CCR: não renovação da concessão do monotrilho em SP não afeta confiança na tese

Retirada do grupo da concessão da linha e a subestimação dos custos e desafios destacam que a participação neste leilão não foi uma empreitada tão bem-sucedida quanto o esperado, aponta Levante

Felipe Moreira

Monotrilho - Linha 15 - Prata (Foto: TCE/SP)
Monotrilho - Linha 15 - Prata (Foto: TCE/SP)

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O governo de São Paulo anunciou na última sexta-feira (12) a revogação do contrato de
concessão da Linha 15-Prata do Metrô, que havia sido conquistado pelo grupo CCR (CCRO3) em licitação. A CCR confirmou a decisão e declarou que não irá contestar a revogação.

Como único participante de um processo de licitação que ocorreu entre 2017 e 2019, o
Grupo CCR obteve o direito de operar a linha por 20 anos, pagando uma outorga de R$
160 milhões. No entanto, a linha se tornou alvo de uma disputa judicial após a vitória no leilão.

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Em 2019, o juiz Kenichi Koyama aceitou a argumentação do Sindicato dos Metroviários,
que afirmava que o processo de licitação foi desenhado para favorecer apenas um
grupo, e suspendeu o leilão. No final de 2022, essa decisão foi revogada,
permitindo que a concessionária assumisse a linha, o que acabou não ocorrendo.
Agora, tanto a gestão do governo de SP quanto o Grupo CCR anunciaram sua desistência de prosseguir com a disputa, encerrando o caso.

A Linha 15-Prata do metrô de São Paulo é o único monotrilho do sistema e conecta as
estações Vila Prudente e Jardim Colonial, na zona leste da capital. Essa linha facilita a
ligação dessa região com a Linha Verde, proporcionando acesso a áreas mais centrais
da cidade.

O Bradesco BBI comenta que não incluiu a Linha 15 em seu preço-alvo para CCR (a recomendação do banco para CCRO3 é de compra, com preço-alvo de R$ 18,00), então não espera um impacto material na empresa. “O governador Tarcísio de Freitas não disse se o governo estadual realizará um novo leilão”, acrescenta o banco.

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A Levante Investimentos, por sua vez, avalia que a decisão não deve afetar os resultados operacionais reportados pela divisão de Mobilidade, que atualmente inclui a operação das Linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda na cidade de São Paulo.

Por outro lado, segundo a Levante, a retirada do grupo da concessão da linha e a subestimação dos custos e desafios destacam que a participação neste leilão não foi uma empreitada tão bem-sucedida quanto o esperado.

Contudo, os analistas da Levante afirmam que isso não afeta a confiança na tese da CCR. Eles destacam que, após a mudança de gestão, a companhia tem implementado importantes mudanças estratégicas. “A gestão tem enfatizado sua dedicação à alocação assertiva de capital, o que tem sido evidenciado pela postura mais conservadora da empresa em recentes leilões e pela execução de capex em 2023”, diz relatório.

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A Levante ainda espera que a empresa continue gerando resultados positivos no futuro, aproveitando o crescimento contínuo do tráfego, mesmo que em um dígito mais baixo, além de capturar receitas adicionais e maturar suas concessões existentes.