Como a Vale (VALE3) pretende produzir mais e cortar custos, sob o comando do novo CEO

Em evento em Nova York, mineradora destacou aumento da produção de minério de ferro, crescimento no cobre e foco em redução de custos operacionais

Murilo Melo

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A Vale (VALE3) apresentou ao mercado suas metas estratégicas para os próximos anos, no Vale Day 2024, evento realizado em Nova York, nesta terça-feira (3), conduzido pela primeira vez pelo novo CEO Gustavo Pimenta, que substitui Eduardo Bartolomeo após um complicado processo de sucessão. Em sua fala, ele reforçou como pilares de sua gestão o a qualidade do portfólio, o foco no resultado e a melhoria do relacionamento da companhia, e destacou o aumento da produção de minério de ferro e a redução de custos operacionais.

O evento confirmou expectativas do mercado e trouxe novos dados que refletem o posicionamento da empresa frente às dificuldades e oportunidades no setor.

Em relação ao minério de ferro, a mineradora disse que estima produzir cerca de 328 milhões de toneladas em 2024, ligeiramente abaixo das expectativas do mercado de 333 milhões, mas alinhada ao consenso. Para 2025, a produção deve variar entre 325 e 335 milhões de toneladas, em linha com o consenso de 334 milhões, mas novamente abaixo das estimativas de mercado. A previsão é de um crescimento gradual até 2030, quando a mineradora espera atingir 360 milhões de toneladas, também próximo ao consenso.

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A produção de pellets e briquetes também foi ajustada. A Vale projeta 38 milhões de toneladas para 2024, ligeiramente abaixo das expectativas de mercado e consenso, mas quer alcançar entre 60 e 70 milhões de toneladas até 2030. O mesmo padrão de ajustes foi observado no segmento de cobre, com uma produção projetada de 345 mil toneladas em 2024, abaixo das estimativas de mercado, mas acima do consenso. Para 2030, a mineradora prevê um forte crescimento, com uma produção de até 500 mil toneladas.

Já no níquel, a previsão para 2024 permanece estável em relação às estimativas do mercado, com produção esperada de 160 mil toneladas. Contudo, os números para os anos seguintes foram revisados para baixo, com destaque para a estimativa de 2030, que deve atingir entre 210 e 250 mil toneladas, abaixo das projeções de mercado de 245 mil toneladas.

Gustavo Pimenta, CEO da Vale (Foto: Reprodução/LinkedIn)

Nos custos, a Vale informou que os gastos com minério de ferro (C1 cash cost) devem permanecer próximos de US$ 22 por tonelada em 2024, alinhados às expectativas de mercado. No entanto, os custos totais (all-in costs) ficaram acima do esperado, projetados em US$ 57 por tonelada para o próximo ano.

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Por outro lado, os custos totais do níquel foram revisados para baixo, com uma expectativa de US$ 15.900 por tonelada em 2024, abaixo da média do mercado, com quedas ainda mais significativas projetadas até 2026. “Como equipe, estaremos extremamente focados em garantir que possamos acelerar, trazendo esses volumes para o mercado com o retorno adequado, no momento certo. Acreditamos que há uma oportunidade única aqui para alavancar uma infraestrutura já existente, que pode absorver esses volumes”, explicou o presidente da Vale, Gustavo Pimenta.

A previsão de investimentos (capex) da Vale foi mantida em linha com o consenso, em cerca de US$ 6,1 bilhões, mas levemente acima das estimativas de mercado de US$ 5,8 bilhões. Para 2025, o Capex deve atingir US$ 6,5 bilhões, também próximo ao consenso. “Queremos continuar sendo uma referência e evoluir como referência em segurança e excelência operacional. A excelência operacional é um pilar fundamental de nossa estratégia, e estaremos altamente focados nisso. Não seremos capazes de criar a empresa que queremos para 2030 sem um foco claro na excelência operacional”, completou Pimenta.

Caixa pesado

No evento, a Vale disse que os compromissos financeiros relacionados à tragédia de Brumadinho e ao processo de descaracterização de barragens seguem pesando no caixa da companhia. Em 2024, o desembolso estimado é de US$ 600 milhões, alinhado às previsões do mercado. Porém, valores mais elevados foram projetados para 2025 e 2026, chegando a US$ 1,3 bilhão e US$ 1,2 bilhão, respectivamente, ambos acima das estimativas anteriores.

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Os desembolsos relacionados à Samarco e à Fundação Renova também tiveram revisões. Em 2025, a Vale prevê um desembolso de US$ 2 bilhões, o dobro das estimativas de mercado. Já em 2026, o valor esperado é de US$ 1,1 bilhão, mais do que o dobro do previsto anteriormente. “Teremos um foco incremental na competitividade. Precisamos nos tornar mais competitivos e reduzir custos, e isso será uma de nossas principais prioridades. A inovação será essencial para alcançarmos esse objetivo”, disse o presidente da mineradora.

Expectativas do mercado

Antes do evento, o Itaú BBA previa que a Vale apresentasse avanços em flexibilidade operacional para ajustar a produção para fornecer minério de alta qualidade e preencher lacunas deixadas pelo esgotamento de reservas na indústria; reduzir o custo C1 para menos de US$ 20 por tonelada e o custo entregue na China para menos de US$ 50 por tonelada; e priorizar o crescimento da produção de cobre para atingir 500 mil toneladas anuais até 2028.

O Itaú também esperava que a empresa mantivesse sua meta de médio prazo para o minério de ferro e reforçasse o compromisso com uma alocação disciplinada de capital, avaliando oportunidades estratégicas em fusões e aquisições.

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Embora as metas apresentadas pela Vale tenham sido em grande parte alinhadas às expectativas do mercado, ajustes nos custos para 2026 e uma projeção mais conservadora para os prêmios de qualidade indicam dificuldades a serem enfrentadas. Ainda assim, o aumento da produção de metais básicos e a manutenção de um capex estável, segundo o BBA, reforçam a estratégia de diversificação e crescimento sustentável da mineradora.

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