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SÃO PAULO – O mercado financeiro é cheio de jargões, que podem confundir os menos envolvidos com os negócios. Há diversas expressões que se encaixam nessa categoria: blue chips, arbitragem, bullish e bearish são somente algumas delas. Em certos períodos, contudo, esses jargões se tornam mais frequentes no dia-a-dia: caso, por exemplo, de subprime, que virou figura carimbada nos noticiários durante a crise de 2008 e 2009.
Agora, em meio à crise fiscal europeia, os investidores estão incorporando novas palavras-chave ao seu vocabulário: default, austeridade fiscal, ratings e CDSs são exemplos. Veja abaixo o significado das expressões que têm se tornado cotidianas nos mercados.
Política e termos gerais:
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Default significa um calote – ou seja, se um país declarar que não pagará suas dívidas aos credores (sejam eles outros países ou instituições financeiras), ele declara um default. O termo também se refere ao atraso no pagamento das dívidas.
O termo pode ser usado em referência à taxa de devedores que não conseguem cumprir as obrigações de seus empréstimos, dando um panorama da situação geral da economia, e também em relação à taxa cobrada do devedor quando os pagamentos de uma linha de crédito estão em atraso.
O termo refere-se à política de arrecadação e despesas do governo, considerando a carga tributária tanto sobre pessoas físicas como empresas, assim como a definição dos gastos do governo com base no montante de tributos arrecadado.
A crise fiscal é o resultado de uma política fiscal mal conduzida, que acaba levando o país a um endividamento alto demais, levantando dúvidas sobre sua habilidade de arcar com seus déficits orçamentários.
São pacotes que estabelecem mudanças na política fiscal dos países, tentando conter os gastos públicos e evitar que o país se afunde em dívidas, além de demonstrar o compromisso dos governos em normalizar as contas. Entre as medidas incluídas nos pacotes de austeridade fiscal mais recentes (caso de Grécia, Espanha e Itália, por exemplo), estão o congelamento de salários de funcionários públicos, suspensão das contratações no setor público e aumento de impostos.
S&P | Moody´s | Fitch | Grau |
AAA AA+ AA AA- A+ A A- BBB+ BBB BBB- |
Aaa Aa1 Aa2 Aa3 A1 A2 A3 Baa1 Baa2 Baa3 |
AAA AA+ AA AA- A+ A A- BBB+ BBB BBB- |
Investimento |
BB+ BB BB- B+ B B- CCC CC C D |
Ba1 Ba2 Ba3 B1 B2 B3 Caa Ca C Wr |
BB+ BB BB- B+ B B- CCC CC C D |
Especulativo |
Também chamado de classificação de risco, rating refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, país, título ou operação estruturada. Além das notas, também são atribuídas perspectivas aos ratings: estável, negativa (que significa que um rebaixamento pode estar por vir) ou positiva (que indica uma possível elevação do rating em breve). A classificação é revista periodicamente, já que a qualidade de crédito pode sofrer alterações a qualquer hora, e é considerada um importante indicativo para os investidores – já que um rating ruim pode significar um investimento arriscado demais, e vice-versa.
São as instituições que classificam o perfil de crédito dos países ou empresas. Há três principais: Fitch Ratings, Moody’s e Standard & Poor’s.
Em poucas palavras, a dívida pública é a dívida contraída pelo governo para financiar parte de seus gastos que não é coberta com a arrecadação de impostos. Ela divide-se em dívida interna e externa e tem como credores bancos e instituições financeiras, investidores privados, governos de outros países. Os objetivos são, entre outros, controlar o nível de atividade, o crédito e o consumo exterior.
Indica o percentual do PIB (Produto Interno Bruto) comprometido com a dívida de um país. Se esse percentual for muito alto, pode levantar dúvidas sobre a capacidade do Estado em arcar com seus compromissos. Apesar de ser um indicador bastante considerado, ele não determina, por si só, a insolvência de um país, que também é afetada por sua credibilidade no mercado, taxa de juro e capacidade de rolar sua dívida e levantar fundos.
Os bônus, ou bonds, são títulos de dívida, e podem referir-se tanto a companhias quanto a países. Com um bond, o emissor se compromete a pagar um montante de juro em intervalos pré-determinados durante um período de tempo, além do montante da emissão – também chamado de principal da dívida – na data de vencimento.
Os pacotes de ajuda são essencialmente isso: uma boia de resgate para tentar evitar que um país ou instituição declare default e contamine outras economias ou empresas. Alguns exemplos mais recentes são o pacote de quase US$ 1 trilhão da União Europeia e do FMI para as economias do continente enfrentando problemas fiscais (em especial a Grécia), e o pacote do governo norte-americano para resgatar as instituições financeiras durante a crise financeira internacional.
Assim como há países devedores, há também aqueles que são credores. Um dos temores que assolou o mercado nas últimas semanas é que a situação dos devedores já esteja grave demais para ser resolvida e acabe transferindo seus problemas para os demais países da região, como um contágio das economias mais saudáveis.
Em um ataque especulativo, alguns players do mercado iniciam um forte movimento de venda de algum ativo – seja ele uma moeda ou um título de dívida, por exemplo – aproveitando-se de uma eventual fraqueza do mercado. A ideia pode ser recomprar o ativo depois por um preço mais baixo, lucrando com a diferença.
Quando um país ou uma empresa rola sua dívida, ele renegocia seus débitos com os credores, prolongando os prazos de pagamento. Vale mencionar que esse procedimento é comum no mercado e não se relaciona diretamente com o default – a probabilidade de default aumenta, na verdade, caso o país ou empresa não consiga rolar a sua dívida.
Termo que determina gastos do governo que excedem o valor da sua arrecadação, sem incluir gastos com pagamento de juros da dívida pública.
Semelhante ao default, o termo aplica-se a países ou empresas que tenham se tornado incapazes de arcar com as suas dívidas ou contas nos prazos estabelecidos.
O termo pode ser traduzido como margem adicional, mas geralmente é usado em inglês. Ele determina a diferença entre o preço de compra e venda de um título – ou, no caso da renda fixa, a margem adicional deve ser paga por um devedor em relação a uma taxa de referência. Em títulos do Tesouro, as condições de mercado – incluindo qualidade do crédito, volume e liquidez da emissão, prazo, além de condições gerais do mercado – determinam que o emissor deve pagar um spread acima da taxa referencial de prazo.
Operações e investimentos:
Os CDSs, ou Credit Default Swaps, são derivativos de crédito que funcionam como uma proteção contra inadimplência. Quem compra os CDSs aposta na probabilidade de uma instituição ou país não honrar suas dívidas. A transação acontece da seguinte forma: uma instituição financeira, por exemplo, compra proteção para sua carteira de crédito, e outra, que pode ser uma seguradora de títulos, vende essa proteção. Assim, o risco de default é transferido do credor para o vendedor do CDS. Vale dizer que não há um mercado que regule a negociações dos CDSs – assim, o seu valor é definido pela percepção do mercado em relação ao risco de calote.
Retorno de investimentos, referente aos dividendos ou aos juros recebidos. Normalmente são expressos anualmente como um percentual baseado no custo do investimento e seu atual valor de mercado.
Short selling, ou venda a descoberto, significa vender um ativo financeiro ou derivativo que não se tem. Nesse caso, o investidor aposta na queda do preço para, então, poder recomprar o ativo e lucrar com a diferença. É uma aposta arriscada, já que o preço do ativo pode subir ao invés de recuar.
É a venda a descoberto sem confirmação de aluguel. Em outras palavras: o investidor dá ordem de venda de um ativo, mas não o possui efetivamente para concretizar a operação. Essa prática pressiona o preço dos ativos envolvidos, já que há uma diferença de tempo entre a emissão da ordem e seu registro.
Instituições e política:
O Banco Central Europeu, responsável pela política monetária da União Europeia (definida pelos bancos centrais europeus) e pela estabilidade dos preços na Zona do Euro. Seu objetivo é preservar o poder de compra da moeda única da região, o euro. A gestão da massa monetária, a condução das operações cambiais, a detenção e a gestão das reservas cambiais oficiais dos Estados-membros e a promoção do bom funcionamento dos sistemas de pagamento estão entre as atribuições do BCE.
O Fundo Monetário Internacional inclui 186 países e tem como meta o desenvolvimento do sistema monetário global e a facilitação do comércio entre os países. O FMI também deve trabalhar para assegurar a estabilidade financeira no globo.
Acrônimo para os países europeus que, na percepção dos mercados, apresentam os maiores problemas fiscais atualmente: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha.
A União Europeia é um bloco político e econômico formado por países do continente europeu, visando promover a livre circulação de pessoas, moeda e produtos entre os membros. O bloco conta atualmente com 27 membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Espanha, Estônia, Dinamarca, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Itália, Irlanda, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia.
Área que inclui os países que usam o euro como moeda. Atualmente, são 16: Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslovênia, Eslováquia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Itália, Irlanda, Luxemburgo, Malta e Portugal.
Também chamado de Tratado da Uniao Europeia, o documento assinado em Maastricht (Holanda) em 1992 é quase o ponto de partida para o bloco, dando início formal à sua integração política e à união econômica e monetária. Estabeleceu que cada membro tem um objetivo de médio prazo relativo à sua situação orçamentária, mas impôs uma “margem de segurança” para o déficit em até 3% do PIB.