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Na sexta-feira, 2, o valor de mercado do Nubank (NYSE: NU; BDR: ROXO34) ficou atrás do Itaú Unibanco (ITUB4) no fechamento dos mercados dos Estados Unidos e do Brasil. Foi a primeira vez que as posições se inverteram desde o começo de junho, tirando da fintech o posto de instituição financeira mais valiosa da América Latina, ao menos temporariamente.
As ações do Nubank caíram 5,2% na Bolsa de Nova York na sexta-feira após o UBS BB reduzir a recomendação das ações da fintech de compra para neutra. Foi a segunda redução em duas semanas, após o JPMorgan realizar movimento similar. Os dois bancos elencaram um mesmo motivo para deixar de recomendar a compra do papel: o pouco espaço para valorização.
“Acreditamos que a avaliação de mercado de US$ 57 bilhões (número de quinta-feira, 1º) precifica todas as atuais iniciativas”, afirmou o analista Thiago Batista, do UBS BB, em relatório enviado a clientes. Na visão dele, mesmo que novos produtos ou uma possível expansão para mais países abram espaço para novas altas, os resultados efetivos destes movimentos levarão algum tempo para aparecer.
No relatório divulgado em julho, Yuri Fernandes, do JPMorgan, afirmou que o espaço para que o Nubank cresça no segmento de baixa renda no Brasil tem ficado menor, o que reduz as opções para a fintech. “Crescer na média ou na alta renda será necessário para sustentar a expansão, ou poderíamos ver o Nubank continuando a ganhar mercado na baixa renda (o que arriscado, mas possível)”, disse ele.
Neste ano, as ações do Nubank sobem quase 31% em Nova York. Nos últimos 30 dias, porém, caem cerca de 12%, diante tanto das reduções de recomendação quanto de uma percepção desfavorável sobre os índices de inadimplência da carteira, outro ponto que tem sido ressaltado por analistas de mercado.
Olho nos atrasos
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Na quinta-feira, 1, a divulgação pelo Banco Central dos dados das instituições financeiras referentes a maio levou a uma queda de 5% nas ações da fintech. A pressão veio da carteira classificada com as notas de crédito mais baixas, de E a H, que passou a representar 10,2% da carteira total do Nubank, contra 9,7% em maio. O crescimento do índice ampliou temores de que as provisões subam, e que o ritmo de alta da carteira caia.
“Acreditamos que os participantes de mercado vão monitorar muito de perto a evolução da qualidade dos ativos do Nubank, bem como de que forma o crescimento da carteira de crédito vai evoluir nos próximos meses e trimestres”, afirmou o analista Gustavo Schroden, do Bradesco BBI, em relatório a clientes.
Embora os dados do BC não costumem fazer preço, a aversão a risco do mercado na quinta amplificou seus efeitos. Somou-se a isso o fato de que a inadimplência da carteira do tem sido monitorada de perto, porque enquanto os índices de atraso dos grandes bancos estão estáveis ou caindo, os do Nubank estão em alta.
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No primeiro trimestre, por exemplo, chegaram a 6,3%, contra 5,5% em março do ano passado. O Nubank tem dito que controlar a inadimplência não é prioridade no momento, e que o ponto mais importante é crescer. No entanto, com os múltiplos altos dos papéis, analistas consideram que a margem de tolerância do mercado está menor.
“Embora os mercados estejam compreensivelmente nervosos devido aos altos múltiplos, a tese sempre foi sobre mais do que apenas os índices de atraso”, disse Pedro Leduc, do Itaú BBA, em relatório publicado na quinta-feira.