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A primeira, logo no inicio de janeiro, ocorreu mais exatamente no dia 6, quando o Índice Bovespa atingiu 70.729 pontos, primeiro recorde do ano em pontuação.
A segunda fase veio pouco tempo depois, em 5 de fevereiro, quando o Ibovespa atingiu 62.762 pontos, até agora o mais baixo valor do ano, com perda de 11,26%, equivalendo a 7.967 pontos.
Este fato chegou a assustar, porque foi acompanhado de uma maior deterioração de algumas economias do primeiro mundo, com ênfase em alguns dos 27 países da União Europeia, principalmente em 5 dos 16 que fazem parte da zona do Euro com seus déficits públicos monumentais, passando inclusive pelos Estados Unidos e Japão.
Contudo, foram surgindo análises internas e externas de grandes bancos, mostrando que os fundamentos macroeconômicos do Brasil continuavam evoluindo para melhor e que não seríamos afetados a ponto de enfrentarmos novamente problemas maiores.
Só para se ter uma idéia de que não estávamos perdendo o rumo, o investidor externo, tanto na renda fixa como na variável, voltou rapidamente em busca de segurança, rentabilidade e liquidez para seus investimentos, de tal forma que sua participação na dívida pública brasileira é a maior da historia, hoje o equivalente a R$ 118 bilhões ,ou 8,75% do total da mesma (isso em fevereiro).
“Se a bolsa antecipa |
Já sua participação na BM&FBovespa, que no inicio do mês de março chegou a ser negativa em R$ 3,4 bilhões, encerrou o trimestre negativa em somente R$ 294 milhões, ambos os valores considerando-se o ano todo, até o momento.
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Entramos então na terceira e última etapa do primeiro trimestre, com o Ibovespa chegando a 70.371 pontos em 31 de março, recuperando assim 12,72% (7.609 pontos) de seu mínimo desse ano, e, o que é ainda melhor, ficamos só 4,28% (ou 3.145 pontos) atrás do recorde absoluto de 73.516 pontos alcançados em meados de maio de 2008.
No curto prazo, é grande a probabilidade de ultrapassar esse recorde histórico, o que dará condições ao mercado de partir para novos recordes.
O volume médio diário também se manteve na casa dos R$ 6,4 bilhões e a capitalização das 375 empresas negociadas foi de R$ 2,347 trilhões.
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Com esses números, o desempenho da BM&FBovespa aparece, no encerramento do trimestre, como a mais rentável aplicação financeira, com um ganho de 5,82%.
Ainda, se compararmos os últimos doze meses, de março de 2009 a março de 2010, o ganho é de 72,0%,ainda o maior entre as principais bolsas de valores do mundo.
Expectativas para a sequência do primeiro trimestre de 2010
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Abrimos o segundo trimestre com uma somatória de ótimas noticias para nossa economia. Podemos começar com o Índice de confiança da Indústria, medido pela Fundação Getulio Vargas, que atingiu a marca de 116,5 pontos, registrando sua décima quarta alta consecutiva, a segunda maior da série histórica (perdendo apenas para novembro de 2007).
Logo no dia 1 de abril, o Índice Bovespa fechou com uma alta de 1,09%, em 71.136 pontos, novo recorde do ano, até agora a sua maior pontuação dos últimos 22 meses.
Em portentosa reação, a China, nosso principal parceiro comercial, tem probabilidade de crescer 12% nesse primeiro trimestre segundo Yu Bin, chefe de pesquisa macroeconômica do Centro de Desenvolvimento de Pesquisa do Conselho Estatal.
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Segundo levantamento da consultoria PriceWaterhouse Coopers, entre janeiro de 2006 e janeiro de 2010, grupos nacionais gastaram em torno de 32 bilhões de dólares nas compras de ativos fora do Brasil, com o incentivo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
No setor do agronegócio, a renda agrícola volta ao nível pré-crise. Em 2008, a receita total foi de R$ 164,9 bilhões e em 2009, R$ 174,2 bilhões. Agora, em 2010, segundo RC consultores, este valor poderá alcançar R$ 175,5 bilhões (entre grãos, algodão, café,cana e laranja).
E, com a expectativa de crescimento da China, com seus 1,3 bilhão de habitantes com fome de consumo, o Brasil, através da venda de commodities metálicas e de alimentos, continuará a beneficiar-se fortemente desse mercado potencialmente comprador.
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E é por isso que chegam até nós comentários de investidores externos, do porte de Warren Buffett, que se vê entusiasmado com os setores de petróleo e mineração do Brasil, ou ainda, o mais recente comentário de Karen B.Peetz, vice-presidente do Bank of New York Mellon: “os estrangeiros estão inebriados com a economia brasileira”.
Se for efetivamente verdadeira a afirmação que a bolsa de valores antecipa entre 3 a 6 meses as tendências macroeconômicas, então nosso mercado acionário pode entrar em uma tendência de alta que irá incorporar a expectativa de crescimento de nosso PIB na próxima década em média de 5%, levando o Ibovespa a uma alta inesquecível.
Decio Pecequilo é operador sênior da corretora TOV e escreve mensalmente na InfoMoney.
decio.pecequilo@infomoney.com.br