brasil

Camille Bocanegra

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A reviravolta nas expectativa de inflação pode gerar, a partir desta quarta-feira (19), o fim do atual ciclo de corte dos juros – cujas taxas seguiriam elevadas, em 10,50% ao ano. Isso prejudica, especialmente, as empresas de e-commerce, mais dependentes do crédito para venda de bens duráveis, com ticket médio mais alto e adquiridos por meio de financiamento.

Assim, o e-commerce, como setor sensível ao cenário macroeconômico brasileiro, seguirá com desafios nos próximos tempos. Isso porque o segmento é muito correlacionado à curva de juros, de acordo com Lucas Lima, analista da VG Research. Além de taxas mais elevadas por mais tempo, os principais players brasileiros ainda devem enfrentar competição acirrada.

Juro alto pressiona e-commerce

“Com juros elevados pressionando as despesas financeiras das empresas, principalmente daquelas mais endividadas, como MGLU3 e BHIA3, o foco deve seguir totalmente na rentabilidade, em detrimento do crescimento”, comenta o analista da VG Research, Lucas Lima.

Em qual varejista investir?

Neste contexto, em qual varejista de e-commerce investir? No momento, nenhuma das varejistas de e-commerce contam com recomendação de compra, de acordo com Lima.

O desânimo com os papéis do setor se dá pelo “sonho de uma taxa de juros de 1 dígito este ano ter ficado para trás”, segundo o analista. Ainda assim, há uma tese de investimento que chama atenção.

Mercado Livre

O Mercado Livre (MELI34) segue apresentando resultados surpreendentes e muito acima do setor, diz Lima. E deve ser o grande vencedor no setor no Brasil.

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A Genial, que recomenda compra para o papel, considera que o desempenho apresentado foi robusto e alinhado com as expectativas, tanto no segmento de e-commerce quanto de fintech, oferecendo bons indicadores.

A companhia também se destaca em levantamento, realizado pelo Investing.com ao InfoMoney, como uma das principais varejistas, em suas métricas da análise fundamentalista.

Ainda assim, não é um papel “barato” na comparação entre preço sobre lucro (P/L), que apresenta relação de 70,80 vezes.

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E-commerce brasileiro no negativo

Em comparação, dentre as varejistas de e-commerce brasileira, não há nenhuma com relação positiva no quesito.

As Casas Bahia (BHIA3) apresentam 0,23 vezes negativas o preço sobre o lucro, enquanto a Magazine Luiza (MGLU3) é a mais barata da categoria, em 15,09 vezes negativas o P/L.

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Na comparação entre valor da companhia sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/EBITDA, na sigla em inglês), a Magalu apresenta índice negativo 172,12, contra +27,88 vezes do Mercado Livre.

“Em relação à Magalu, reconhecemos a recuperação registrada nos últimos resultados, principalmente em termos de rentabilidade. Entretanto, alguns riscos devem continuar pressionando a companhia nos próximos anos”, aponta Lima.

Dentre os riscos que o analista destaca, além do cenário macro e a trajetória de juros, a competição com novos players deve aumentar com a chegada da chinesa Tamu.

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O analista também destaca a operação das Casas Bahia, que depende do sucesso de estratégias para reestruturação em ambiente difícil para bens duráveis.

Análise fundamentalista das varejista de e-commerce:

EmpresaPreço / LucroEV / EBITDAPreço / VPA
Americanas (AMER3)-0,03-4,41-0,01
Casas Bahia (BHIA3)-0,23-28,710,18
Lojas Marisa (AMAR3)-0,24-5,458,72
Magazine Luiza (MGLU3)-15,09-172,120,78
MercadoLibre (MELI3)70,8027,8823,60
Fonte: Investing.com

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