Com juros e calor elevados, qual varejista de moda está em promoção na Bolsa?

Concorrência acirrada com players internacionais e cenário macroeconômico desafiador desafiam varejistas de moda

Camille Bocanegra

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Dentre os muitos desafios que as principais varejistas de moda têm enfrentado, o clima se tornou novamente um problema. De acordo com análise realizada pelo Research da XP, as temperaturas mais altas podem ter comprometido vendas do Dia das Mães.

O fenômeno La Niña também pode garantir tanto inverno com temperaturas acima da média em junho e em julho, quanto menos calor no verão de 2024/25. Além disso, a equipe de análise de varejo da corretora sustenta que a dinâmica macroeconômica se deteriorou no Brasil.

A visão da XP, portanto, é cautelosa para o setor, considerando também a queda na confiança de consumidores.

“Na nossa opinião, as recentes tendências e previsões climáticas devem ser um obstáculo para as tendências de crescimento e margens do segundo trimestre. Assim, acreditamos que as empresas menos dependentes do clima devem ter um desempenho melhor, enquanto preferimos a CEAB, entre as empresas de média renda, já que suas iniciativas internas em curso devem ajudar a mitigar parte desses efeitos”, aponta o time de Daniela Eiger.

A revisão do posicionamento sobre o setor recentemente fez com que casa alterasse sua recomendação para Lojas Renner (LREN3) de compra para neutro, com corte de preço alvo.

Qual a melhor ação de varejista de moda?

Os números das varejistas de moda que destacam no setor, como Lojas Renner (LREN3), Grupo Soma (SOMA3), Arezzo (ARZZ3), Guararapes (GUAR3) e C&A Modas (CEAB3), também não se apresentam como os mais vantajosos para investidores.

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Dessa forma, na análise sobre qual é a melhor varejista de moda, outros fatores devem ser considerados, como dividendos e os fundamentos de cada nome. Ainda assim, a maioria dos papéis pode ser considerado caro, ao analisarmos o preço sobre o lucro.

Dentre elas, apenas a Soma apresenta relação favorável, com 2,70 vezes negativos. A companhia também é a mais barata ao considerar o valor da companhia sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/EBITDA), em 7,36 vezes a relação entre as métricas.

Na análise do preço sobre o valor patrimonial, a Guararapes se junta à Soma como melhores escolhas, com 0,67 e 0,77 vezes respectivamente.

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Um dos fatores que explica o caso do Grupo Soma é o segmento principal que atua, ainda que detenha marcas menos identificadas com mercado de luxo, como a Hering.

“Varejistas de moda voltadas para o público A/B, como Arezzo e Soma, possuem menor dependência de crédito e um maior poder de repasse de preços do que varejistas como Renner, C&A e Riachuelo”, pontua Caroline Sanchez, analista da Levante Inside Corp.

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Mesmo com mais vantagens, a Arezzo, nas métricas analisadas, poderia ser considerada um papel mais caro, com relação P/VPA de 1,83x e negociando a 13,17 vezes o preço sobre o lucro.

No entanto, a companhia se destaca como a maior distribuidora de dividendos do segmento, com taxa de retorno em dividendos (dividend yield, em inglês) de 5,5%.

Fusão

Vale destacar que as duas companhias caminham para a união entre os negócios. A varejista de calçados logo deve ser identificada pelo nome “Azzas 2154”.

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Com a conclusão da operação, o Grupo Soma será extinto e seus acionistas passarão a ter participação direta na Arezzo&Co. A Azzas 2154 assumirá todos os direitos e obrigações do Grupo Soma.

Concorrência entre varejistas de moda

Para as companhias que lidam com segmentos de classe média, o forte aumento da competição tem tirado o sono.

Ainda que a aprovação da “taxação das blusinhas”, que prevê cobrança de imposto de 20% sobre importações superiores a US$ 50, seja iminente, as varejistas ainda têm o que temer.

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A recém chegada Temu deve se unir à Shein e Shopee para competir com as varejistas locais, segundo Caroline.

Temperatura e endividamento

A analista também ressalta que o clima desfavorável justamente no período de inverno pode impactar não somente pelo risco de vendas menores, mas também pela falta de aquisição de itens com tickets mais altos, como casacos e botas.

Na perspectiva macro, o endividamento das famílias ainda segue elevado e, portanto, impacta o consumo de bens discricionários.

De acordo com indicador de varejo da Cielo (ICVA), por exemplo, as vendas em maio ficaram estáveis na comparação com o mesmo período do ano passado.

Confira análise fundamentalista das varejistas de moda da Bolsa:

EmpresaPreço / LucroEV / EBITDAPreço / VPADividend Yield
Grupo Soma (SOMA3)-2,707,360,771,8%
Lojas Renner (LREN3)11,509,661,225,3%
Arezzo (ARZZ3)13,1711,061,835,5%
C&A Modas (CEAB3)14,957,990,970,0%
Guararapes (GUAR3)140,488,150,671,8%
Fonte: Investing.com, dados obtidos em 11 de junho de 2024

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