Cade pode julgar compra da Unidas pela Localiza nesta quarta; mercado ainda vê desfecho incerto

Independente do resultado, analistas veem relação risco-retorno atrativa para as ações

Mariana Zonta d'Ávila

(Divulgação)
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Após um ano de incertezas, a proposta de incorporação da Unidas (LCAM3) pela Localiza (RENT3) pode chegar a um desfecho nesta quarta-feira (15), em meio à última reunião do ano do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que avalia o negócio.

O processo no Cade já se alonga há algum tempo por se tratar de uma operação complexa, com a Superintendência-Geral do órgão tendo recomendado, em setembro deste ano, remédios que foram considerados menos amargos do que o esperado.

O prazo final para o veredicto ocorre no início de janeiro e precisa ser votado antes do recesso. Assim, se ficar de fora da pauta da reunião desta quarta, será necessária uma sessão extraordinária para discussão do tema pelos conselheiros.

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Na avaliação do Bank of America, embora a decisão final não esteja clara, o banco vê uma relação risco-retorno atrativa para a situação independentemente do resultado.

O time avalia que o valuation de RENT3, de 20 vezes o preço sobre lucro estimado para 2022 (assumindo um cenário sem acordo) representa um desconto de 30% em relação aos dados históricos e fornece um “colchão” contra um resultado negativo.

“Vemos o negócio potencial como um movimento estratégico inteligente com a equação de risco- retorno enviesada para o lado positivo. Nosso modelo de avaliação não incorpora o negócio, mas mesmo nesse cenário a RENT ainda oferece um potencial atrativo de upside de 25% para o nosso preço-alvo, sendo negociada com desconto de 30% na média dos últimos três anos”, escrevem os analistas.

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O BofA manteve sua recomendação de compra para as ações RENT3, com preço-alvo de R$ 68.

Em relatório, o time da casa de análise Levante Investimentos também vê um desfecho ainda incerto para o imbróglio a respeito da fusão das companhias, devido à forte divisão entre os conselheiros nos bastidores.

Para os analistas, a fusão é vista como “muito provável”, levando em consideração que nunca houve uma sinalização de reprovação total, inclusive com a SG já tendo dado indicação favorável em setembro. No entanto, o time diz esperar “remédios mais contundentes” do que os que foram previamente divulgados.

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A Levante destaca ainda que a Localiza já manifestou estar aberta a realizar concessões, com rumores de que estaria disposta a vender a marca Unidas.

Relembre o caso

Em setembro de 2020, a Localiza anunciou uma proposta de fusão com a Unidas. A transação pendente se basearia em uma troca de ações com relação de 0,447 por ação LCAM3.

Concluída a operação, 76,9% da nova companhia pertenceria aos acionistas da Localiza, e 23,1% aos de Unidas

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Em setembro deste ano, a Superintendência do Cade emitiu parecer recomendando a aprovação da fusão entre Localiza e Unidas mediante remédios.

Ela recomendou a celebração de um Acordo em Controle de Concentrações (ACC), com remédios estruturais e comportamentais, o que deveria ser analisado pelo Tribunal do Cade e pelas empresas envolvidas na operação.

As restrições foram mais suaves do que os analistas apontavam. Dentre elas: 1) Unidas precisará reduzir o tamanho de sua frota de rent-a-car (aluguel de veículos) e vender algumas lojas; 2) cancelar a não concorrência com a Vanguard (ou seja, as marcas Enterprise, National e Alamo) e o acordo de referência mútua e 3) limitar a quatro marcas utilizadas em agências de viagens on-line.

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Além disso, não solicitou à Localiza a venda da marca Unidas e nenhuma restrição foi imposta ao gerenciamento de frota e às lojas de seminovos.

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