Com intervenção no Cruzeiro do Sul, analistas divergem sobre impactos no setor

Se houver crise de crédito interbancário BC poderá atuar no mercado para garantir liquidez, diz operador de mercado

Graziele Oliveira

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SÃO PAULO – A intervenção do Banco Central no Cruzeiro do Sul (CZRS3), comunicada nesta manhã, estremeceu o mercado e já traz fortes efeitos para os investidores do banco. E para aqueles que aplicam nos pares de mercado do Cruzeiro do Sul, há com o que se preocupar? A opnião sobre o assunto entre os analistas é divergente.

“O banco é muito pequeno e a realidade dele é muito diferente dos demais bancos médios”, disse um analista de um grande banco internacional que não quis se indentificar. Vale lembrar que as ações do Banco Cruzeiro do Sul estão suspensas para negociação a partir deste pregão, divulgou o BC em nota.

Na outra ponta, Flávio Combat, economista-chefe da Concórdia Corretora, acredita que um impacto nas ações dos demais bancos de médio porte é algo certo. “É uma possibilidade concreta, pois diz que o mercado não traz boas codições para as intiuições pequenas. Acho que sim, haverá uma contaminação e a preocupação com as instituições financeiras vai aumentar e trará reflexos no mercado”, crava.

Coincidência ou não, os ativos do ABC Brasil (ABCB4), por volta de 12h (horário de Brasília), apotavam queda de 0,74%, do Bic Banco (BICB4) de 4,21%, do Daycoval (DAYC4) de 1,88%, do Banco Indusval (IDVL4) de 4,44% e do Banco Banrisul (BRSR6) de 2,89%. “Esses bancos ja vinham enfrentando problemas de crédito aqui dentro, tanto que o próprio Cruzeiro do Sul vinha captando muito lá fora. O que vai acontecer é que o mercado vai se tornar mais seletivo para essas instituições, mas vale separar caso a caso entre aquelas que estão voltadas mais para o mercado externo e as que estão voltadas para o mercado interno”, conclui Combat.

Se agravar, o BC pode atuar
Em caso de um agravamento no cenário, o que não é vislumbrado pelos especialistas, é possível estimar algumas possíveis formas de intervenção do BC para garantir o crédito interbancário.

“O que eu vejo é que o problema do Cruzeiro do Sul não é um problema recente, é algo que vem desde 2008. A gente vê alguns bancos menores podendo até sofrer, mas é muito generalista dizer que teremos uma redução do crédito interbancario”, diz um operador de mesa que não quis de identificar.

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Segundo ele, os bancos menores podem eventualmente sofrer algum tipo de desconforto na oferta de crédito, o que não deverá afetar as grandes instituições. “O BC nao deverá tomar nenhum tipo de atitude porque liquidez flui normalmente. O que ele pode fazer é uma ação para o sistema em geral, como reduzir o compulsório de algumas linhas de crédito e fazer empréstimos ponte, que são os empréstimos diretos do BC para os bancos, o que não é usual. Mas é dfícil acontecer isso, dado o pequeno porte do banco”, conclui o operador.