Caixa Seguridade e BB Seguridade: como as chuvas no RS devem se refletir no 2T24

Fortes chuvas no Rio Grande do Sul devem pressionar resultados das seguradoras no 2T24

Felipe Moreira

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A temporada de balanços ganha força, sendo que no início de agosto BB Seguridade (BBSE3) revelará seus números (dia 5), assim como a Caixa Seguridade (CXSE3) (dia 8).

O UBS BB prevê mais um trimestre fraco para Caixa Seguridade (CXSE3), ao incorporar os impactos das enchentes no Rio Grande do Sul e a maior taxa de sinistralidade do seguro prestamista. Com isso, o banco reiterou recomendação neutra para ações da Caixa Seguridade e reduziu o preço-alvo de R$ 16 para R$ 15.

Em maio de 2024, dados da Susep mostraram os primeiros impactos das fortes chuvas no Rio Grande do Sul e junho ainda deve apresentar alguns impactos (embora de menor magnitude). Para a seguradora, os principais impactos foram vistos no seguro habitacional, com a taxa de sinistralidade na Caixa Seguradora saltando para 93% (de 36% em abril) e 219% na XS3 (de 25%).

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O UBS BB destaca que os resultados foram suavizados pelo resseguro, com uma contribuição positiva de R$103 milhões na Caixa Seguridade e R$ 178 milhões na XS3, levando a taxa de sinistralidade consolidada (ajustada pelo resseguro) para 40% contra média histórica de 12 meses de 23%.

Este mês, a Caixa Seguridade informou ao mercado uma provisão de R$ 340 milhões em sinistros de seguro prestamista, impactando negativamente a receita de equivalência patrimonial da seguradora em R$ 130 milhões no 2T24, devido ao recebimento de dados da Caixa Econômica Federal, contendo nomes de pessoas falecidas que apareciam como titulares de contratos ativos (sem aviso de sinistro até então).

Assim, a taxa de sinistralidade do seguro de vida de crédito aumentou para 178% em maio-24 (de 17% em abril) e o banco elevou suas expectativas em 5 p.p. para frente (já que a média histórica era maior do que anteriormente relatado).

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Segundo as estimativas do banco, o lucro líquido deve atingir R$ 802 milhões no 2T24, uma retração de 13% na base trimestral, o mais baixo desde o 3T22 e 10% abaixo do consenso atual.

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Para os próximos trimestres, o UBS BB espera uma recuperação gradual, com lucro líquido atingindo R$ 3,75 bilhões em 2024, atual anual de 7%. Para 2025, o lucro líquido previsto é de R$ 4,3 bilhões, um avanço de 15% frente ao ano anterior.

BB Seguridade (BBSE3)

O Goldman Sachs mantém classificação neutra para BB Seguridade, pois vê uma avaliação equilibrada e um crescimento limitado de lucros no curto prazo. O banco também reiterou preço-alvo de R$ 37, com a ação sendo negociado a 8,4 vezes o Preço/Lucro projetado para 12 meses, um prêmio de 110% em relação ao Banco do Brasil (BBAS3) contra uma média histórica de 103%.

O Goldman também comenta que espera para um aumento na taxa de sinistralidade devido às enchentes no estado do RS, embora ainda dentro de níveis gerenciáveis e expectativa de normalização parcial em junho.

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Segundo o relatório, as sinistralidades de seguros em média foram de 43% até abril (de 29% no 1T24), pressionadas por seguro de prestamista e rural. O banco observou que 38% das sinistralidades durante março e abril originaram-se do estado do Rio Grande do Sul ante média histórica de 16%, afetadas pelas enchentes no estado e provavelmente normalizadas em junho.

Entre o final de abril e início de maio, vários municípios no estado do Rio Grande do Sul foram afetados por fortes chuvas (notícia). “Embora também afetada, a BB Seguridade foi mais isolada do evento devido ao seu mix de produtos”, explica Goldman Sachs.

Em abril e maio, 38% das sinistralidades da Brasilseg originaram-se do Rio Grande do Sul (contra média histórica de 16%). A taxa geral de sinistralidade em maio aumentou para 50%, enquanto a taxa no estado do Rio Grande do Sul saltou para 242%. O Goldman Sachs observa que o aumento permaneceu dentro de um nível gerenciável e bem abaixo dos picos no início de 2022 e início de 2023, quando La Niña impulsionou sinistros mais altos no sul do Brasil.

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Além disso, o banco americano disse que continuará monitorando a possível transição de El Niño para La Niña, o que poderia afetar as sinistralidades rurais no início de 2025, dependendo da severidade do evento climático. A seguradora divulga seus resultados em 5 de agosto antes da abertura do mercado.

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Analistas do Goldman projetam o lucro líquido do 2T24 fique 1% abaixo do consenso da Bloomberg, em R$ 1,9 bilhões, baseada em dados de seguros para abril e maio da SUSEP. Os prêmios de seguros subscritos estão no limite inferior do guidance, seguindo uma desaceleração no seguro prestamista. Da mesma forma, as entradas médias de previdência também desaceleraram, mas no limite superior da orientação anual de 8% a 12%.