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As políticas bastante restritivas por conta da pandemia de Covid-19 mostram cada vez mais os seus impactos para a economia chinesa. Os dados de atividade divulgados na noite do último domingo (15) ficaram muito abaixo das expectativas, o que mostra que a economia está pagando o preço pela política Zero-Covid. A produção industrial caiu 2,9% em abril na base ano a ano, enquanto economistas consultados pela Bloomberg esperavam um leve aumento de 0,5%.
As vendas no varejo caíram 11,1%, ante queda esperada de 6,6%. A desaceleração foi aguda no setor imobiliário: as vendas caíram 39% em volume e 47% em valor.
“A desaceleração substancial demonstra os danos das políticas de controle de pandemia da China. No fim de semana, as autoridades chinesas anunciaram um corte de 20 pontos-base no limite inferior das taxas de hipoteca para compradores de primeira casa para ajudar a sustentar o mercado imobiliário. Além disso, o Banco Central manteve a linha de crédito de médio prazo de 1 ano constante em 2,85%, mas provavelmente reduzirá a taxa básica de empréstimo de referência na quinta-feira”, destaca a XP.
Mesmo com os números negativos, algumas notícias positivas trouxeram algum alívio para os investidores.
Xangai está prestes a cumprir a meta de três dias de zero transmissão comunitária do COVID-19, que as autoridades disseram ser necessária para começar a afrouxar as medidas mais duras de bloqueio, informou a Bloomberg.
A cidade relatou um segundo dia sem infecções por COVID-19 fora da quarentena exigida pelo governo no domingo, e o total de casos caiu de 1.369 para 938 no sábado – a primeira vez que a contagem diária ficou abaixo de 1.000 desde 23 de março. buscando impedir a propagação comunitária do vírus até 20 de maio.
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Além disso, shopping centers, lojas de departamento e conveniência e supermercados retomarão gradualmente as operações. Em outro sinal de que a crise está diminuindo, Xangai começou a fechar alguns dos hospitais improvisados construídos no início do surto. Cinco dos 10 principais hospitais improvisados de Covid da cidade foram desativados, enquanto muitos dos 37 mil funcionários da área de saúde enviados a Xangai desde março para reforçar a capacidade de testes de Covid da cidade voltaram para casa.
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Enquanto isso, Pequim registrou 39 novos casos na segunda-feira, ante 54 no domingo. A cidade iniciará mais três rodadas de testes em massa em uma dúzia de distritos, enquanto as autoridades negaram que Pequim será bloqueada. “Os sinais positivos de que o surto de Covid-19 nas principais cidades da China está sendo contido são um importante passo para que a atividade econômica comece a se recuperar”, aponta o Bradesco BBI em breve nota.
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A produção de aço aumentou 1,4% no comparativo anual nos primeiros 10 dias de maio, com as viagens de metrô em 11 grandes cidades subindo 14% na primeira semana de maio em relação à semana anterior (embora 41% abaixo dos níveis pré-pandemia).
O Credit Suisse também ressaltou um otimismo maior, no que classificou como “uma luz no fim do túnel”.
À medida que os casos de Covid-19 caíram em Xangai, as principais indústrias aceleraram para retomar a produção, com setores automotivos, biotecnologia e farmacêutica mostrando um progresso decente – mais de 70% das 3 mil grandes empresas em Xangai retomaram a produção. Mais de 95% das mais de 660 empresas industriais importantes reiniciaram as operações.
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A cidade de Suzhou também suspendeu a maioria de suas medidas de controle. O número total de cidades sob bloqueio total ou parcial caiu para 29, de 31 há uma semana.
A contribuição agregada do PIB das cidades em confinamento caiu para 12%, do pico de 16%, como resultado de menos cidades das recentes reaberturas.
“Também vemos sinais encorajadores de que o impacto das cidades bloqueadas no PIB nacional, nas exportações e nas vendas no varejo, diminuiu”, ressalta o Credit Suisse. “No entanto, as exportações gerais da China ainda enfrentam grande pressão, como evidenciado pelos fracos dados comerciais em abril”.
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O crescimento de abril de 3,9% na exportação na base anual foi o ritmo mais lento desde junho de 2020 e tem sido mais lento do que outros exportadores asiáticos, incluindo Japão, Coreia do Sul e Vietnã, desde o surto de ômicron este ano.
Conforme destacou também o Credit em análise da última semana sobre a balança comercial, outros mercados exportadores estão começando a vender mais com a gradual normalização da situação pandêmica, assim como muitos compradores podem ter se afastado da China em antecipação a interrupções de bloqueio. “É provável que muitos importadores não queriam lidar com a probabilidade de seus pedidos não serem atendidos”, disseram os analistas do Credit. De qualquer forma, já há alguns sinais de retomada das atividades.
Gabriela Santos, estrategista de mercados globais para o J.P. Morgan Asset Management, destacou em entrevista ao InfoMoney que depois de ver um fluxo de capital estrangeiro expressivo para o Brasil no começo do ano, o próximo destino deve ser, mais uma vez, a China.
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“Isso exatamente porque os mercados já foram muito mal e agora os valuations [preços] da China estão muito descontados e muito do risco já está no preço. O investidor está agora pensando exatamente em quando voltar para a China e aumentar a alocação”, disse Gabriela.
Ela observa, no entanto, que será que preciso que haja três elementos para que essa retomada ocorra com maior força: pico sustentável de casos da Covid-19; maior estímulo em termos de crédito e infraestrutura; e silêncio sobre novas regulações.
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