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SÃO PAULO – Dentre as diversas possibilidades de estratégias existentes no mercado e suas variáveis de Trade System, os ‘acompanhadores de tendência’, mais conhecidos como trend followers, caem na graça de muitos traders pois costumam trazer resultados consistentes ao longo do tempo.
A busca por ganhos nos grandes movimentos do mercado invariavelmente esbarra em regras operacionais que exploram as médias móveis, Position Sizing e manejo de risco. Sendo extremamente simplista, é possível criar uma estratégia rentável de Trend Following somente com os três componentes, mas isso não implicará necessariamente em um sistema eficiente.
Por conta destes motivos, muitos profissionais até hoje dedicam horas de estudo para o desenvolvimento de médias móveis que acompanhem mais de perto os preços, mas que ao mesmo tempo não sejam constantemente atingidas pelos ruídos de mercado. Em termos de operação, reduzir o tempo para a entrada no trade e ser mais eficiente na identificação das mudanças de tendência.
Média móvel exponencial, ponderada e triangular são algumas das variações, mas duas em especial ganharam notoriedade na década de 1990 pelos resultados positivos apresentados – Vidya (Variable Index Dynamic Moving Average) e Hull Moving Average.
Vidya – um mix de volatilidade
Em março de 1992, o renomado trader Tushar Chande, criador dos indicadores Aroon e DMI, desenvolveu uma média móvel combinando uma média móvel exponencial, um coeficiente de volatilidade e uma constante para suavizar a média móvel:
VIDYAd = {k (σn/σref) Cd} + [1 – k (σn/σref)}] VIDYAd-1
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k: constante calculada a partir da média móvel exponencial
σn: desvio padrão dos preços em n períodos
σref: desvio padrão referencial em σn (utiliza-se um período mais longo)
Cd: preço de fechamento
Segundo Chande, o desvio padrão referencial pode ser um valor arbitrário, contanto que seja uma medida que ajude a suavizar o movimento da Vidya, ou seja, não deixe de exercer sua principal função.
Vidya longa e curta
O trader pode escolher quais valores utilizar ao calcular a média móvel variável. No entanto, Chande realizou uma série de backtests utilizando o histórico do S&P 500 para definir os melhores parâmetros.
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Em termos práticos, uma Vidya de longo prazo utiliza como referência uma média móvel exponencial de 25 semanas, correspondente a um k de 0,078. Para o cálculo da volatilidade do mercado, Chande utiliza um σn de 13 semanas, equivalente a um σref de 6. Deste modo:
VIDYALd = {0,078*(σ13/6)*Cd } + {1 – 0,078*(σ13/6)} VIDYALd-1
Já a Vidya de curto prazo utiliza como referência uma média móvel exponencial de 12 semanas, correspondente a um k de 0,15. Para o cálculo da volatilidade do mercado, utiliza-se um σn de 10 semanas, equivalente a um σref de 4. Deste modo:
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VIDYASd = {0,15*(σ10/4)*Cd } + {1 – 0,15*(σ10/4)} VIDYASd-1
Outra maneira para calcular a Vidya consiste no uso do CMO (Chande Momentum Oscillator), indicador de momentum desenvolvido pelo próprio Chande. Assim:
VIDYAn = Cd*F*ABS(CMOn) + VIDYAn-1*{1 – F*ABS(CMOn)}
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Cd: preço de fechamento
F: 2/n+1
ABS(CMOn): valor absoluto do CMO no período n
VIDYAn-1: valor do Vidya no dia anterior
Resultado
Em seus estudos com base no histórico do S&P 500, Tushar Chande concluiu que os traders que utilizaram a Vidya como referencial de compra e venda do índice obtiveram um resultado melhor frente às médias móveis exponenciais, já que sinalizaram com mais rapidez e eficiência as mudanças de tendência, em vista ao vínculo à volatilidade.
Hull Moving Average – a raiz quadrada do mercado
Com o mesmo objetivo de Chande, Alan Hull, um dos mais famosos traders da Austrália, desenvolveu uma média móvel mais rápida e menos propensa ao falso rompimento, intitulada como HMA (Hull Moving Average). Segundo o trader, a HMA elimina a defasagem rotineira das médias comuns e ao mesmo tempo é mais suavizada frente ao movimento dos preços.
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Para que este efeito seja possível, Hull utiliza uma MMP (Média Móvel Ponderada) e a raiz quadrada do período analisado, em fórmula que apenas considera o número inteiro do resultado da raiz quadrada e da divisão. Deste modo:
HMAn = √MMP(2*MMP(Valor,n/2) – MMP(Valor,n)
Valor: resultado da MMP no período
n: período
Comparando com gráficos
Para entender melhor a dinâmica de cada média móvel, foram postas no Metastock® as três referências no gráfico diário do Ibovespa entre agosto do ano passado até o dia 5 de abril. No caso das Vidyas, as configurações foram mantidas, enquanto para a HMA, o período utilizado foi de 20. Seguem os resultados:
Como se pode perceber, a HMA é muito mais sensível ao movimento dos preços, assim como ao objetivo traçado pelo próprio Hull, sendo uma boa opção para operações de day trade.
Quando em tendência, a Vidya de curto prazo acompanhou com eficiência os movimentos do mercado, ideal para swing traders e até como um possível Trailing Stop. A de longo prazo pode ser uma boa alternativa para estratégias de cruzamento de médias móveis, por exemplo.
Conclusões
As sugestões citadas acima são baseadas em um pequeno espaço de tempo e não foram concluídas através de portfólio backtesting. Portanto, caso venha aplicar em sua estratégia, recomenda-se simular os resultados.
O interessante das três médias móveis é que elas oferecem distintos setups operacionais, tendo em vista as configurações sugeridas, e, pelo teste proposto com a pequena amostra, mostram-se eficientes. Assim, ficam as alternativas para otimizar seu Trade System e auferir maiores lucros no mercado.