Cogna (COGN3) reverte prejuízo e tem lucro ajustado de R$ 11 mi no 2º tri; CEO destaca mais otimismo com queda da Selic

Receita líquida do grupo de educação subiu20%, para R$ 1,386 bilhão, sendo o sexto trimestre seguido de alta; Kroton tem novo destaque

Lara Rizério

Cogna (Imagem: Divulgação)
Cogna (Imagem: Divulgação)

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A Cogna (COGN3), grupo de educação dono da Vasta, Saber, Kroton, anunciou um lucro líquido ajustado de R$ 10,99 milhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), revertendo um prejuízo ajustado de R$ 36,595 milhões registrados em igual período do ano passado, informou nesta quarta-feira (9).

Segundo a companhia, o crescimento entre trimestres é resultado da combinação de: (i) aumento de 18,4% em resultado operacional; (ii) elevação de reversões de contingênciase; (iii) melhora de 5,1% do resultado financeiro.

Com os resultados, a margem líquida ajustada cresceu 4,0 pontos percentuais (p.p.) entre o 2T22 e 2T23, de -3,2% para 0,8%.

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Em termos não ajustados, a Cogna teve queda anual de 53% no prejuízo líquido, saindo de R$ 100,96 milhões no 2T22 para resultado negativo de R$ 47,302 milhões no 2T23.

A receita líquida, por sua vez, registrou alta anual de 20%, para R$ 1,386 bilhão, sendo o sexto trimestre seguido de alta.

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No 2T23, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) recorrente atingiu R$426,0 milhões, apresentando uma alta de 20,0%, o nono trimestre consecutivo de aumento. Com isso, a margem Ebitda (Ebitda sobre receita) ficou estável em 30,7%.

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Roberto Valério, CEO da Cogna, destacou ao InfoMoney que a companhia tem mostrado consistência em seus números: “é uma empresa de crescimento, mas que está crescendo com qualidade e com conversão de caixa. Temos a preocupação de crescer a captação de alunos, não somente no volume, mas com receita que tenha qualidade”.

A Geração de Caixa Operacional (GCO) após Capex (investimento) cresceu 51,9% no 2T23 versus o  2T22, totalizando R$ 170,9 milhões entre abril e junho deste ano. “Este resultado é consequência da estratégia asset light, com aumento de conversão de Ebitda Recorrente em Caixa (+8,4 pontos percentuais, ou p.p.) e crescimento de Ebitda recorrente, entre os trimestres. O fluxo de caixa livre foi positivo em R$ 90,2 milhões no trimestre”, aponta.

Com isso, reafirmou a projeção de crescimento de geração de caixa operacional de R$ 1 bilhão em 2024.

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A companhia de educação ainda destacou ter encerrado o 2T23 com a relação da Dívida Líquida/Ebitda ajustado dos últimos 12 meses em 1,98 vez no 2T23 ante 2,09 vezes no 2T22, atingindo assim o menor nível de alavancagem desde o quarto trimestre de 2020, com dívida líquida estável no ano.

“A Cogna não tem necessidade de captar ao longo do ano de 2023 e reforça a confiança na redução da alavancagem ao longo dos próximos trimestres”, destacou a empresa no release de resultados.

Após o encerramento do trimestre, a Cogna anunciou a 10ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, da espécie quirografária, em duas séries, para distribuição pública, com garantia firme de colocação, em um montante total de R$ 500 milhões sendo R$ 100 milhões para Debêntures da primeira série, as quais foram caracterizadas como “Debêntures Sociais”, e R$ 400 milhões para a segunda série. A primeira série destaca-se por ser a 1ª emissão de debêntures rotulada ESG, com viés Social, do setor de educação.

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A linha de despesas financeiras reduziu 14,3% no 2T23 em comparação ao 2T22, apesar do aumento da taxa de juros básica (Selic) entre os trimestres. “Tal redução em despesas financeiras está principalmente associada à redução de 28,1% da dívida bruta da empresa entre o 2T23 e o 2T22, em linha com a estratégia de liability management. Outro ponto positivo na despesa financeira foi a redução de IPCA no período, que impactou a atualização das contingências financeiras e juros de arrendamento referentes a aluguéis”, apontou a companhia.

Em tempos de Selic em queda, com a baixa da taxa de juros tendo início na semana passada com um corte de 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, Valério destacou estar mais otimista.

“Do ponto de vista do orçamento, estava trabalhando com a Selic caindo mais para frente, entre setembro e outubro. Assim, o fato de ter antecipado para agosto é positivo para nosso plano, não levando em conta só a queda, mas também a sinalização. Passa mais segurança para todos os agentes econômicos e para nós. Estou mais otimista do que vem mais para frente do que eu estava no trimestre anterior. Para nós, que temos uma dívida líquida, apesar de estar decrescente, ainda relevante, é importante”, avalia.

O executivo ressaltou ainda que, para cada 1 ponto percentual de queda da Selic é R$ 35 milhões a mais no caixa, que pode ser investido em mais tecnologia, produtos, entre outros.

Kroton , Vasta e Saber

Entre os destaques, no segmento de ensino superior, a receita líquida da Kroton cresceu 11,8% no 2T23 na base anual, para R$ 1,0366 bilhão, representando o quarto trimestre consecutivo com crescimento de dois dígitos de receita. Conforme destaca a companhia, o aumento reflete o efeito composto de safras crescentes em todas as unidades de negócio.

O Ebitda recorrente do 2T23 cresceu 9,7% no trimestre, atingindo a marca de R$396,4 milhões, com uma estabilidade de margem (38,2% versus 39%).

Valério destaca que houve um aumento na linha de despesas de vendas e marketing, com o objetivo de consolidar a marca Anhanguera, mas que mesmo assim a companhia conseguiu manter as suas margens, mostrando também mais eficiência da sua operação.

Além disso, também destaca que a linha de Provisões para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) do 2T23 reduziu 5,0% na base anual, apesar do crescimento de 11,8% na Receita Líquida (ROL) entre os trimestres, resultando em redução da razão entre PCLD e ROL de 13,2% para 11,2%. “Isso demonstra a assertividade na estratégia de captação de alunos e a capacidade de pagamento dos mesmos, melhorando o nosso Contas a Receber”, apontou a companhia no release de resultados.

A KrotonMed, voltada para medicina, teve crescimento de 27,7% da receita líquida na base anual, totalizando R$ 194,5 milhões.

Sobre a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de que a abertura de novos cursos de Medicina no País deverão seguir as regras dos editais do programa Mais Médicos, Valério avaliou como positiva, uma vez que a indefinição sobre esse tema causava grande incerteza e um grande número de liminares pedindo a abertura de vagas dos cursos de medicina.

Já em Vasta, de educação básica, os resultados do 2T23 representam já 82,3% do guidance de ACV (valor do contrato anual)  de R$ 1,23 bilhão para o ciclo de 2023, com maior penetração de escolas parcerias que adotam uma ou mais soluções.

No 2T23, a receita líquida cresceu 43,0% comparado ao 2T22 e atingiu R$ 271,4 milhões. Já na comparação entre os ciclos de 2023 e 2022, a receita teve alta de 21,7%, atingindo R$ 1,1792 bilhão.

A Vasta também iniciou no segundo trimestre uma nova linha de negócio, B2G (business to government), com um reconhecimento inicial de receita de R$ 40,5 milhões, oriundo da primeira parcela de um contrato com um Estado da União que irá oferecer uma solução de ensino para algumas cidades de sua jurisdição, que buscam melhorar suas performances o SAEB.

O contrato inclui a venda de material didático e avaliativo tanto impresso como digital, a gestão e monitoramento de indicadores educacionais e treinamento pedagógico personalizado baseado nos diagnósticos do material avaliativo.

“Trata-se de um contrato pontual, sem recorrência determinada, porém para Vasta entendemos que é um primeiro passo para o estabelecimento de uma nova unidade de negócio. Traremos mais visibilidade do segmento em nosso Investor Day [em 7 de dezembro 2023]”, apontou a companhia.

Já para a Saber, de conteúdo de educação, a receita líquida teve aumento anual de 103%, para R$ 87,67 milhões. O crescimento é motivado pelos resultados nas três unidades de negócio: PNLD (+147,9%), Idiomas (+48,9%) e Outros Serviços (+295,9%).

“O calendário comercial do PNLD em 2023 contempla um segmento maior (recompra do Ensino Fundamental I e compra do Ensino Fundamental II) que o segmento do calendário do ano de 2022 (compra do Ensino Fundamental I). A receita deste trimestre especificamente é oriunda do faturamento tardio de receita prevista para 1T23, acrescida com uma parcela do que está previsto para o ciclo comercial do ano”, explicou a companhia.

Para Idiomas, o aumento de receita de R$ 5,0 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior se deve ao aumento da base de alunos e pela inclusão de um novo produto que é ofertado para a rede pública, chamado Wings.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.