Colunista InfoMoney: Onde vai parar a bolsa de valores?

Diferentemente dos investimentos em poupança ou em fundos de renda fixa, os investimentos na bolsa carregam um estigma de mistério, sorte e fortuna

Marcelo Smarrito

No último final de semana, tive a oportunidade de me reunir com um grupo de amigos que ainda não tiveram a coragem… ou a vontade… ou a ousadia… ou a disciplina de investir parte dos seus recursos na bolsa de valores.

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O interessante é que a conversa é sempre a mesma: “O que eu devo fazer?”, “Será que este é o melhor momento?”, “Quanto eu devo investir?” E, por fim… “Qual é a boa?”

Diferentemente dos investimentos em poupança ou em fundos de renda fixa, os investimentos na bolsa carregam um estigma de mistério, sorte e fortuna. Parecem inatingíveis e ao mesmo tempo disponíveis. Atraem o interesse e simultaneamente assustam como se fossem um vício!

O fato é que, apesar de mentirosos também usarem os números para sustentar seus argumentos, eles não mentem. Por isso, entre uma resposta e outra, entre uma dúvida e outra, resolvemos visitar algumas performances passadas. (Lembrando sempre que performance passada não é garantia de êxito futuro!)

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“A bolsa é uma alternativa de risco SIM e por isso precisa ser bem utilizada”

Nessa direção, resolvemos comparar o CDI (renda fixa) com o Ibovespa (índice que mede a performance das ações mais líquidas da bolsa de valores) nos seguintes períodos:

  1. último mês – CDI = 0,69% versus Ibovespa = 0,57%
  2. últimos 3 meses – CDI = 2,24% versus Ibovespa = 6,21%
  3. últimos 6 meses – CDI = 4,78% versus Ibovespa = 44,7%
  4. últimos 12 meses – CDI = 11,46% versus Ibovespa = 11,7%
  5. últimos 24 meses – CDI = 24,11% versus Ibovespa = 7,43%
  6. últimos 36 meses – CDI = 40,25% versus Ibovespa = 52,45%

Todos percebemos que em 4 dos 6 cenários o Ibovespa quase empatou ou teve uma rentabilidade maior do que a renda fixa, com a diferença que o CDI é um indicador sempre crescente e a bolsa, não necessariamente.

A análise seguiu e o próximo dado incluído foi que, com as taxas de juros indo ladeira abaixo (estão atualmente projetadas para menos de 2 dígitos ao ano), as alternativas de rentabilidade patrimoniais ficam cada vez mais raras. Ou seja, neste cenário, a bolsa novamente aparece como uma alternativa!

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Bem… Depois deste exercício numerológico, uma boa parte desse grupo de amigos resolveu experimentar a bolsa. Uns com estratégias mais agressivas, outros um pouco mais conservadores.

O fato é que a bolsa de valores é uma alternativa de risco SIM e por isso precisa ser bem utilizada. Eu acredito na bolsa, mas acredito principalmente a partir de três fatores: a. como investimento de longo prazo; b. como disciplina, ou seja, é preciso “investir sempre”; e c. investimento somente para aquele dinheiro que você pode dispor. A combinação destas três variáveis é imbatível no longo prazo.

A onde a bolsa vai parar? Não sei. Mas sei que, de onde ela veio nos últimos anos, traz perspectivas alvissareiras para o futuro. Confira: nos últimos 5 anos, o Ibovespa rendeu 128,92% contra 82,24% do CDI e, nos últimos 8 anos, 274,13% versus 125,83 do CDI.

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È isso. Bons Investimentos e um Bom Brasil para Todos.

Marcelo Smarrito é diretor de Varejo da corretora Gradual, autor do livro “Desmistificando A Bolsa de Valores” e escreve mensalmente na InfoMoney, às sextas-feiras.
marcelo.smarrito@infomoney.com.br