Com 3 ações saltando mais de 100%, confira as maiores altas e baixas do Ibovespa em 2023 e o que esperar para 2024

Yduqs, CSN Mineração e Ultrapar dobraram de valor, enquanto Petrobras PN também subiu forte; BHIA3 foi o destaque negativo

Lara Rizério

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Em um ano bastante positivo para o Ibovespa, com alta de 22,28%, diversas ações tiveram ganhos bastante expressivos no período, com três delas subindo mais de 100% no acumulado do ano: Yduqs (YDUQ3), CSN Mineração (CMIN3) e Ultrapar (UGPA3); Petrobras PN (PETR4) também se destacou entre os maiores ganhos.

Já o destaque de queda ficou para Casas Bahia (BHIA3), com baixa de cerca de 80%, em um ano desafiador para as varejistas. Confira os destaques de alta e baixa do Ibovespa em 2023 e o que esperar para 2024:

Maiores altas de 2023

Yduqs (YDUQ3): +123,18%

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Resultados bastante positivos e uma sequência de elevação de recomendações, assim como tendências de bons números para 2024 impulsionaram as ações da Yduqs em 2023.

No fim de novembro, o JPMorgan elevou a recomendação para os ativos de neutro para equivalente à compra, destacando melhoria na geração do fluxo de caixa e as boas perspectivas para o quarto trimestre, em especial considerando que esses pontos deveriam reduzir preocupações sobre o aumento do uso de DIS (empréstimos para os primeiros meses de mensalidade).

De acordo com compilação LSEG, a maior parte dos analistas de mercado tem visão positiva para os ativos YDUQ3, com sete recomendações de compra e duas recomendações neutras. Também olhando para o próximo ano, o Santander destaca a Yduqs como uma de suas preferências para o setor de educação ao lado de Anima (ANIM3). A Yduqs, na visão dos analistas do Santander, tem um perfil resiliente, com forte dinâmica operacional de curto prazo.

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Para o setor em geral, o banco espera que o segmento EAD continue impulsionando o crescimento do segmento de ensino superior no Brasil. Além disso, o segmento premium (cursos de medicina) também deverá se beneficiar de quase 100% de utilização da capacidade, o que impulsiona o poder de precificação. No segmento presencial, espera que o recente ambiente competitivo racional prevalecer, à medida que as empresas racionalizavam a infraestrutura. O banco pondera ao não esperar que um novo FIES seja uma virada de jogo no curto prazo e vê que o segmento EAD poderá sofrer em meio a importantes discussões regulatórias.

CSN Mineração (CMIN3): +118,84%

O rali do minério de ferro nos últimos meses de 2023, o bom pagamento de dividendos, o lucro em alta e as boas perspectivas de produção e demanda guiaram um ano bastante positivo para a CSN Mineração.

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Em setembro, o Morgan Stanley elevou a recomendação dos ativos CMIN3 de equivalente a neutro para compra, reiterando a visão no fim do ano com as perspectivas positivas de curto prazo para o minério de ferro.

Para 2024, analistas estão divididos, conforme aponta o consenso LSEG, com oito das quinze casas que cobrem o papel com recomendação neutra, enquanto cinco possuem recomendação de compra e duas de venda.

O BTG Pactual tem recomendação neutra para as ações CMIN3, assim como de sua holding CSN (CSNA3), reiterando a visão cautelosa neste fim de ano, devido a preocupações com alocação de capital, bem como à falta de visibilidade operacional tanto para suas unidades de minério de ferro quanto de siderurgia.

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“A CMIN3 tem enfrentado alguns reveses no desempenho operacional e na entrega de crescimento desde o IPO, embora 2023 tenha superado as expectativas (o desempenho mais forte recentemente é impressionante). A CSN, por outro lado, tem estado ativa numa agenda de crescimento em evolução, com a alavancagem se desviando bastante dos seus pares, o que acreditamos aumentar a percepção de risco”, apontou. A XP também tem recomendação neutra para CMIN3, com uma visão cautelosa sobre os preços do minério de ferro.

Ultrapar (UGPA3): +114,66%

Forte avanço nos lucros e a continuidade do processo de turnaround (virada) levaram à disparada das ações da Ultrapar em 2023.

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A dona da Ipiranga começou um processo de mudança em 2021, com foco especial na rede de combustíveis, de modo a recuperar as margens. A companhia trocou de CEO, com a chegada de Marcos Lutz – que fica no cargo até abril de 2025.

Para a companhia, o Bradesco BBI vê um bom trabalho do grupo na Ipiranga, melhorando o retorno do negócio de distribuição de combustíveis. Além disso, o Bradesco BBI ressalta a surpresa nas margens do negócio de GLP da Ultrapar, que dobraram.

De doze casas que cobrem o papel, segundo o consenso LSEG, três têm recomendação de compra, sete de manutenção e duas de venda.

Cyrela (CYRE3): +93,51%

Em um ano de recuperação para grande parte das construtoras da Bolsa, as ações da Cyrela se destacaram no setor entre as maiores altas do período. A perspectiva de queda de juros (que se concretizou em agosto com o início do ciclo de queda da Selic) e a resiliência dos dados operacionais da companhia guiaram os ganhos.

No fim de 2023, algumas casas reiteraram preferência pela Cyrela entre as empresas de construção civil. “Cyrela é nossa principal escolha no setor, refletindo sua exposição relativamente maior ao segmento de renda média e alta, com execução de prêmios durante 2023 e possibilidade de alta para 2024 se a Selic cair mais rápido do que o esperado – nossos economistas esperam que a Selic termine 2024 em 9,5% versus consenso do Focus em 9,25%”, avaliou o JPMorgan em relatório de dezembro.

A XP também tem visão positiva para os ativos. “Vemos a Cyrela como o nome mais líquido em nossa cobertura e bem-posicionado em relação aos pares do setor, considerando (i) uma sólida posição de alavancagem financeira; e (ii) desempenho robusto de venda líquidas em comparação com os principais pares do setor. Portanto, mantemos uma visão positiva em relação ao papel, mantendo a Cyrela como nossa preferência no segmento de média/alta renda”, aponta a casa. Segundo compilação LSEG, de treze casas que cobrem o papel, nove recomendam compra, três recomendam manutenção e só uma tem visão negativa recomendando venda.

Petrobras (PETR4): +94,44%

O primeiro ano do Lula III foi de fortes ganhos para a Petrobras, ainda que analistas tenham visto o aumento na percepção de risco para a companhia. A visão para a estatal ficou mais positiva após um primeiro semestre considerado pouco intervencionista na estatal – dirimindo os temores do mercado durante as eleições de outubro de 2022 sobre o governo petista.

No segundo semestre, contudo, as mudanças no estatuto abrindo espaço para nomeações políticas para a estatal e possível restrição de dividendos levou a uma volatilidade para os ativos. Além disso, foi divulgado o plano de cinco anos para a estatal marcando uma mudança estratégica, enfatizando o crescimento (também via fusões e aquisições) além de seu principal negócio, após anos de desinvestimentos e foco no segmento exploração e produção, levando a dúvidas sobre o pagamento de dividendos e investimentos em áreas não tão rentáveis para a companhia.

Assim, as recomendações para 2024 estão divididas: de acordo com compilação LSEG, de onze casas que cobrem o ativo PETR4, cinco recomendam compra e seis manutenção. Em relatório, o BTG apontou que, desde o início de 2023, houve mudanças em quase todos os principais pilares da tese de investimento de Petrobras. A empresa modificou sua política de preços de combustíveis, reduziu o pagamento de dividendos (de 60% para 45% do fluxo de caixa menos capex), propôs a criação de reservas de capital (permitindo maior retenção de lucros) e aumentou seu limite de investimento.

“Continuamos a ver estes pontos como movimentos na ‘direção errada’, começando potencialmente a diminuir a eficiência da empresa e aumentar o seu custo caixa de equilíbrio. Entretanto, ainda existem razões para acreditar que a empresa irá gerar mais caixa do que o mercado espera, impulsionada por uma produção superior ao esperado, investimentos mais baixos e mecanismos robustos de governança corporativa. Mesmo que algumas fusões e aquisições sejam realizadas, não acreditamos que comprometam a capacidade da empresa de distribuir dividendos atraentes. Enquanto a dinâmica persistir, a Petrobras continuará a ser uma atraente história de geração de dividendos”, reforçou, seguindo com recomendação de compra para o papel.

Confira as maiores altas do Ibovespa em 2023:

EmpresaTickerPreçoVariação percentual
YduqsYDUQ3R$ 22,42+123,18%
CSN MineraçãoCMIN3R$ 7,83+118,84%
UltraparUGPA3R$ 26,51+114,66%
Petrobras PNPETR4R$ 37,24+94,44%
CyrelaCYRE3R$ 24,08+93,51%

Maiores baixas de 2023

Casas Bahia (BHIA3): -81,03%

O ano de 2023 foi bastante difícil para as ações das Casas Bahia. A varejista passou por sucessivos prejuízos, endividamento alto (agravado pelos juros básicos, ou Selic, ainda altos em 2023) e caiu forte em um contexto de incertezas quanto à capacidade da companhia em resolver seus problemas internos e voltar a crescer com rentabilidade.

Conforme destaca o BB Investimentos, a companhia já tinha dado uma sinalização negativa aos minoritários acerca da sua situação financeira a partir da conclusão da oferta subsequente de ações (follow on) em setembro, ocasião na qual aceitou um desconto de quase 60% sobre o preço pré-follow on para uma ação que já estava muito descontada. Além disso, a companhia passou por duas vezes em 2023 por votação de credores para vencimento antecipado de dívidas, o que agravaria a sua situação de liquidez, mas a antecipação não ocorreu.

Para 2024, analistas seguem cautelosos com o ativo BHIA3. Logo após o grupamento, a XP reiterou recomendação neutra e preço-alvo de R$ 17,70 por ação, uma vez que vê desafios a serem enfrentados pela companhia como i) ambiente competitivo acirrado; ii) taxas de juros ainda elevadas e poder de compra comprimido; e iii) riscos de execução no plano de transformação da companhia.

De 12 casas que cobrem o papel BHIA3, segundo compilação LSEG, 8 recomendam manutenção e 4 recomendam venda.

GPA (PCAR3): -75,42%

As ações da rede de supermercados GPA também registraram fortes quedas no ano, também com os investidores de olho nos desafios da companhia e na sua alavancagem. A companhia passou por um novo spin-off depois de ter feito a do Assaí (ASAI3) em 2021, desta vez envolvendo o Grupo Éxito (EXCO32), em agosto de 2023.

Logo após a cisão, diversas casas rebaixaram a recomendação ou estimativas do GPA, apontando que a empresa passa por um momento desafiador de lucros. “A rentabilidade abaixo do ideal da empresa e os resultados financeiros pressionados devido à elevada alavancagem financeira deverão continuar pesando sobre as ações no curto prazo”, apontou o Santander na ocasião, quando cortou a recomendação para os ativos de compra para neutro. No fim do ano, as ações ainda foram pressionadas pelo anúncio de estudos para uma possível oferta de ações de R$ 1 bilhão.

Olhando para frente, o cenário segue de cautela: de acordo com consenso LSEG, somente duas casas recomendam compra para PCAR3, oito possuem recomendação neutra e uma de venda.

A Genial Investimentos, por sua vez, recomenda compra para os papéis. Em último relatório, os analistas destacam o Investor Day realizado no início de dezembro, avaliando que o GPA reforçou seu compromisso com a desalavancagem e que a combinação entre as melhorias operacionais que vem sendo implementadas – impulsionando a geração de caixa operacional – e a venda de ativos non-core (Sede e Postos de Gasolina) deve impulsionar o processo de desalavancagem ao longo de 2024.

A companhia reforçou o guidance para 2024 de margem Ebitda ajustada (pós-IFRS16) entre 8% e 9%. Como alavancas para a continuidade dos ganhos em 2024, os executivos citaram (i) adoção de novo modelo de estratégia promocional, visando melhorar a eficiência, (ii) continuação da redução da quebra; (iii) diluição de custos fixos com aumento de vendas; e (iv) 2ª onda do Orçamento Base Zero.

Para quem tem visão cautelosa, desafios para melhora de margens e de redução de alavancagem seguem no radar.

Minerva (BEEF3): -38,88%

As ações da Minerva se destacaram como as maiores quedas do Ibovespa entre os frigoríficos em um ano complicado para o setor. Boa parte da visão de maior risco para os papéis ocorreu após Minerva e Marfrig (MRFG3) terem celebrado, no fim de agosto, um acordo para negociação de 16 plantas de abate na América do Sul, sendo a maior parte delas (11) no Brasil.

A Minerva pagará R$ 7,5 bilhões ao todo pela aquisição e se tornará o principal player totalmente focado em carne bovina do continente. O fechamento da operação está previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2024 (1S24) e a imediata elevação do endividamento da companhia foi preponderante na reação do mercado, com as ações BEEF3 acumulando forte queda desde o anúncio da transação.

De acordo com compilação feita pela LSEG, porém, a maior parte das casas de análise está com visão positiva, com nove recomendações de compra e uma neutra.

Em dezembro, o Santander cortou a recomendação de Minerva de compra para neutro. Para os analistas, embora a compra dos ativos de abate de bovinos e ovinos da Marfrig tenha elevado sua capacidade operacional, a Minerva deve sentir os efeitos da operação sobre sua alavancagem, que alcança 2,9 vezes ao final de 2024, enquanto as exportações de carne sofrem com a menor demanda da China e um número cada vez maior de países se colocando no mercado internacional. O BofA também reiterou recomendação neutra para os ativos BEEF3, de olho na alavancagem, enquanto não vê o valuation como atrativo.

Petz (PETZ3): -36,74%

As ações da Petz caíram forte em 2023 em um ano desafiador para o setor varejista no geral e nem mesmo os rumores em agosto sobre uma fusão com a Cobasi animaram os investidores. A visão mais conservadora sobre a demanda por produtos pets discricionários e o crescimento inferior ao esperado das lojas físicas da Petz levaram a uma queda dos ativos durante o ano. Em teleconferência sobre os resultados do terceiro trimestre, no começo de novembro, Sergio Zimerman, CEO da rede de pet shops listada na Bolsa, pontuou as dificuldades do cenário econômico e os impactos da situação para o setor varejista, especialmente o voltado ao seu segmento de atuação. “Vamos aceitar que o mercado arrefeceu e controlar as variáveis que conseguimos controlar”.

Para 2024, os analistas estão divididos: de quatorze casas que cobrem o ativo, segundo o consenso LSEG, sete possuem compra e sete manutenção para o papel.

A XP, que em dezembro fez reunião com executivos da companhia, manteve recomendação de compra para o ativo. Para o próximo ano, os executivos destacaram que: i) a empresa está focada em equilibrar crescimento e rentabilidade; ii) o canal digital está sendo ajustado para suportar um modelo mais rentável; iii) marca própria em destaque; iv) trabalhando em uma abordagem competitiva mais personalizada; v) Expansão focada em adicionar capilaridade.

Alpargatas (ALPA4): -32,89%

Durante diversos trimestres, as ações das Alpargatas passaram a reagir muito negativamente à maioria dos resultados divulgados. Em agosto, o JPMorgan cortou a recomendação dos papéis de overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro.

Os analistas destacaram que as marcas Havaianas ainda apresentam grandes oportunidades nos mercados internacionais, enquanto seu negócio local deve ser uma “vaca leiteira” para apoiar suas ambições globais, com oportunidades incrementais para ir além dos chinelos e melhorar sua base premium no mercado interno. Contudo, apontaram que os processos internos da Alpargatas não eram bem coordenados, com a fábrica operando de forma um tanto independente do departamento comercial, enquanto a comunicação entre ambos também era ruim. Na ocasião, apontaram que os ajustes necessários iriam demorar mais do que o esperado.

No fim do ano, o Conselho de Administração elegeu Liel Miranda, ex-CEO da Mondelez Brasil, para ocupar a posição de presidente da companhia, uma medida que foi considerada positiva, ainda que esperada. Segundo o Citi, a Alpargatas não só precisa reduzir seu portfólio de produtos complexo, mas também precisa revisar estruturalmente seu planejamento de vendas e operações, entre outras ações. Citi, Bradesco BBI e JPMorgan possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos. De acordo com consenso LSEG, de quatro casas que cobrem os ativos, três recomendam manutenção e uma compra.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em 2023:

EmpresaTickerPreçoVariação percentual
Casas BahiaBHIA3R$ 11,38-81,03%
GPAPCAR3R$ 4,06-75,42%
MinervaBEEF3R$ 7,47-38,88%
PetzPETZ3R$ 3,95-36,74%
AlpargatasALPA4R$ 10,12-32,89%

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.