O novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que toma posse em 1º de janeiro de 2023, pode promover alterações no programa Casa Verde e Amarela que devem beneficiar as construtoras brasileiras. A avaliação é de Ricardo Paixão, CFO da MRV (MRVE3).
“Esse governo novo tem uma ênfase maior no quesito popular. A gente acha que deve ter alguma mudança no programa [Casa Verde e Amarela], algo mais superficial, como o próprio nome [que deve voltar a ser Minha Casa Minha Vida], mas também pode ter alguma medida mais agressiva, como um desconto maior, uma participação maior do orçamento da OGU, o Orçamento Geral da União, principalmente nas faixas mais baixas do programa, tanto na faixa 1 como no início da faixa 2”, disse o executivo.
Paixão participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do terceiro trimestre de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
“Para a MRV, seria bem interessante [uma mudança] no início da faixa 2. Dependendo do que vier de subsídio adicional, a gente tem um landbank [estoque de terrenos] gigantesco, como todo mundo já sabe, então a gente pode sim aproveitar essa oportunidade de mercado para colocar alguns dos nossos produtos, que a gente faria numa faixa um pouquinho mais alta, numa faixa mais baixa, se o programa realmente tiver algum tipo de revisão importante, aumentando a capacidade de compra dessa faixa da população”, completou o CFO.
O executivo mencionou que a companhia manteve no terceiro trimestre sua estratégia de aumento de preços para recompor margens, e que as mudanças que já foram feitas no Casa Verde e Amarela pelo atual governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) permitem que esse movimento de alta dos preços continue.
“A gente tinha uma necessidade de subir preço. A gente estava com uma rentabilidade muito baixa. A gente tinha um gap grande para fechar e isso a gente já fez bem, ele já está muito melhor do que estava antes, mas ainda não está dentro do ideal. Para a nossa operação, o ideal seria uma margem de 30% a 32%, nos melhores cenários chegando a 33%, 34%. Os primeiros nove pontos já foram. Agora faltam uns três, quatro pontos”, afirmou Paixão.
“Isso significa que eu posso voltar a subir de forma mais lenta o preço. Não preciso ser tão agressivo como eu fui até agora. Essa recomposição de margem que a gente está conseguindo através da subida de preço, ela tem uma ajuda de algumas condições novas do programa Casa Verde e Amarela. Meu cliente está pagando juros um pouco mais baixos, tem um pouco mais de subsídio, teve o alongamento do prazo máximo de financiamento de 30 para 35 anos, e agora tem o que o pessoal está chamando de FGTS futuro, o consignado do FGTS. O cliente vai poder usar seu depósito de 8% do FGTS como garantia para as parcelas futuras”, completou.
Paixão falou ainda sobre como o aumento de juros nos Estados Unidos impactou as operações da Resia, a subsidiária americana da MRV, sobre o negócio da Luggo no Brasil e a possibilidade do grupo fazer IPO de alguma das marcas. Ele comentou também sobre as iniciativas ESG (sustentabilidade e governança) da MRV, pagamento de dividendos e sobre lançamentos previstos para os próximos trimestres. Assista à entrevista completa acima, ou clique aqui.