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Há um intenso debate em curso quanto à utilização das áreas agrícolas para produção de matéria-prima para o setor energético. O etanol, por exemplo, pode ser produzido a partir da cana de açúcar, milho, beterraba, e outras fontes, ocupando uma área que até então seria destinada para a agricultura de alimentos.
Mas, para Plinio Nastari, presidente da DATAGRO, essa é uma “grande falácia”. “A absorção dos excedentes de produção para a produção de agroenergia é o que viabiliza uma condição de preço mais estável para os mercados de milho e soja, o que viabilizou o retorno da agricultura nos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil”, afirma. No Brasil, o milho safrinha seria prejudicado, por exemplo.
Nastari lembrou que nos EUA foi criado, nos anos 1950, a Lei Pública 480, criando o escritório Food for Peace. A ideia era exportar o excedente de produção para países com deficiência na produção de alimentos, mas a consequência prática, explica o presidente da DATAGRO, é que essa iniciativa inviabiliza o desenvolvimento da agricultura nos mercados emergentes, uma vez que o pequeno agricultor deve competir com alimentos distribuídos de graça.
Com o desenvolvimento da agricultura energética, o cenário tem mudado. Nos EUA, cerca de 140 milhões de toneladas de milho, das 385 milhões de toneladas produzidas, são convertidas em etanol. Esse produto poderá ter diversos usos, podendo se posicionar como uma alternativa para solucionar problemas quanto aos combustíveis fósseis, por exemplo.
Isso porque uma realidade próxima é o desenvolvimento de carros elétricos abastecidos por etanol, uma vez que o desenvolvimento da tecnologia já permite retirar o hidrogênio do etanol e transformá-lo em eletricidade. Esse é o conceito de um carro desenvolvido pela Nissan, por exemplo, e que deve entrar em operação comercial nos próximos anos. “Estamos no limiar de uma nova era do carro elétrico”, resume Nastari, durante o evento XP DATAGRO AgriFinance Brazil.
O presidente da DATAGRO afirma que as falácias podem ser difundidas, algumas vezes, por limitações regionais. Na Europa, algumas ONGs se posicionam contra a utilização de etanol de primeira geração, mas, para Nastari, isso se deve porque não há terras suficientes para expandir a produção, o que não é a regra para outros locais do mundo. “Há muitos países que tem como expandir porque tem área agrícola, tem terra, solo, água e gente para ser treinada”, diz.