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SÃO PAULO (Reuters) – Embora ainda haja muitas incertezas sobre os efeitos da surpreendente eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, é possível já prever que uma consequência para o Brasil é a de atrasar o processo de saída da recessão, disseram economistas nesta sexta-feira.
Segundo o ex-presidente do Banco Central e professor da FGV-RJ, Affonso Celso Pastore, o cumprimento da promessa de campanha de Trump, de elevar maciçamente os investimentos em infraestrutura, exigirá uma expansão fiscal norte-americana, que terá como consequência o aumento da inflação e, por conseguinte, dos juros no país.
“Um aumento das taxas nos EUA, que já está sendo precificada no mercado de juros futuros, levará para lá parte dos recursos que hoje estão aplicados em ativos de países emergentes”, disse Pastore durante evento de comércio exterior.
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Com isso, avaliou o economista, o Banco Central pode ter que suavizar o ciclo de corte de juros no Brasil para evitar uma saída muito brusca de capital financeiro do país e seus potenciais impactos no câmbio. Assim, a economia levaria mais tempo para voltar a níveis satisfatórios de crescimento, disse Pastore.
Para Otaviano Canuto, diretor do Banco Mundial, algumas promessas de Trump podem ter efeito positivo para a economia norte-americana, como investimentos em infraestrutura, corte de impostos e desregulamentação no setor financeiro.
Esse conjunto de iniciativas também teria desdobramentos benignos para certos setores em nível internacional. No caso brasileiro, empresas de metais, como a Vale poderiam se beneficiar.
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Em contrapartida, o temor é que Trump adote uma política de maior protecionismo comercial, além de forçar empresas dos EUA a levar de volta para o país unidades de produção que foram transferidas para o exterior, combinação potencialmente danosa para países emergentes.
“Não há dúvida que o Trump vai chutar o pau da barraca”, para estimular a economia americana”, disse Canuto.
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