CDS do Brasil despenca para o menor nível desde maio de 2013 com efeito S&P

A agência de classificação de risco alterou a perspectiva do rating do Brasil de estável para positiva, mas manteve a nota de crédito do país em BB-

Anderson Figo

CDS do Brasil
CDS do Brasil

SÃO PAULO — O CDS do Brasil, um indicador internacional de risco de calote, despencou nesta quinta-feira (12) para 103,1 pontos, o menor nível desde maio de 2013. O movimento reflete a notícia de que a Standard & Poor’s alterou a perspectiva do rating brasileiro de estável para positiva.

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Em nota, a S&P afirmou que o governo brasileiro continua a implementar medidas de consolidação fiscal que têm ajudado a reduzir o ainda alto déficit do país. A agência citou ainda o corte nos juros — com a Selic em seu menor patamar histórico, de 4,5% ao ano — e a implementação gradual da agenda de reformas.

A nota de crédito do país na S&P continua em BB-, considerada grau especulativo. É possível que haja uma atualização do rating nos próximos dois anos, mas isso “se houver mais progresso — seja priorização, aprovação ou execução — na ampla agenda fiscal e de crescimento do governo, permitindo uma redução mais rápida dos déficits fiscais do Brasil e uma estabilização dos dinâmica da dívida.”

Nas outras duas agências de risco, Fitch e Moody’s, a nota de crédito do Brasil é BB- e Ba2, respectivamente, ambas em grau especulativo. Em entrevistas ao InfoMoney, Shelly Shetty, da Fitch, e Samar Maziad, da Moody’s, disseram que uma elevação do rating brasileiro depende da continuidade das reformas, da melhora na situação fiscal do país e de sinais de crescimento sustentado.

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Com o movimento de hoje, o CDS brasileiro se afasta ainda mais da média das nações com a mesma nota que o país nas agências de classificação de risco (BB-), em torno de 190 pontos, segundo dados da Bloomberg.

Além disso, o índice do Brasil está melhor do que a média das economias classificadas como BBB-, dois degraus acima do nosso e que define os bons pagadores, que está em torno de 115 pontos.

No CDS, quanto mais perto de zero for a pontuação, menor é o risco de o país apresentar calote da dívida internacional. O fato de o CDS do Brasil estar há meses em um nível bem mais baixo do que há alguns anos reflete a percepção menor de risco por parte do mercado.

Mas as agências de classificação de risco não costumam olhar muito para o indicador porque ele pode ser bastante volátil e reflete perspectivas de curto prazo, enquanto as definições de ratings sempre são embasadas em expectativas de médio e longo prazos.

O CDS brasileiro atingiu sua máxima histórica em 2002, quando subiu para mais de 3.500 pontos às vésperas da eleição presidencial que acabou elegendo Luiz Inácio Lula da Silva. A mínima antes de hoje, em maio de 2013, ocorreu quando o país ainda tinha grau de investimento (selo de bom pagador) nas três principais agências internacionais.

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.