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SÃO PAULO – Depois de muitas especulações e negociações, a Cogna (COGN3) e a Eleva Educação (que tem Jorge Paulo Lemann como um dos sócios) anunciaram na noite da última segunda-feira um acordo classificado pelas duas empresas o maior do setor de ensino básico do Brasil.
Com ele, a Eleva vai pagar R$ 964 milhões para ficar com 51 escolas hoje operadas pela Cogna. Já a Cogna, por meio da Vasta (sua subsidiária com ações listadas na Nasdaq), comprará por R$ 580 milhões o sistema de ensino da Eleva.
O negócio ainda está sujeito à aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, se aprovado, a Cogna pode consolidar a posição de principal fornecedora de sistemas educacionais do país. Hoje, a companhia já controla os sistemas Anglo, pH, Par, Pitágoras, Ético, Maxi e Rede Cristã.
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O acordo tem a previsão de que a marca Plataforma de Ensino Eleva seja licenciada para a controlada da Cogna até 2023. Já as escolas da Eleva passam a adotar os sistemas de ensino da Vasta por dez anos, tendo como exceção dos colégios de elite como Escola Eleva, Os Batutinhas e Gurilândia.
Dentre as escolas que a Eleva fará a aquisição, estão Colégio pH, Centro Educacional Leonardo da Vinci, Colégio Lato Sensu, Sigma, Anglo 21, Anglo Alphaville, CEI (Natal), Colégio Integrado, Escola Santi, Colégio Visão, Colégios Embraer, Colégio Pitágoras, Centro Integrado de Ensino (CIE), Colégio Maxi, NeoDNA, Escola Chave do Saber, Motivo, Colégio do Salvador. A escola de idiomas Red Balloon não fará parte da transação.
Do total de R$ 964 milhões dos ativos vendidos pela Cogna para a Eleva, R$ 625 milhões serão quitados durante um período de cinco anos, e a diferença de R$ 339 milhões será convertida em debêntures conversíveis em ações da Eleva, caso o grupo carioca venha realizar sua abertura de capital (IPO), prevista para esse primeiro semestre. Sendo assim, o preço por ação irá corresponder ao valor do papel da Eleva na oferta.
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Com a consolidação do IPO, a Cogna passará a ser acionista da Eleva, direta ou indiretamente. Mas a Cogna e suas subsidiárias não poderão compor nenhum bloco de controle acionário da Eleva e terão restrições de voto em deliberações sociais e para aumento de sua participação societária no capital social da companhia, por prazo determinado.
“Cogna e a Eleva finalmente concluíram o acordo de compra e venda, que garante a troca do sistema de ensino do grupo carioca, pelos 51 colégios da líder do setor, o que deve gerar grandes sinergias a ambas. Ainda, vale dizer que a Eleva pode realizar sua oferta pública inicial de ações ao longo dos próximos meses, o que torna a diferença da transação convertida em debêntures conversível em ações”, reforça Luis Sales, analista da Guide Investimentos.
A XP Investimentos, por sua vez, destaca que o impacto em desalavancagem para a Cogna é limitado (e não imediato), considerando que a dívida tem grande chance de ser convertida em ações com liquidez limitada, e foi menor do que as expectativas do mercado (incluindo as dos analistas), que eram perto de R$ 1 bilhão.
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“Os termos da transação foram piores do que estimávamos e, apesar de esperadas, ainda se tem notícias negativas da pressão de resultados no curto e médio prazo da companhia. Portanto, mantemos a nossa recomendação neutra com um preço-alvo de R$ 5,10 por ação”, aponta a XP.
Reforçando a sua visão anterior, o Bradesco BBI aponta que o acordo é positivo para a Cogna, já que seu negócio de sistemas de aprendizagem é a área que os analistas mais veem como com maior potencial e destacam que a transação não impacta tão significativamente na alavancagem da companhia, um dos pontos de preocupação no mercado, destacando que os termos da aquisição foram atrativos, ainda mais considerando as possíveis sinergias a serem extraídas do negócio.
“Vemos este mercado como do tipo em que ‘o líder leva a maior parte’, na qual a escala é vital para diluir custos e reunir informações de mercado, de modo que a inclusão dos ativos da Eleva seria uma vantagem estratégica. A inclusão dos ativos da Eleva também diluiria a relevância da solução PAR [sistemas de ensino baseado em livros didáticos] entre a base de alunos da Cogna, que vemos como tendo menos potencial do que o resto das operações de sua subsidiária Vasta” apontam.
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Apesar de verem a notícia como positiva, os analistas do BBI mantiveram a recomendação neutra para Cogna, apesar do preço-alvo de R$ 6. Veja mais sobre a análise para as ações da Cogna clicando aqui.
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