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SÃO PAULO – “O fim do mundo já chegou ao Brasil. Pelo menos é o que as pessoas aqui estão dizendo”. São com essas frases um tanto quanto apocalípticas que a colunista brasileira do The New York Times, Vanessa Barbara, inicia o seu texto, bastante crítico ao governo federal.
Ela usa a expressão “fim do mundo” ao citar a aprovação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos pelo Senado em dezembro. A proposta ficou conhecida como “PEC do fim do mundo” pelos críticos da proposta. “Mas por que ela é chamada assim? Porque as consequências da emenda parecem desastrosas – e duradouras. Ela vai impor um limite de 20 anos em todos os gastos federais, incluindo a educação e cuidados de saúde”, afirma Barbara.
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A colunista aponta que o governo justificou a medida com base no grave déficit orçamentário. “Mas as pessoas não estão comprando a ideia. Uma pesquisa realizada no mês passado revelou que apenas 24% dos eleitores aprovam a emenda”, afirma. Ela ainda diz que os brasileiros foram às ruas contra a medida e que alunos do ensino médio ocuparam escolas contra a proposta.
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Ela também aponta que o governo não está recuando, sendo esta apenas uma das muitas medidas “neoliberais” que estão sendo adotadas pelo presidente, que inclui a reforma da previdência, o avanço no projeto de terceirização e a reforma trabalhista. “A PEC do teto, como muitas das políticas de Temer, prejudicará os cidadãos mais pobres e vulneráveis do Brasil por décadas. E este não é apenas o ponto de vista dos opositores de esquerda”, afirma Vanessa Barbara, citando Philip Alston, relator especial da ONU para extrema pobreza e direitos humanos. “Se adotada, essa emenda bloqueará gastos em níveis inadequados e rapidamente decrescentes na saúde, educação e segurança social, portanto, colocando toda uma geração futura em risco de receber uma proteção social muito abaixo dos níveis atuais, afirmou Alston.
Segundo ela, diante de tudo isso, não surpreende que a administração Temer seja profundamente impopular, citando o último Datafolha , que mostra só 10% de aprovação do presidente, ante 51% de desaprovação.
“No entanto, o novo governo já recebeu o apoio total das seguintes organizações”, afirma, citando Febraban, Firjan, entre outros órgãos. “Pelo menos para alguns brasileiros, o fim do mundo é o início de uma oportunidade de ouro”, diz ela.