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SÃO PAULO – Com o aumento de renda, a classe C busca suprir novas necessidades de consumo, com produtos mais sofisticados ou mais práticos, os quais não cabiam em seu orçamento doméstico. Essa é a conclusão de um estudo sobre os fatores que impulsionaram o consumo no País em 2009, elaborado pelo Nielsen Brasil.
Uma série de aspectos colaboraram para que o brasileiro comprasse mais no ano passado. Entre eles, está a maior massa salarial, boas perspectivas de crescimento para o País no pós-crise, maior confiança do consumidor, trazida pela queda no desemprego, e a consequente queda na inadimplência, aponta a pesquisa.
Das 159 categorias de produtos auditadas pela Nielsen, 42% cresceram em volume de vendas no ano passado, mesmo em um ano que sofreu os impactos da desaceleração da crise financeira internacional. De todo o crescimento, 60% se devem à demanda da Classe C. O gasto das famílias nessa faixa de renda aumentou 11% entre 2008 e 2009.
Novas necessidades
“O consumidor da classe média, com maior poder de compra, vai atrás de novas necessidades. Ele cria desejos de consumo que ele não tinha antes”, declarou o coordenador de pesquisas especiais da Nielsen, Filipe Aboláfio. Um reflexo disso é o aumento nas vendas dos produtos com maior nível de sofisticação, como os cremes dentais que oferecem um aditivo na fórmula para ajudar a clarear os dentes, ou a substituição dos desodorantes spray para os em aerosol, por exemplo.
“Com maior renda, o consumidor se permite experimentar novos produtos e percebe que estes atendem melhor suas novas necessidades, seu novo estilo de vida”, explicou Aboláfio.
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Mais caro, porém, melhor
Segundo a consultora de mercado da Nielsen, Carolina Dantas, o preço é um fator que ainda pesa bastante na decisão de compra do consumidor da Classe C. “Mas hoje ele se preocupa mais com o custo-benefício do produto. Ele escolhe as marcas por preço, procura promoções, mas está disposto a pagar mais caro por um sabão líquido ao saber que aquele vai render mais”, declarou.
Para realizar o estudo, a Nielsen analisou as marcas de produtos vendidos pelas 40 maiores fabricantes, nacionais e estrangeiras, em atuação no País. Além da tendência aos produtos mais sofisticados e melhor custo-benefício, o crescimento nas vendas das principais marcas mostrou que a praticidade está entre os principais fatores para aumentar a penetração na classe média.
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“Esse é um dos maiores motivos para o movimento de troca dos produtos consumidos”, explicou Aboláfio. Sucos prontos (em vez de concentrados ou suco em pó), fraldas descartáveis e molho de tomate pronto (no lugar dos extratos e purês) são alguns exemplos que se aproveitam da falta de tempo e da necessidade de conveniência do consumidor.
Oferta no ponto-de-venda
De acordo com o especialista, esses produtos não venderam mais apenas por serem mais práticos. Associada a esse sucesso, a oferta em embalagens “pack” (compre dois e leve um grátis), em preço adequado e a embalagem certa fazem parte da chamada “execução no ponto-de-venda”, a qual permitiu o aumento no consumo de todas as categorias que cresceram no ano passado.
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“Não basta ser mais prático ou sofisticado. Se a empresa substitui a embalagem do molho de tomate em lata por plástico, o produto fica mais barato, mantendo a qualidade e praticidade, e conquista o consumidor”, acrescentou. Carolina finaliza: “A indústria começa a se esforçar para oferecer embalagens maiores, de forma que o consumidor possa levar mais do produto, pagando menos”.