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O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, anunciou a habilitação de onze plantas frigoríficas para a Indonésia, além da derrubada da suspensão de três plantas frigoríficas brasileiras pela China. De acordo com Fávaro, as plantas frigoríficas para a China incluem uma unidade de bovinos da JBS (JBSS3) de Goiás e duas empresas de aves. “O humor favorável (internacional) ao Brasil voltou”, declarou Fávaro a jornalistas nesta quarta-feira, 18. “O Brasil volta a ter credibilidade.”
Paralelamente, o ministro anunciou que o País recebeu a habilitação do Egito para exportação do algodão brasileiro. Segundo Fávaro, o algodão é de fibra longa e qualidade superior. “Não é um mercado muito grande, mas é um nicho de qualidade. Ao receber a habilitação para exportar para o Egito, recebemos a chancela de qualidade do algodão brasileiro para o mundo todo”, disse.
Fávaro pontuou que as viagens internacionais do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agendadas para Argentina, China e Estados Unidos, terão também como objetivo ampliar a habilitação das indústrias brasileiras.
O ministro também lembrou que viajará nesta quinta-feira, 19, para Berlim, na Alemanha, onde participará da Semana de Agricultura Verde. Segundo ele, o pedido feito pelo presidente é que ele leve a mensagem “de que o Brasil vai continuar sendo um importante player da produção de alimentos no mundo”. “A produção será sustentável, respeitando o meio ambiente e o Código Florestal”, garantiu.
O Itaú BBA destaca que a JBS tem exposição limitada à indústria brasileira de carne bovina, apontando que, em 2021, 5% do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) da empresa foram derivados do negócio da carne bovina brasileira.
Além disso, seis das 35 fábricas da JBS no Brasil ainda estavam autorizadas a exportar para a China durante o referido período de proibição. “Acreditamos, portanto, que a empresa pode ter redirecionado as exportações de outras plantas para a China após a proibição em abril de 2022. Neste ponto, não vemos as notícias como relevantes para movimentar as ações”, avalia.
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Em uma leitura cruzada para Minerva (BEEF3), o levantamento da proibição das plantas da JBS não traz tantas alterações em termos de aumento na oferta de carne bovina na China.
“Como tal, não acreditamos que o levantamento da proibição por si só afetará a tese de investimento da Minerva. Alguém poderia argumentar, no entanto, que as notícias de hoje podem sugerir que a China está a caminho de autorizar mais
plantas para abastecer a região, começando pelas outrora autorizadas que foram temporariamente suspensas”, avalia.
Se esse processo de autorização adicional se materializar, o BBA espera ver três principais impactos para Minerva. O primeiro é um otimista, em que a China está aumentando seus fornecedores de carne bovina, reforçando a visão construtiva sobre a demanda do país e implicando em uma leitura positiva para a demanda.
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Por outro lado, avalia o banco, existem dois potenciais impactos negativos. O primeiro é que, dependendo de quais empresas estão autorizadas a fazer exportação para a China, a oferta de carne bovina na região pode acabar aumentando sem que a Minerva ganhe participação nas exportações brasileiras para o gigante asiático.
A segunda é o aumento da competição pelo gado apto para exportação para a China, o que poderia aumentar a inflação de custos em regiões específicas.
“Observe, no entanto, que é muito cedo para se tornar mais assertivo nessa questão, uma vez que em outras plantas as autorizações são apenas conjecturas neste momento”, avaliam os analistas.
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O Bradesco BBI aponta também ver o anúncio do ministério como marginalmente positivo para a empresa, visto que a China é o maior importador de carne bovina do mundo. “No entanto, observamos que, de nossa cobertura, a JBS é o player brasileiro de carne bovina listado com a menor exposição às exportações de carne bovina para a China (cerca de 5% das receitas)”, avalia.
Conab
Fávaro também afirmou ontem que o governo deve definir nesta quinta-feira a nova estrutura da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Como mostrou o Estadão/Broadcast, a gestão avalia a criação de uma agência de inteligência agropecuária em paralelo à Conab aos moldes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sob gestão compartilhada da Agricultura e do Ministério de Desenvolvimento Agropecuário (MDA).
“Amanhã (hoje, quinta-feira) vamos finalizar isso, a pedido do presidente Lula, com o ministro Rui Costa e com o ministro Paulo Teixeira, do MDA. Amanhã nós vamos formalizar o formato”, disse o ministro em entrevista à imprensa após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.
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A Conab tem sido um dos principais pontos de disputa entre a Agricultura e o MDA. A Casa Civil articula para que a Agricultura seja contemplada com duas diretorias da estatal, mas a pasta busca o controle das áreas de abastecimento e inteligência agropecuária.
(com Estadão Conteúdo)