Publicidade
SÃO PAULO – A quarta semana de junho foi bastante negativa para o mercado brasileiro, com os investidores ainda cautelosos em relação ao cenário político e à trajetória das taxas de juros no país. No cenário externo, o petróleo segue sendo o centro das preocupações, atingindo novo patamar recorde.
Neste contexto, a bolsa brasileira encerrou a semana em forte queda de 4,51%, devolvendo os ganhos obtidos na semana anterior. O dólar comercial, por sua vez, apresentou desvalorização de 0,34%, assim como os juros futuros, que fecharam a semana em leve queda.
Cenário interno:cautela e ata do Copom
A semana foi marcada pelo nervosismo no cenário político, com o depoimento dos envolvidos no escândalo de corrupção nos Correios à CPI. Já em relação ao caso do “mensalão”, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, reiterou as denúncias que derrubaram o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, em entrevista a um programa de TV.
Não perca a oportunidade!
No cenário econômico, a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) mostrou que o colegiado está satisfeito com a desaceleração dos núcleos inflacionários, apesar de sinalizar que os juros devem ser mantidos até que as expectativas de inflação convirjam para a meta. A expectativa do mercado é de que os juros não devem recuar antes de setembro.
Ainda sobre a inflação, o CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu na quinta-feira manter a meta de inflação para 2006 e 2007 em 4,5%. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou que a escolha considerou a trajetória de crescimento sustentável da economia e a experiência internacional.
Cenário externo: petróleo rompe barreira dos US$ 60
No cenário externo, o petróleo rompeu a barreira histórica dos US$ 60 na última quinta-feira, atingindo a sua maior cotação desde o início da negociação dos contratos na Bolsa de Nova York, em 1983. Além de impulsionar a inflação, o fato eleva a estrutura de custos das empresas e pressiona os gastos dos consumidores.
Continua depois da publicidade
Ainda assim, a expectativa na Europa é de que o BCE (Banco Central Europeu) reduza o juro básico da zona do euro em sua próxima reunião. Os indicativos de desaceleração econômica da região e o andamento da política monetária no Reino Unido e na Suécia apontam para uma política de juros mais expansionista.
Já nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Alan Greenspan, e o secretário do Tesouro, John Snow, voltaram a pedir a aceleração da flexibilização cambial na China, em discurso feito ao Senado. No entanto, ambos fizeram questão de destacar sua posição contrária em relação a qualquer medida punitiva para as importações chinesas, em defesa do livre comércio.
Ibovespa devolve ganhos da semana passada
O dólar comercial encerrou a semana próximo à estabilidade, com leve queda de 0,34%, sendo cotado a R$ 2,379 no fechamento desta sexta-feira, quando acabou encerrando com desvalorização de 0,83%. Os investidores estiveram atentos ao cenário político e à captação realizada pelo Tesouro Nacional na segunda-feira.
No mercado de juros futuros, o contrato futuro com vencimento em janeiro de 2007, que apresenta maior liquidez, projetou taxa de 17,65% na sexta-feira, frente a uma taxa de 17,66% no encerramento da semana anterior. Já a taxa anual do CDB pré-fixado de 30 dias fechou a 19,72%, pouco abaixo da taxa de 19,79% da semana anterior.
Finalmente, o Ibovespa, principal índice da bolsa paulista, encerrou a semana em forte queda de 4,51%, sendo cotado a 24.917 pontos. O índice encerrou recuou em quatro das cinco sessões realizadas durante a semana.
Cenário politico e reunião do Fed
Na última semana do primeiro semestre, a atenção dos investidores deve continuar voltada para o cenário político, com o desenrolar da CPI dos Correios e à espera de novos detalhes do “mensalão”. O petróleo também deve seguir sob o foco.
Continua depois da publicidade
Nos Estados Unidos, o Fed irá decidir na quinta-feira a nova taxa básica de juro da economia norte-americana. A expectativa do mercado é de que os Fed Funds sejam elevados em 0,25 ponto percentual, para 3,25% ao ano.