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SÃO PAULO – Acima do nível de R$ 5,40 desde fevereiro, o dólar iniciou um movimento de queda no início de maio ao perder esse patamar, acelerando o recuo desde o dia 21 de maio e caminhando para a marca dos R$ 5,00.
Desde o dia 21 de maio, a moeda americana já perdeu 4,97% de valor contra o real e se encontra em seus menores preços desde dezembro de 2020. O movimento ganhou força após a divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre no Brasil, que ficou melhor que o esperado. Apesar disso, os investidores seguem em dúvida sobre a sustentação desse câmbio ou se há espaço para mais quedas.
Mesmo sendo uma queda que já vinha desde a semana passada, foi apenas nesta terça que realmente chamou atenção por conta da quebra da barreira dos R$ 5,20, que também era a mínima de 2021. Com isso, o real foi o grande destaque positivo nos mercados globais de câmbio ontem.
Isso se deu após o PIB mostrar crescimento de 1,2% entre janeiro e março, marcando o terceiro trimestre seguido de alta e acima do esperado pelo mercado, o que alimenta perspectivas melhores em vários lados da atividade, do fluxo cambial aos números fiscais.
“É um dia importante para o real brasileiro, com o dólar caindo abaixo da linha crítica de R$ 5,20 pela primeira vez em 2021!”, comentou Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), no Twitter.
Brooks vê o real ainda em patamar “extremamente desvalorizado”, uma vez que, segundo ele, a moeda se recuperou com a forte alta dos preços das commodities. O valor “justo” de taxa de câmbio em seu cálculo é de R$ 4,50 por dólar.
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Além do rali das commodities, analistas já estavam apontando para um cenário mais positivo para o Brasil, dependendo apenas de dados e propostas mais concretas tanto do lado econômico, mas especialmente na questão fiscal. Outro ponto importante é o ajuste na política monetária.
“Há sinais ainda discretos de retomada da atividade econômica no Brasil — o PIB do 1º trimestre aponta nesta direção — e, com o novo perfil de atuação do BC, fazendo a correção da taxa de juros, compatibilizando-a com a realidade brasileira e aos parâmetros inflacionários presentes, o preço do dólar começa a devolver a exacerbação havida na formação do seu preço”, disse em nota Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Após o PIB mostrar números mais fortes, especialistas começaram a ressaltar que agora a economia parece dar sinais mais firmes de ganho de tração, com expectativa de ainda mais fôlego no segundo semestre conforme a vacinação mais ampla deverá permitir uma reabertura mais rápida e ampla da atividade.
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Na terça, o Bank of America reduziu sua projeção para o dólar de R$ 5,40 para R$ 5,20 no fim deste ano, citando a perspectiva de crescimento mais positiva da economia em 2021 – que o banco também revisou ontem -, um ambiente de preços elevados de commodities e a esperada trajetória de alta da Selic.
Já o BNP Paribas se diz “otimista” com o real, esperando um dólar na casa de R$ 5,00 em dezembro. Para os analistas, essa melhora se dá pela perspectiva de que a economia brasileira vai acelerar, além de uma normalização dos juros que devolva a taxa de retorno do real (“carry”) a níveis “competitivos”.
A XP Asset, por sua vez, afirma que há um cenário favorável para o real “como há tempos não se via”, puxado por uma queda do prêmio de risco diante da melhor perspectiva fiscal, maior crescimento econômico e juros mais altos.
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“Todos os drivers apontam para um fluxo cambial mais favorável”, disse Fernando Genta, economista-chefe da XP Asset Management, em uma live. A gestora agora trabalha com um dólar em torno de R$ 5,20 para o fim do ano, mas podendo, em cenário alternativos, cair para R$ 5,00 ou até R$ 4,90.
Para a gestora, o otimismo com o país cresceu após os dados econômicos mais recentes, o que levou a uma nova projeção para o PIB de 2021 entre 5% e 5,5%. “Teremos um segundo trimestre ainda um pouco desafiador, mas com o andar da vacinação, vamos ter uma reabertura e o setor de serviços deve ser beneficiado”, disse o economista.
Apesar da onda de otimismo, Nehme, da NGO, aponta que vários riscos continuam no radar: “o sentimento é de que o país deseja ‘viver o momento presente’ sem os temores do que está por vir, como a probabilidade de termos uma terceira onda da pandemia de coronavírus, ou mesmo uma crise hídrica, que teria forte impacto na atividade econômica”, afirma ele, também alertando para a chance de valorização internacional do dólar no caso de uma política monetária mais dura nos EUA.
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“Mesmo o cenário político brasileiro (…) parece ter consideração menor do mercado financeiro neste momento. As vulnerabilidades continuam no radar e é temerário não considerá-las como factíveis”, completa.
Mesmo assim, diante dessa melhora de cenário, o dólar agora pode entrar em uma nova tendência. Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, o mercado monitora a possibilidade do câmbio reverter a tendência de alta de longo prazo caso consiga realmente se fixar abaixo da marca de R$ 5,187.
Nesta quarta-feira (2), a moeda americana, às 16h (horário de Brasília) tinha queda de 1,29%, cotada a R$ 5,079 na compra e R$ 5,08 na venda, caminhando para seu menor fechamento desde 17 de dezembro, quando estava nos mesmos R$ 5,079.
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