Casas Bahia: balanço ainda fraco, mas melhor do que o “temido” faz BHIA3 disparar 24%

A companhia apresentou lucro líquido de R$ 37 milhões no segundo trimestre de 2024 e reverteu prejuízo de R$ 492 milhões no mesmo período de 2023, mas ainda com prejuízo em termos ajustados

Lara Rizério

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Melhores do que o esperado (ou do que temido). Esta foi a visão geral dos analistas para os números do Grupo das Casas Bahia (BHIA3), com destaque principalmente para a melhora da rentabilidade em meio ao processo de reestruturação da varejista. Com isso, nesta quinta-feira (8), os papéis BHIA3 fecharam com disparada de 24,36%, a R$ 5,31, inclusive acelerando os ganhos no início da tarde para mais de 20% e após alguns leilões.

A companhia apresentou lucro líquido de R$ 37 milhões no segundo trimestre de 2024 e reverteu prejuízo de R$ 492 milhões no mesmo período de 2023. O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) Ajustado da companhia foi de R$ 452 milhões, com queda de 3,5%, porém uma margem Ebitda 0,7 ponto porcentual maior, em 7%. A receita líquida da varejista caiu 13,5% e ficou em R$ 6,479 bilhões.

“A Casas Bahia reportou resultados melhores do que o temido no 2T24. Embora a receita tenha ficado amplamente em linha com as expectativas pouco exigentes, mais uma vez a margem Ebitda ajustada surpreendeu positivamente devido à margem bruta melhor do que o esperado. Isso foi impulsionado por um mix de vendas mais favorável, já que a empresa continua a se concentrar em um sortimento mais lucrativo e a mudar algumas categorias de 1P [estoque próprio] para 3P [marketplace]”, avalia o Goldman Sachs.

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No geral, o Ebitda absoluto superou as expectativas do Goldman e da Bloomberg em 6% e 7%, respectivamente. A dinâmica do capital de giro também mostrou melhora (-23 dias ano a ano, avalia o banco, impulsionada principalmente pelos estoques), levando o consumo de fluxo de caixa livre a melhorar significativamente ano a ano.

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Para a XP, os resultados foram fracos, uma vez que a reestruturação continua a prejudicar o crescimento da receita e os resultados financeiros a pressionar o lucro, mas a rentabilidade teve melhora.

O GMV (vendas brutas de mercadorias) total diminuiu 12% em relação ao ano anterior, impulsionado por um fraco desempenho online no 1P (-34%) devido ao menor investimento no canal B2B e ajustes no mix de produtos, enquanto o ambiente macro desafiador continuou a ser um obstáculo para o desempenho no varejo físico (-2,5%) e no 3P (estável em relação ao ano anterior). Como resultado, as vendas líquidas consolidadas caíram 14%.

A XP também aponta que a rentabilidade foi o destaque, com iniciativas de reestruturação, como a otimização de estoques e mix de produtos, ainda sustentam a melhora da margem bruta (+1,5 ponto percentual, ou p.p., em relação ao ano anterior e +0,8 p.p em relação ao trimestre anterior), embora a margem Ebitda ajustada tenha aumentado em menor escala devido à desalavancagem operacional.

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Já o prejuízo líquido ajustado (excluindo um ganho não-caixa não recorrente de R$637 milhões relacionado à renegociação da dívida) foi de R$ 384 milhões, ainda impactado por pesadas despesas financeiras, enquanto a geração de caixa foi positiva em R$ 127 milhões, apoiada pela monetização de créditos tributários, embora com pagamentos ainda elevados de contingências trabalhistas (R$ 190 milhões).

O JPMorgan ressalta os resultados operacionais fracos, mas em recuperação, no 2T24, afetados por um ambiente de demanda ainda desafiador, além do plano de recuperação em andamento. Nesse contexto, as vendas líquidas caíram 13% ano a ano (em linha com o consenso), enquanto a empresa expandiu a margem bruta e Ebitda. “Ainda assim, o lucro por ação ajustado (excluindo o impacto do reperfilamento da dívida) foi de – R$ 3,40 versus – R$ 5,30 no ano passado e abaixo do consenso de – R$ 2,60. Em nossas estimativas, ao excluir os R$ 357 milhões em venda de créditos fiscais, a empresa queimou cerca de R$ 180 milhões de caixa trimestralmente”, aponta o banco americano.

Para a Genial, o destaque ficou para os dados de vendas. Apesar de consolidar uma dinâmica operacionalmente fraca, com uma retração de 11,8% no volume total de vendas ano a ano, a performance no canal de lojas físicas não veio tão ruim quanto o esperado, com o grupo registrando um GMV de Lojas Físicas de R$ 5,9 bilhões (-1,7% na comparação ao ano, 5,2% acima da projeção da Genial).

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Analistas do Citi também destacaram que a varejista mostrou no segundo trimestre uma melhora na rentabilidade, “o que parece refletir o projeto de transformação da administração”, conforme relatório a clientes. “No entanto, excluindo efeitos de itens extraordinários, a companhia apresentou um prejuízo elevado em razão da queda nas vendas, desalavancagem operacional e despesas financeiras recorrentes elevadas”, afirmaram.

O Bradesco BBI ressalta que os resultados não estavam muito distantes de suas estimativas em termos de nível de contração de vendas e lucro. “À medida que a empresa avança com seu plano de transformação, os resultados do 2T24 ainda permaneceram sob pressão, especialmente na linha superior, embora com bastante progresso na margem, aproximando-se dos níveis históricos”, avalia o banco.

A companhia ainda forneceu uma atualização sobre as iniciativas do plano de transformação, de junho de 2023 a março de 2024, em que a principal meta era lucratividade/fluxo de caixa, mesmo ao custo da contração do GMV. Agora, avança para “apostas seletivas” de investimentos para fortalecer o negócio principal e aumentar as receitas (meta do cronograma: abril de 2024 a maio de 2025) para, somente então, até o 2S25, acelerar a expansão.

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“Vemos que a pressão do plano de transformação sobre os resultados está em grande parte ficando para trás e agora a empresa deve entrar em uma fase de encontrar caminhos para aumentar a receita de forma sustentável, sem prejudicar as margens e impulsionar a alavancagem operacional – para níveis mais normalizados”, avalia o BBI. O banco, por enquanto, mantém recomendação neutra para BHIA3 e com preço-alvo de R$ 9 por ação, em vista de um ambiente ainda desafiador. O Goldman, o JPMorgan e a Genial, por sua vez, possuem recomendação de venda ou equivalente para os ativos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.