CMIG3 ou CMIG4? Analistas do Itaú BBA recomendam em qual ação ter “posição vendida” em meio a notícias de federalização

"Para os próximos meses, recomendamos shortear CMIG4 porque é o mais líquido e com menor custo para vender. No entanto, existem obstáculos para esse acordo"

Equipe InfoMoney

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As notícias sobre uma possível federalização da Cemig (CMIG3;CMIG4) fizeram com que as ações da empresa estadual de energia caíssem forte na última semana, com destaque para os papéis preferenciais. Enquanto CMIG4 caiu 21%, CMIG3 teve baixa de 7,6%.

O Itaú BBA destaca que, antes da notícia da proposta de Pacheco de federalizar as estatais mineiras em troca de redução da dívida do estado, a diferença entre as ações era causado pelo potencial prêmio para as ações ordinárias em caso de privatização.

No dia 22 de novembro, quando o governador mineiro Romeu Zema (Novo) concordou com o plano de federalização, as ações CMIG4 caíram 10% e os papéis CMIG3 tiveram baixa de cerca de 5%, implicando em um prêmio de 41% (que foi para 46% levando em conta o fechamento de quinta). O prêmio atingiu o pico dos últimos doze meses de 71% em 4 de maio e 61% em 21 de agosto.

Agora, com a probabilidade de privatização próxima de zero, o BBA vê que o spread CMIG3-CMIG4 se baseia agora no potencial valuation implícito da federalização. Com base nos direitos de tag along de 80% para a CMIG3, o preço de fechamento na quinta-feira de R$ 16 por ação implicava que o governo federal teria que pagar R$ 20 por ação pelo controle acionário do governo do estado de Minas Gerais.

Com tag along de 80% (mínimo estabelecido pela Lei das S.A.), o minoritário receberá esta proporção do valor pago por ação ao controlador.

Como os termos da federalização devem ser aprovados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), deve haver premissas razoáveis para o valuation.

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Neste contexto, o BBA destacou algumas operações que podem estar no radar dos investidores, com base nas diferenças entre os ativos ON e PN, que são listadas a seguir:

Long (posição comprada) em CMIG3 x Short (posição vendida) em CMIG4

Esta operação pressupõe a concessão dos direitos de tag along para CMIG3, avalia o BBA.

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Há também um risco de desvalorização mais limitado porque o governo de Minas Gerais não transferirá a empresa se o preço não for “pelo menos razoável”. A federalização aumentaria o risco negativo para o CMIG4, dada a potencial mudança na gestão e no seu plano estratégico.

Long CMIG4 x Short CMIG3

Já esta operação pressupõe a possibilidade de que os direitos de tag along para CMIG3 não sejam concedidos e que o preço atual das ações implique um valuation caro a ser pago pelo governo federal, o que é difícil de justificar.

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Também assume que a probabilidade de privatização está agora próxima de zero, o que significa que não deverá haver um grande prémio entre CMIG3 e CMIG4.

“Shortear CMIG3 é um desafio dada a baixa liquidez e o fato de 62% das ações estarem nas mãos do setor público e 31% estarem concentradas num investidor privado, deixando apenas 6% nas mãos de outros investidores privados”, apontam os analistas.

Eles ressaltam que o fluxo de notícias provavelmente pressionará pela federalização, o que seria muito negativo para a empresa.

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“Para os próximos meses, recomendamos shortear CMIG4 porque é o veículo mais líquido e com menor custo para vender. No entanto, existem obstáculos para esse acordo, que incluem a aprovação dos projetos de lei tanto na Assembleia Legislativa do Estado quanto no Congresso e a aprovação dos termos pelo TCU e pelo TCE. A ação poderá se recuperar no médio e longo prazo caso a proposta de federalização se mostre inviável”, pondera o banco.