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A notícia de uma recuperação extrajudicial do Grupo Casas Bahia (BHIA3) divulgada na noite do último domingo (28) pode ter assustado, mas analistas veem o evento como positivo, dando maior alívio financeiro para a companhia e representando um processo mais simples do que uma recuperação judicial. Por outro lado, analistas apontam ver alguns riscos para os acionistas, inclusive de diluição, o que pode levar a uma pressão para os ativos.
Confira abaixo as principais perguntas respondidas sobre a recuperação extrajudicial e como afeta as ações BHIA3 na Bolsa brasileira:
- O que foi anunciado na noite de domingo pelo Grupo Casas Bahia?
O Grupo Casas Bahia anunciou a renegociação de R$ 4,1 bilhões em dívidas através de uma Recuperação Extrajudicial. O plano estende o prazo de vencimento médio em 50 meses, além de reduzir o custo médio em 1,5 ponto percentual (p.p) e os pagamentos de dívida até 2027 em R$ 4,3 bilhões.
O processo envolverá as Debêntures (6ª, 7ª, 8ª e 9ª emissão) e as CCBs que a companhia possui com o Bradesco e Banco do Brasil. Em contrapartida, oferece aos credores a possibilidade de converter parte da dívida em equity. O plano já foi aprovado por mais de 50% dos credores, com a aprovação legal esperada para os próximos 30 dias.
2. Qual a diferença entre o pedido de recuperação extrajudicial e o pedido de recuperação judicial?
Diferente de uma recuperação judicial, a recuperação extrajudicial possui maior agilidade, menor burocracia e custos reduzidos para a companhia, ressalta a Genial Investimentos. E, o mais importante, tem um escopo limitado (6ª, 7ª, 8ª e 9ª emissão de debêntures e CCB) − não impactando as demais dívidas da companhia.
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3. Quais são as próximas etapas?
A empresa deverá agora submeter o Plano a um Tribunal Judicial na próxima semana, com aprovação prevista para 30 dias, aponta a XP Investimentos. Os analistas da casa reforçam que o plano já foi aprovado pelos principais credores da empresa (Banco do Brasil e Bradesco), que representam 55% da dívida, acima do limite mínimo de 50%.
4. Como os analistas viram o anúncio?
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A XP ressalta que este é outro passo importante na reestruturação da companhia, uma vez que reduz fortemente o peso da dívida nos próximos três anos, deixando a empresa em uma posição mais confortável para executar outros ajustes operacionais e ajustar sua estrutura de capital. Além disso, observa que o plano não compromete as obrigações existentes com fornecedores e funcionários.
O JPMorgan também aponta que este anúncio significa que 1) há um alívio no fluxo de caixa de aproximadamente R$ 4,3 bilhões ao longo do próximos 4 anos, 2) a empresa deverá manter suas operações com menores limitações de caixa do que o visto no passado recente (ou seja, ser mais competitivo dada a maior liquidez do curto prazo).
A Genial também avalia que, além de dar maior segurança contra a volatilidade do mercado no médio prazo, a carência de juros de 24 meses e do principal de 30 meses devem fornecer um alívio para que a gestão da companhia foque nas alavancas operacionais do Plano de Transformação 2025. Atualmente, o custo médio das dívidas é de CDI + 2,75%. Após a reestruturação, haverá apenas uma debênture com duas séries: uma com uma taxa de CDI + 1,5% e a outra com CDI + 1%.
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5. Quais são os possíveis riscos no radar?
Enquanto há um alívio financeiro, analistas são unânimes em destacar a diluição potencial dos acionistas. Para tornar a operação mais atraente para os credores, ressalta a Genial, uma parte da segunda série (63% do total) poderá ser convertida em equity dentro de um período de 18 a 36 meses após a conclusão da operação. Para ser elegível para a conversão, os credores terão que manter as condições atuais das outras linhas que possuem com a empresa (incluindo o risco sacado e os CDCIs, no caso dos bancos), ou disponibilizar novo capital para a companhia.
A Genial ressaltou que poderia haver pressão negativa para o papel, com o mercado acompanhando o risco de diluição dos acionistas no cenário onde os credores optem pela conversão da dívida em equity. “Contudo, entendemos que este plano é, sem dúvidas, um evento positivo para a companhia, uma vez que endereça os problemas relacionados ao alto custo de dívida da companhia. Com uma redução de despesas financeiras no valor de R$ 60 milhões ao ano, o grupo deve continuar seus esforços no Plano de Transformação 2025 anunciado no ano passado”, avalia a casa de research, mantendo recomendação neutra para o papel e colocando o preço-alvo para “em revisão”.
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As ações tiveram reação fortemente positiva ao pedido de recuperação extrajudicial. Carlos Daltozo, chefe de análise da Eleven Financial, vê o processo como menos custoso do que uma recuperação judicial e também limita o escopo às dívidas financeiras, não impactando outros pontos que uma eventual recuperação judicial poderia afetar, sendo este um bom caminho para a varejista.
O JPMorgan, por sua vez, também reforça o risco de uma diluição potencialmente material da base acionária, embora entenda que os acionistas provavelmente terão prioridade de subscrição em potenciais conversões de dívida. O banco segue underweight (exposição abaixo da média, equivalente à venda) para Casas Bahia em meio à visibilidade limitada em torno do seu plano de recuperação, embora saudando a anunciada redefinição do perfil da dívida.
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A XP vê uma diluição potencial de até 83% atrelada à opção dos credores de converter sua dívida em ações, assumindo os preços atuais e nenhum comprometimento dos atuais acionistas. Além disso, os analistas da casa destacam outro risco: a reação dos consumidores ao anúncio.
6. Outras empresas do setor têm a ganhar com isso?
Para os analistas da XP, podendo haver potencial impacto na demanda, principalmente online, a depender da percepção dos consumidores a partir das notícias sobre o Plano, sendo Magazine Luiza (MGLU3) a mais beneficiada na frente de lojas físicas, embora com o macro ainda sendo um obstáculo, e Mercado Livre (MELI34) no canal online. A XP segue com recomendação neutra para BHIA3.