Cesp dispara 6%, Petrobras salta 3% e construtora afunda até 20% após pedido de recuperação judicial

Confira os principais destaques de ações da Bovespa nesta sessão

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Petrobras ajudaram a puxar o dia positivo do Ibovespa nesta terça-feira (20), após a estatal agradar o mercado com seu novo plano de negócios para o período de 2017 a 2021 – o primeiro com Pedro Parente no comando da petroleira. O otimismo foi visto também nos papéis dos bancos, que contribuíram para o bom humor do mercado nesta sessão.

Do lado negativo, o destaque ficou com as ações ligadas a concessões, que afundaram até 9% em meio a uma avalanche de notícias negativas. A mais penalizada foi a Rumo, que desabou 9,42% no pior momento do dia, indo a R$ 5,96, após o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública pedindo à Justiça a anulação do contrato de concessão das linhas férreas no interior do Porto de Santos por indícios de fraude à lei de licitações e suspeita de formação de cartel (veja a análise completa clicando aqui).

Fora do índice, chamou atenção ações de duas microcaps: a Viver, que desabou até 20,85% nesta sessão, reagindo ao pedido de recuperação judicial, enquanto a Estrela disparou até 23,88% após informar que trocou o fornecedor de seus brinquedos, passando do Paraguai para China. 

Confira os principais destaques de ações da Bovespa na sessão desta terça-feira:

Petrobras (PETR3, R$ 15,05, +1,07%; PETR4, R$ 13,50, +3,45%)
As ações da Petrobras dispararam até 4% nesta sessão, após anunciar nesta manhã seu plano estratégico de 2017 a 2021. A prevê investimentos de US$ 74,1 bilhões entre 2017-2021, valor que representa queda de 25% frente ao Plano de Negócios e Gestão 2015-2019, revisado em janeiro deste ano, que totalizava US$ 98 bilhões. Além disso, estão previstos US$ 19,5 bilhões de parcerias e desinvestimentos no biênio 2017/2018 (confira mais informações clicando aqui). 

O anúncio de redução de investimentos da Petrobras e foco em óleo e gás pode ter efeito sobre investimento do país, mas importante é que companhia continue processo de saneamento. É um ajuste benigno no médio e longo prazo, diz Carlos Kawall, economista do Safra, em entrevista por telefone à Bloomberg.

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Segundo o Credit Suisse, o anúncio veio em linha com o esperado, com produção de 2,77 milhões de barris por dia (bpd), acima das expectativas; capex de US$ 74,1 bilhões, na banda mais baixa das projeções; e desinvestimentos de US$ 19,5 bilhões. No comunicado, a empresa informa que planeja também a redução da alavancagem para 2,5 vezes em 2018, de 5,3 vezes em 2015, em linha com as expectativas. Já a XP Investimentos disse que segue otimista com a empresa, acreditando que ela conseguirá reduzir o nível de alavancagem e melhorar sua rentabilidade. O BTG Pactual, por sua vez, destacou, em relatório, que a boa notícia é que 86% do capex estimado agora de US$ 14,8 bilhões ao ano, ante US$ 20 bilhões anteriormente, irá para a área de exploração e produção (para ver mais análises sobre o plano de negócios, clique aqui).

Além disso, no radar, a Petrobras pediu à ANP (Agência Nacional de Petróleo) autorização para contratar, no exterior, a plataforma do sistema piloto de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. A Petrobras chegou a lançar este ano uma licitação para contratar a plataforma, mas por diversas vezes adiou a concorrência.

O contrato de partilha de Libra prevê conteúdo local mínimo de 55% na fase de desenvolvimento da produção, mas o documento prevê a possibilidade de dispensa em casos em que a operadora comprove que não há, no mercado nacional, fornecedores que possam atender à demanda no prazo, custo ou qualidade exigidos.

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O consórcio de Libra é operado pela Petrobras (40%), em parceria com a Shell (20%), Total (20%) e as chinesas CNOOC (10%) e CNPC (10%). 

Concessões
As empresas de concessões afundaram após uma avanlanche de notícias negativas. A mais penalizadas delas foi a Rumo (RUMO3, R$ 6,26, -4,86%), que no pior momento do dia atingiu queda de 9,42%, a R$ 5,96. No radar das empresas – cujas notícias afetaram também CCR (CCRO3, R$ 16,57, -1,25%) e Triunfo (TPIS3, R$ 3,75, 0,0%) -, o risco de perderem importantes concessões. Na mínima do dia, esses papéis caíram até 3,10% e 1,33%, indo a R$ 16,26 e R$ 3,70, respectivamente. 

Sobre a Rumo, o Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública pedindo à Justiça a anulação do contrato de concessão das linhas férreas no interior do Porto de Santos por indícios de fraude à lei de licitações e suspeita de formação de cartel, segundo uma reportagem do Valor EconômicoA ação foi distribuída à 1ª vara cível da Justiça federal em Santos. As linhas férreas, com cerca de 100 quilômetros, e as instalações concedidas integravam a extinta Rede Ferroviária Federal. Atualmente, a titular do contrato é a empresa América Latina Logística S.A (ALL ou RUMO3), que em 2006 assumiu o controle das empresas do Portofer. 

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Para a CCR, circula no mercado a informação de que, negociada há quase uma década e muito próxima de ser oficializada, a extensão da concessão da Nova Dutra tem grandes chances de ir para a gaveta, segundo o Valor Econômico. A equipe do governo teria chegado em um entendimento que valeria esperar o fim do contrato (2021) para não comprar uma briga com o TCU (Tribunal de Contas da União). 

Por último, merece menção a Triunfo, que também reagiu ao noticiário negativo, mas com menor intensidade. No radar, uma decisão judicial põe em risco a renovação da concessão da BR-040, administrada pela Concer (consórcio controlado pela Triunfo, com Construcap, CMSA e C.C.I Concessões). Na segunda-feira, 19, a Concer teve seus bens bloqueados judicialmente por suspeita de superfaturamento nas obras. Ela lidera a fila das empresas que aguardam a extensão antecipada de seus contratos. 

Cesp (CESP6, R$ 15,06, +6,51%)
As ações fecharam na máxima do dia, em pregão de forte volume financeiro de R$ 49,8 milhões, contra média diária de R$ 29,5 milhões dos últimos 21 pregões. Apesar da forte movimentação, nenhum fato relevante ou comunicado ao mercado foi divulgado pela empresa. Segundo dados do Profit Chart, o saldo comprador do papel foi liderado por ordens intermediadas pelo Bank of America Merrill Lynch, em R$ 14,7 milhões, seguidas pelas ordens enviadas pelo Bradesco, em R$ 2,8 milhões. 

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No radar da empresa, o BTG Pactual destacou em relatório um novo trade long&short com as ações da Cesp (posição comprada) e Cemig (posição vendida). Como justificativa, os analistas comentaram que veem um bom risco retorno para Cesp nesses níveis, dado uma potencial privatização (em meio ao noticiário recente). “A dinâmica pode ser interessante nos próximos meses, com expectativa de privatização como o principal destaque”, comentaram os analistas Antonio Junqueira, João Pimentel e Gustavo Castro, em relatório divulgado nesta manhã. Em contraparte, eles finalizaram um trade long&short com Energias do Brasil e CPFL Energia, vendo que a oferta da Camargo Corrêa pelas ações da CPFL e a expectativa de tag-along podem levar a um forte desempenho das ações. 

JBS (JBSS3, R$ 12,14, +1,17%)
A JBS Foods International Designated Activity Company (JBSFI) protocolou junto à U.S. Securities and Exchange Commission (SEC) pedidos de Form F-1 e Form F-4, a fim de registrar a distribuição pro rata de ações ordinárias da JBSFI (inclusive na forma de certificados de depósito de valores mobiliários – BDR) aos acionistas no contexto da redução de capital. A empresa anunciou em maio uma reorganização que prevê a separação dos negócios no Brasil e no exterior.

Vale e siderúrgicas
As ações da Vale (VALE3, R$ 16,70, +0,24%; VALE5, R$ 14,36, +0,77%) subiram acompanhando o dia positivo do mercado doméstico. Hoje, o minério de ferro com pureza de 62% entregue no Porto de Tianjin, na China, fechou estável, em US$ 55,30 a tonelada seca, de acordo com dados do The Steel Index. O insumo com teor de concentração de 62% de ferro e de 2% de alumínio, também fechou estável no Porto de Qingdao, ficando em US$ 55,5 a tonelada seca. 

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Eletropaulo (ELPL4, R$ 11,41, -1,64%) 
A Eletropaulo afundou até 4,05%, a R$ 11,13, após ter sua a recomendação rebaixada de overweight para neutro pelo BTG Pactual, com preço-alvo de R$ 12,00 (sendo reduzido em relação ao preço-alvo anterior de R$ 15,00). Os analistas lembram que passaram a recomendar compra para a companhia em 2014, na crença de uma quarta revisão tarifária. “Naquela época, com a ação em cerca de R$ 7,00, a relação risco-retorno parecia atraente”, ressaltam os analistas. Porém, agora, a questão sobre a piora substancial de opex (custo de operação, na sigla em inglês), que deve atingir R$ 2,1 bilhões este ano (vindo de R$ 1,9 bilhão em 2015 e R$ 1,3 a R$ 1,4 bilhão em 2014), contribuiu para a revisão. O risco do call é fusão e aquisição, mas não gostamos de ter compra por conta disso, uma vez que timing é totalmente incerto”, comentaram os analistas.

Estrela (ESTR4, R$ 0,81, +14,93%)
As ações da microcap Estrela dispararam até 23,88%, a R$ 0,83, após a empresa informar que seu acionista controlador e seu Diretor de Marketing constituíram em Assunção no Paraguai uma Sociedade denominada “ESTRELLA DEL PARAGUAY” SOCIEDAD ANONIMA que passará a fornecer brinquedos para a companhia e para outras empresas, no Brasil e na América do Sul, ao invés da China. Além da forte valorização, chamou atenção o volume financeiro movimentado com o papel hoje de R$ 1,4 milhão, contra média diária de R$ 207,5 mil nos últimos 21 pregões.

“A companhia estabelecerá contratualmente as condições de fornecimento e demais obrigações decorrentes dessa operação,de modo que os brinquedos importados do Paraguai passem a substituir parte dos brinquedos que a companhia ,atualmente,tem importado da China, com redução de custo à companhia. O contrato de fornecimento será celebrado de forma equitativa de modo que não proporcionará nenhuma vantagem aos administradores como disposto na lei 6.404/76.

A responsabilidade de toda essa operação será exclusivamente desses administradores da companhia, sendo que não fez nenhum investimento financeiro nessa operação”, destacou.

O inicio das operações está previsto para o final deste exercício ou início de 2017. Nas informações trimestrais e anuais da Estrela passarão a ser fornecidos os detalhes financeiros e contábeis dessa operação sendo que existindo em qualquer momento outras informações relevantes serão divulgadas de imediato, na forma da legislação vigente.

Viver (VIVR3, R$ 2,10, -10,64%)
As ações da Viver despencaram até 20,85% nesta sessão, a R$ 1,86, após entrar com pedido de recuperação judicial na última sexta-feira. Ontem, as negociações com os papéis ficaram suspensas na BM&FBovespa por conta do comunicado. 

O pedido de recuperação judicial da empresa envolve dívidas de cerca de R$ 1 bilhão. Dias antes, a construtora foi alvo de duas execuções judiciais, uma de R$ 15 milhões e outra de R$ 18,5 milhões, referentes a dívidas não pagas pela companhia.