Ibovespa cai 1,6% com Gleisi e discussão na Casa Branca; baixa no mês é de 2,64%

Mercado também registrou cautela com ajustes de posição pré-Carnaval e queda de commodities

Lara Rizério Agências de notícias

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O Ibovespa fechou o último pregão de fevereiro em forte queda, perdendo o patamar dos 123 mil pontos, com cautela pré-Carnaval e temores com a política doméstica e internacional. Já o recuo de commodities pressionou as blue chips Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4).

Assim, o benchmark da Bolsa brasileira fechou com perdas de 1,6% aos 122.799,09 pontos, depois de ter avançado 0,09% pela manhã, na máxima em 124.916,19 pontos.

O dólar também saltou superando os R$ 5,90, com elevação de 1,50%, com os juros também subindo forte.

No mês, a desvalorização do Ibovespa foi de 2,64%, com a baixa desta sessão contribuindo para boa parte da desvalorização em fevereiro.

O começo da tarde desta sexta já era de queda, com os investidores ajustando posições antes do Carnaval. Porém, a baixa se intensificou para cerca de 1% por conta da política doméstica. Isso após ser anunciada a escolha do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, seja a ministra de Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha, anunciado como próximo ministro da Saúde.

“Parece piada”, pontuou ao Broadcast o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus. “Ela é muito mal vista até mesmo por parlamentares, não só pelo mercado. O temor é que ajudará a piorar a questão de articulação do governo que já não se tem”, diz Laatus.

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Além disso, Wall Street também amenizou os ganhos posteriormente, com S&P500 chegando a operar em baixa (recuperando-se das perdas depois), após o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrarem em conflito repetidamente nesta sexta-feira durante encontro. Zelensky pediu a Trump que seja cauteloso com a Rússia e Trump acusando-o de ser desrespeitoso, à medida que as diferenças latentes se tornavam públicas.

Os dois líderes se encontraram no Salão Oval antes de um evento no qual se esperava que assinassem um acordo para a participação dos EUA no setor mineral da Ucrânia, mas o acordo não ocorreu. Zelenskiy desafiou abertamente Trump por sua abordagem mais branda em relação ao presidente russo, Vladimir Putin.

Zelenskiy rebateu as afirmações de Trump de que as cidades ucranianas foram reduzidas a escombros por três anos de guerra. Trump enfatizou que Putin quer fazer um acordo. Tal conflito levantou preocupações sobre o aumento dos riscos geopolíticos.

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“Estou perturbado com o que acabei de ver,” disse o investidor Jim Lebenthal da Cerity Partners, durante o programa “Halftime Report”, da CNBC. “Se as políticas em relações exteriores [dos EUA] agora são para fortalecer a Rússia e Vladimir Putin, não acho que isso seja bom para o mercado de ações. Não acho que isso seja bom para a economia global. Acho difícil argumentar o contrário.”

Cabe ressaltar que o principal indicador da B3 já vinha em tendência de baixa dada a cautela devido à folga de carnaval que deixará o mercado fechado até a manhã de quarta-feira que vem, em meio à entrada em vigor das tarifas de Trump na semana que vem a alguns países.

(com Reuters e Estadão Conteúdo)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.