Como é típico desta época de início de ano, é tempo de se fazer resoluções e projeções para o período que se inicia.
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Os economistas, assim como os meteorologistas, são muito criticados por suas projeções. Mas muitos confundem projeção com previsão. Previsão cabe aos astrólogos, cartomantes e outros que tentam adivinhar o futuro. Projeção é técnica. Baseado em fatos históricos, dados concretos e com aplicação de alguma metodologia faz-se a projeção de alguma coisa.
Outro dia vi um jornalista dizer estar cansado das “previsões” dos economistas que, ora erram para baixo, ora erram para cima, nunca acertando seus palpites. Por mais que as projeções de analistas econômicos sejam pontuais até a segunda casa decimal, creio que nenhum acredita piamente que possa acertá-las sem desvios.
“Previsões cabe |
As projeções, principalmente as de longo prazo, devem ser interpretadas como tendências e servem para ajudar na decisão do próximo passo a ser tomado pelos agentes econômicos. Não adianta querer exigir de um profissional algo impossível de ser feito (e este profissional tampouco pode vender algo impossível de ser entregue).
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No final do dia, os constantes erros apontados pelo jornalista são, na verdade, naturais no exercício das projeções. Como errar é a norma, deve-se medir os economistas com a régua de quem erra menos. É assim que o Banco Central faz no ranqueamento das instituições e consultorias que fazem projeções econômicas, que é apresentado na publicação Focus TOP 5 do BC.
A empresa em que eu trabalho, a LCA, no final de 2008 e no auge da crise, era uma das únicas – se não a única consultoria – que projetava crescimento positivo do PIB para 2009. As demais instituições eram de certa forma catastróficas e diziam que seria bastante negativa a evolução da economia. Quase fomos chamados de cegos, surdos e loucos.
Passou o ano e é consenso de mercado, agora, que de fato o PIB brasileiro terá evolução positiva. A LCA certamente errará o porcentual exato de evolução que projetava em 2008, mas os clientes da LCA que balizaram suas decisões neste número ficaram insatisfeitos com este “erro” vis-à-vis aqueles que tomaram decisões baseados em evolução negativa da economia? Certamente não.
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João Alberto Peres Brando é economista e escreve mensalmente na InfoMoney.
joao.brando@infomoney.com.br