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SÃO PAULO – Entre tantas idas e vindas sobre o processo de privatização da Eletrobras (ELET3;ELET6) em meio a resistências no Congresso, o que esperar para as ações da companhia e para o operacional dela?
Recentemente, o Bank of America e o Credit Suisse trouxeram luz ao cenário para a companhia de energia – nos cenários sem ou com privatização da estatal.
Na última sexta-feira, o BofA reiniciou a cobertura para as ações ON da Eletrobras (ELET3), com recomendação de compra um preço-alvo de R$ 47, o que corresponde a um potencial de valorização de 47% em relação ao fechamento da ação na sexta-feira, de R$ 32,07.
Para a os papéis PN (ELET6), o preço-alvo é de R$ 51, o que corresponde a um potencial de valorização de 58% em relação ao valor de fechamento da sexta, de R$ 32,31: “nós preferimos ELET6 em relação à ELET3 dado o prêmio pelos dividendos”, afirma o BofA.
Segundo os analistas do banco, deixar para trás as estratégias feitas no passado permitiu a mudança no case de investimentos da estatal. “Embora o resgate (total) da companhia dependa de uma privatização ainda incerta, vemos as ações sendo negociadas a um valuation atrativo, mesmo em cenários conservadores da empresa ainda como estatal”, avalia o banco.
Além do cenário-base do banco, com a ação a R$ 47 para ELET3, há outros dois cenários: o otimista e o pessimista. Caso a empresa seja privatizada, os analistas veem um potencial de valorização de 72% para o ativo. Já no cenário pessimista – caso a empresa volte para o “limbo” e se torne de novo ineficiente – as projeções para a companhia caem muito, mas os analistas ainda veem um upside de 7% para a ação.
Os analistas ressaltam que o case de investimento em Eletrobras sofreu uma reviravolta quando a administração anterior (do presidente Michel Temer) nomeou uma nova gestão em 2016. “Desde então, a nova gestão liderada pelo executivo Wilson Ferreira Júnior foi implementando custos significativos – redução de R$ 6 bilhões e desinvestimento de ativos (trazendo alavancagem para 2 vezes a relação entre dívida líquida e o Ebitda no segundo trimestre versus 8,5 vezes máximo de 2016). O objetivo da gestão é transformar a Eletrobras em uma empresa de gestão privada”, aponta o BofA.
O caso-base não considera privatização, mas assume que as iniciativas de eficiência implementadas pela nova gestão desde 2016 irão continuar. Os analistas ressaltam que, nos últimos quatro anos, a Eletrobras reduziu as despesas gerenciáveis em R$ 3 bilhões ao ano refletindo principalmente o corte de 51% na força de trabalho (22.205 funcionários em 2015 para 12.552 funcionários no segundo trimestre de 2020), e a redução nos custos de geração e transmissão. “No total, estimamos que as iniciativas já implementadas representem R$ 15 bilhões de valor presente líquido em economias”, afirmam os analistas.
Para o BofA, ainda há mais espaço para corte de custos. Na estimativa dos analistas, a Eletrobras poderia reduzir os custos em mais R$ 3 bilhões ao ano.
O Credit Suisse também ressalta preferência pela ELET6 em relação à ELET3, mantendo recomendação neutra para os ativos ordinários e outperform (exposição acima da média do mercado) para PNA. O banco suíço reduziu o preço-alvo para os dois ativos, passando de R$ 45,90 para R$ 36,90 por papel ELET3 e de R$ 50,30 para R$ 40,20 para os ativos PNA. A estimativa é de um potencial de valorização de 25% para os ativos PNA e 15% para as ações ON, mais conservadora em relação ao BofA.
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“Nós acreditamos que 2021 virá com longas discussões sobre o processo em potencial de privatização, já que o projeto de lei referente a essa privatização ainda precisa ser analisado para a definição do novo pagamento das taxas de concessão, novos níveis de preços e fundos setoriais aos quais a Eletrobras terá que contribuir se for privatizada”, ressaltam os analistas do banco suíço.
Nesse ínterim, o Credit reforça a avaliação de que a Eletrobras deverá entregar cortes de custos com o programa de demissões em andamento, enquanto a revisão tarifária deve contribuir para os resultados das principais linhas da transmissão. Na análise, o Credit também ressalta que a privatização não está nos números da companhia.
Mas algumas preocupações estão no radar, que são: empréstimo compulsório, privatização e alocação de capital. Eles também apontam que a estratégia de alocação de capital também é impactada por novos investimentos em potencial em projetos centrais visto que o investimento e o retorno para tais projetos ainda são incertos.
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