China afirma que mais medidas de estímulo são possíveis se crescimento desacelerar

Principais líderes da China abandonaram, em dezembro, a postura "prudente" da política monetária

Reuters

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PEQUIM (Reuters) – Autoridades chinesas sinalizaram nesta quinta-feira um maior afrouxamento da política monetária “em um momento apropriado” e deixaram a porta aberta para mais medidas de estímulo, além das anunciadas na reunião anual do Parlamento desta semana, caso o crescimento econômico desacelere.

O ministro das Finanças, Lan Foan, o presidente do banco central chinês, Pan Gongsheng, e outras autoridades falaram à imprensa um dia depois que o primeiro-ministro, Li Qiang, disse a parlamentares que Pequim pretende manter o crescimento econômico a uma taxa de aproximadamente 5% neste ano.

Pan reiterou sua posição de que o Banco do Povo da China reduzirá as taxas de juros e injetará liquidez no sistema financeiro por meio de cortes no montante que os bancos são obrigados a manter como reservas “em um momento apropriado”.

Diante das pressões deflacionárias e prevendo o aumento das tensões comerciais, os principais líderes da China abandonaram, em dezembro, a postura “prudente” da política monetária, que durou 14 anos, e adotaram uma postura “moderadamente frouxa”.

Desde então, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aumentou as tarifas sobre a China, ameaçando seu complexo industrial em expansão, em um momento em que a demanda doméstica persistentemente lenta e a crise do setor imobiliário estão tornando a economia cada vez mais vulnerável.

No entanto, o banco central ainda não reduziu as taxas de juros ou a taxa de compulsório dos bancos – medidas que, em setembro de 2024, ele disse que pretendia implementar até o final do ano.

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O principal obstáculo para um maior afrouxamento tem sido a necessidade de manter o iuan estável em relação ao dólar, o que também é um dos objetivos declarados do Banco do Povo da China.

Evitar um enfraquecimento ainda maior mostraria boa vontade para com Trump na preparação para qualquer negociação sobre um acordo comercial que estabeleça um teto nas tarifas, dizem analistas.

Trump tem expressado insatisfação com o que ele descreveu como a China e o Japão “reduzindo” suas moedas. Uma moeda mais fraca torna as exportações de um país mais competitivas e as importações mais caras, e Trump disse que os parceiros comerciais não deveriam usar o mecanismo em seu benefício.

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Sem fazer referência aos comentários de Trump, Pan repetiu na quinta-feira que o banco central deseja manter a estabilidade da moeda em “um nível razoável e equilibrado”

Pan também repetiu a linguagem do relatório de Li de que as autoridades estão procurando introduzir novas ferramentas de política monetária que se concentrariam em apoiar o investimento e o financiamento em inovação científica e tecnológica, promovendo o consumo e estabilizando o comércio exterior.

Ao lado de Pan, Lan fez comentários que deixaram a porta aberta para mais medidas de estímulo se o déficit orçamentário mais alto e os planos de emissão de dívida anunciados na quarta-feira forem considerados insuficientes no futuro.

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“Para lidar com possíveis incertezas externas e internas, o governo central também reservou amplas ferramentas e espaço para políticas”, disse Lan.