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SÃO PAULO – Após as recentes altas do dólar nas últimas semanas, um movimento pouco olhado pelo mercado pode levar a moeda norte-americana a cair forte ante o real nos próximos dias. A queda de 2% desta terça-feira (6), segundo analistas, tem mais relação com dados ruins da economia dos Estados Unidos, mas este pode ser apenas o começo de uma enxurrada de dólares que podem entrar no país daqui para frente.
Matéria da Agência Estado na última semana indica que 4 grandes captações podem ser feitas por empresas brasileiras no exterior nos próximos dias, o que segundo o diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, seria um fato favorável para enfraquecer o dólar por aqui. Entre os fatores que levam às captações está a recente queda do CDS, puxado por investidores mais otimistas com uma recuperação do país diante da mudança de governo.
Uma das empresas envolvidas nesta captação é a Minerva (BEEF3), que esta em roadshow com investidores estrangeiros até esta quarta-feira (7), para apresentar uma operação a partir da qual pretende recomprar bônus que vencem em 2023, cujo montante é de US$ 868 milhões, segundo a Agência Estado. De acordo com a agência de notícias, a Petrobras (PETR3; PETR4) também deve voltar ao exterior com uma operação em euros e libras, para recomprar papéis nessas moedas que estão em circulação.
Este tipo de operação ajuda bastante na queda do dólar já que acaba trazendo um grande volume de moeda estrangeira para o país. Além disso, operações bem sucedidas deste tipo indicam um bom humor do estrangeiro em relação ao nosso mercado, o que também traz a sinalização de que o Brasil pode se favorecer neste momento, principalmente com o cenário das altas taxas de juros pagas por aqui, o que ajuda o real a se valorizar.
Para se ter uma ideia, o volume emitido de maio a agosto por empresas e pelo Tesouro no exterior alcançou US$ 17,5 bilhões, sendo que a Petrobras captou US$ 9,75 bilhões. Já o Tesouro levantou US$ 3 bilhões, enquanto a Vale acessou US$ 2,25 bilhões. A Cosan captou US$ 650 milhões, a Marfrig emitiu US$ 900 milhões e a Suzano outros US$ 500 milhões.
Porém, há um risco que pode segurar o mercado por mais um tempo. A operação Greenfield da Polícia Federal feita na última segunda-feira levantou certo temor ante os investidores estrangeiros, mesmo considerando que nenhuma das empresas emissoras estão envolvidas nas investigações. Mesmo assim, estas empresas estão atentas sobre os desdobramentos e seus impactos, que podem adiar estas emissões.