Cielo (CIEL3): por que o forte lucro mascara tendências negativas, segundo analistas

A companhia recebeu benefícios fiscais decorrentes de JCP que foram responsáveis por elevar lucro para maior patamar desde 1T19

Camille Bocanegra

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Apesar de ter superado as expectativas de analistas no lucro apresentado no primeiro trimestre de 2024, as tendências não seriam positivas para Cielo (CIEL3), de acordo com analistas. A companhia apresentou seu maior lucro desde o 1T19, chegando a R$ 503 milhões, com alta anual de 14%.

Apesar da primeira impressão ser positiva, parte significativa do lucro é correspondente a benefícios fiscais decorrentes do pagamento extraordinário de Juros sobre Capital Próprio (JCP). “Não fossem os benefícios de JCP, o lucro teria sido substancialmente menor, totalizando apenas R$ 363 milhões, cerca de R$ 140 milhões a menos”, explica a Genial, que classifica a companhia como “neutra”

Além disso, o principal ponto destacado por analistas foi a queda de participação no mercado aliado ao volume total de pagamentos (TPV), a queda no lucro da Cateno pelas despesas crescentes. Os números foram vistos como negativos também devido à provisões para perdas operacionais e perda contínuas de clientes.

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O JPMorgan analisou o trimestre como fraco, com lucro por ação apoiado por reversões fiscais. A expectativa de repercussão nos papéis foi afastada porque o banco estrangeiro considera que a Cielo atualmente negocia com base na oferta pública em vez dos fundamentos em si. Analistas do Goldman Sachs têm a mesma visão sobre as tendências operacionais mais fracas e lucro apoiado pelo fiscal. A pressão de custos em Cateno foi outro ponto destacado na análise.

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De acordo com o Itaú BBA, o fato de o lucro líquido da Cielo ter sido beneficiado por um considerável benefício fiscal único deixa claro que não reflete o atual momento da adquirente. A análise destaca que, apesar de bons, os rendimentos apresentaram queda, impactados pela maior penetração de pré-pagamento. Além disso, os gastos da companhia seguem aumentando por investimentos contínuos em forças comerciais e os custos e despesas totais subiram 12% na comparação anual.

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O banco recomenda a Cielo como market perform (performance de mercado, equivalente à neutro), com preço alvo estabelecido em R$ 5,60.

Visão da teleconferência

“O principal aprendizado que tivemos é que temos espaços importantes para melhorar no que diz respeito aos processos”, comenta Filipe Oliveira, CFO e DRI da Cielo. Sobre a pressão de custos em Cateno, a companhia está em ciclo de investimento importante sem tempo estabelecido para terminar, segundo CFO da companhia.

A maior provisão para perdas operacionais foi considerada uma despesa pontual e sem repercussão para próximos trimestres, de acordo com o CFO. O evento operacional não teve consequência no churn (cancelamentos), segundo o executivo.

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Em termos de preços, o CFO destacou que o mercado em vários segmentos tem sido mais racional do que tem sido um ano atrás. “O mercado tem sido racional, não tem sido muito agressivo em termos de preço e segue sendo saudável”, aponta o executivo, comentando que vê pouco espaço para desvios dessa tendência. “Essa visão parece bem madura entre todos os players e é estrutural da indústria”, reforça.

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