Cade deve reprovar hoje fusão Kroton-Estácio; OPAs, Vale, Petrobras e mais 8 notícias no radar

Confira os destaques do noticiário corporativo desta quarta-feira (28)

Lara Rizério

Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas
Setor extrativo foi destaque de baixa em janeiro, mas projeções para o ano são boas

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SÃO PAULO – O noticiário corporativo desta quarta-feira (28) tem como destaque o julgamento da fusão Kroton-Estácio pelo Cade que, segundo jornais, deve ser reprovada. Frigoríficos de olho em aquisições em meio à crise da JBS, as falas do CEO Pedro Parente e mais destaques no radar:

Kroton (KROT3) e Estácio (ESTC3)
Vale destacar que, segundo os jornais Valor Econômico e Folha de S. Paulo, a fusão Kroton-Estácio será rejeitada hoje pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Segundo o Valor, pelo menos quatro dos sete conselheiros do órgão antitruste votarão contra o negócio. Apenas a relatora do caso, Cristiane Alkmin, é a favor da fusão, ainda assim com a exigência da venda de vários ativos. Os votos dos dois novos conselheiros só serão conhecidos durante a sessão. Porém, mesmo que sejam favoráveis à operação não mudariam o resultado. 

Ontem a Kroton confirmou, por meio de comunicado, que estudava retirar de forma provisória o processo de fusão do Cade, além de suspender a venda de ativos para atender às exigências da autarquia antitruste. “Até o momento, contudo, não há definição concreta sobre potencial desinvestimento ou mesmo sobre pedido de retirada da operação junto ao Cade que justificasse a divulgação de fato relevante pela Kroton”, disse a companhia em comunicado. Porém, segundo o Valor, a tentativa foi fracassada. A Estácio alegou que um acordo nesse sentido dependeria de aprovação pela assembleia de acionistas ou do pagamento de multa rescisória de R$ 150 milhões.

Vale (VALE3;VALE5)

Após a aprovação da reestruturação societária em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada ontem, a Vale comunicou o início do prazo de 45 dias para conversão das ações PNA em ON. Os acionistas poderão fazer a solicitação da conversão até o dia 11 de agosto. Em aviso aos acionistas, a mineradora lembra que a implementação da conversão voluntária depende da adesão de 54,09% das ações PNA. Os acionistas vão receber 0,9342 ação ON para cada ação PNA.

Na assembleia, a conversão voluntária foi aprovada com 68,21% de votos das ações preferenciais – e 78% das ordinárias -, que serão os papéis que deverão aderir à operação. O porcentual seria ainda maior caso Valepar, Previ e BNDESPar tivessem votado. Os três se abstiveram de deliberar sobre a matéria na AGE para evitar alegações de conflito de interesse e preservar a imparcialidade da votação, uma vez que a proposta de reestruturação foi apresentada pelos controladores. A abstenção no item 1 da pauta somou 97,374 milhões de ações. Houve 827,7 milhões de ações aproximadamente com voto favorável.

Dificilmente os donos de ações preferenciais que votaram a favor da relação de troca na conversão deixarão de aderir a ela. “Está praticamente resolvida a fatura”, avalia uma fonte que acompanha a reestruturação.

Cesp (CESP6)
O governo do Estado de São Paulo promoverá em julho reuniões com investidores na China, na Europa e na América do Norte para buscar interessados na elétrica paulista Cesp, cujo leilão de privatização está previsto para setembro deste ano, disse à Reuters nesta terça-feira uma fonte com conhecimento direto do assunto.

A viagem deverá contar com representantes da Secretaria da Fazenda de São Paulo, da Cesp e do Banco Fator, que foi contratado para assessorar o processo de venda do controle da empresa, e o foco será apresentar a oportunidade de negócio a investidores estratégicos e financeiros na China e na América do Norte e a investidores institucionais na Europa.

Em paralelo, haverá ainda apresentações para grupos brasileiros, sendo que alguns desses já chegaram a demonstrar interesse na transação, de acordo com a fonte, que falou sob a condição de anonimato porque as conversas não são públicas.

Atualmente, a equipe responsável pela privatização está atualizando os estudos sobre o preço que será fixado para as ações da elétrica estatal que serão vendidas, o que deverá ser divulgado no edital definitivo do processo, que deve ser publicado na primeira semana de agosto.

Esse preço, disse a fonte, deverá levar em consideração a expectativa de que o novo controlador da Cesp receberá indenizações do governo federal após o vencimento das atuais concessões das três hidrelétricas operadas pela empresa, em 2020, 2021 e 2028.

Além disso, a Cesp tem mantido uma disputa judicial com o governo federal para exigir uma indenização maior por usinas que tiveram as concessões vencidas nos últimos anos e já foram inclusive devolvidas à União e relicitadas.

Segundo a fonte, o edital da privatização terá uma cláusula para prever um “earn-out”, caso o novo controlador consiga elevar os valores dessas indenizações, que foram reconhecidos pelo governo em 1,95 bilhão de reais.

A Cesp defende na Justiça que teria direito a cerca de 8,25 bilhões de reais por investimentos feitos nessas usinas e que ainda não haviam sido amortizados. “Na negociação (com o novo controlador), se houver qualquer ganho, haverá um earn-out para os atuais acionistas da empresa… isso vai estar no edital”, disse a fonte.

Ainda de acordo com a fonte, não há grande preocupação sobre os efeitos da crise política do Brasil sobre o leilão, uma vez que o negócio oferecerá rentabilidade e uma boa relação entre risco e retorno. Procurada, a Cesp não se manifestou imediatamente sobre o assunto.

Cemig (CMIG4)
A Cemig informou que foi aprovada a proposta do conselho de administração que permite a empresa ultrapassar as metas de endividamentos por motivos conjunturais, mediante justificativa prévia. Apesar da decisão, a empresa informou também que a BNDESPar votou contra a proposta. As mudanças preveem que a meta de endividamento consolidado passe de igual ou inferior a 2 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para igual a 2,5 vezes e que a relação de endividamento passe do limite de 40% para 50%. O montante de recursos destinados a investimentos de capital e à aquisição de quaisquer ativos foi mantido em, no máximo, 40% do Ebitda.

A companhia ainda comunicou ter recebido da chinesa State Power uma oferta para comprar a participação da elétrica mineira na Madeira Energia, na usina hidrelética de Santo Antônio. Em maio, a Cemig anunciou que negociava a venda de sua fatia na usina de Santo Antônio, em Rondônia, uma das maiores hidrelétricas do país, com investimento estimado em cerca de 20 bilhões de reais, da qual detém 18 por cento.

O Bradesco BBI vê movimento como “muito positivo, uma vez que é uma evidência material da boa vontade da empresa em relação ao cumprimento de seu plano de desinvestimento”; “vemos uma chance concreta” de Cemig reduzir alavancagem dos atuais 4,6 vezes para 4,4 vezes no curto prazo.

Por fim, a companhia informou que seu conselho de administração nomeou o diretor de Distribuição e Comercialização, Luís Fernando Paroli Santos, para ser o diretor-presidente da Light. Na sexta-feira, a então presidente da Light, Ana Marta Veloso, renunciou ao cargo, que ocupava desde dezembro de 2015, após a Cemig ter aprovado o início do processo de alienação de sua participação na Light.

Frigoríficos

Em meio à crise na JBS (JBSS3) que leva a companhia a buscar se desfazer de ativos, as concorrentes BRF e Minerva Foods estão de olho em novas aquisições conjuntas no mercado de bovinos, destaca a coluna do Broad.

A BRF (BRFS3) tem 12% da Minerva (BEEF3) e, mais do que nunca, não pretende se desfazer dessa participação, obtida em uma transação ocorrida em 2013. Procuradas, as empresas não comentaram sobre eventuais aquisições. 

Petrobras (PETR3; PETR4)
A Petrobras voltará a atuar em energias renováveis após fase de transição para resolver altíssimo endividamento, disse nesta terça-feira o presidente da estatal, Pedro Parente, durante o Ethanol Summit, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo. A afirmação foi feita após a Petrobras ter vendido importantes ativos no setor sucroalcooleiro, como parte de seu programa de desinvestimentos.

Parente disse ainda que a Petrobras sabe que tem que buscar caminhos alternativos para garantir sustentabilidade de seu negócio no futuro. Para ele, a indústria de etanol tem um grande futuro e “é uma saída brasileira”. “Não há razão para não nos esforçarmos para viabilizá-la”, disse. Parente ainda afirmou que a Petrobras entregou defesa à CVM sobre republicação de balanços. 

Além disso, o governo espera receber ainda nesta semana um relatório contratado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) junto a uma certificadora que guiará negociações entre a União e a estatal Petrobras para uma revisão dos termos da cessão onerosa de áreas do pré-sal à companhia em 2010. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, disse a jornalistas na terça-feira que ao receber o documento o governo irá começar negociações com a Petrobras, e que a preferência é chegar a um acordo com a companhia que não exija alterações na legislação, dado o cenário de crise política no Brasil.

Já estava prevista a revisão do valor do contrato de cessão onerosa ao final da fase exploratória, após a declaração de comercialidade das áreas, já concluída. A renegociação também considerará algumas variáveis, como o preço e o câmbio. 

Bradesco (BBDC4)

O Bradesco teve a recomendação elevada para outperform pelo Scotiabank, com preço-alvo de R$ 29.

CPFL Renováveis (CPRE3)
A CPFL Energias Renováveis informou na terça-feira que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou a entrada em operação comercial do Complexo Eólico Pedra Cheirosa, localizado no município de Itarema (CE), segundo comunicado.

Composto por dois parques, o complexo possui capacidade instalada de 48,3 MW, distribuída em 23 aerogeradores, e ficou pronto antes do prazo. De acordo com as regras estabelecidas no leilão, com a entrega antecipada do complexo, as condições de contrato passam a ser válidas a partir de janeiro de 2018, disse a empresa.

O projeto foi comercializado no leilão A-5 de 2013, com início de contrato previsto inicialmente para maio de 2018. Da data de hoje até o encerramento de 2017, a energia gerada será comercializada no mercado livre (ACL).

A companhia disse que agora conta com 93 ativos e 2.102,6 MW de capacidade instalada, reforçando sua liderança em geração de energia limpa no Brasil.

Saraiva (SLED4)

O BTG Pactual comentou em relatórios os rumores de mercado de que a Amazon estaria perto de comprar a Saraiva, que opera através de lojas físicas e e-commerce. Na véspera, as ações SLED4 subiram 21,62% na esteira da notícia.

Em 2016, as vendas da Saraiva totalizaram R$ 1,89 bilhão e o negócio avaliaria a empresa em US$ 200 milhões (R$ 650 milhões). “Apesar dos rumores de uma possível aquisição, o que implicaria em prêmio relevante para o preço atual das ações da Saraiva (market cap de R$ 130 milhões), esse movimento vai no sentido oposto da estratégia de crescimento da Amazon no mundo”, aponta o banco. Ele ressalta que as últimas estratégias de  M&As da empresa foram focados em ativos de inovação ou com execução superior e o crescimento orgânico parece a estratégia mais provável para a expansão das operações no país. “A entrada mais forte da Amazon no Brasil muda o cenário competitivo para os players domésticos e acreditamos que somente alguns (poucos) players vão sobreviver sendo aqueles que combinam DNA de internet, bom nível de serviço, grande variedade de produtos e tráfego orgânico”, ressaltam os analistas do banco. 

Banco Indusval (IDVL4)
A Superintendência de Registro de Valores Mobiliários da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) determinou a suspensão da OPA (Oferta Pública de Aquisição) de ações para cancelamento de registro do Banco Indusval.

Em comunicado, a CVM afirmou que a decisão foi tomada por dois motivos. O primeiro foi a informação divulgada, por meio de Fato Relevante, de que “a companhia encontra-se em tratativas confidenciais de parcerias estratégicas que, apesar de não envolverem a transferência de controle da companhia, poderão, caso sejam concretizadas, impactar a sua rentabilidade futura e a decisão do acionista com relação à adesão ou não à oferta”.

Além disso, a CVM entendeu que a documentação mais atualizada da OPA, com base na qual foi concedido registro da operação, não apresenta a adequada informação quanto à companhia. “Desta forma, os acionistas destinatários da Oferta não tiveram acesso aos elementos necessários à tomada de uma decisão refletida e independente quanto à sua aceitação”, disse a Comissão.

A Superintendência também determinou que seja encaminhada, em até 90 dias, a documentação atualizada da Oferta, considerando o desfecho das tratativas em curso.

Unipar (UNIP6)

A OPA da Unipar pretende comprar até 62,7 mi ações, a R$ 7,50 cada. O volume de ações em circulação equivale a 75% do capital social e está distribuido em 10,3 milhões de ações ON, 2,33 PN classe A e 50,1 milhões PN classe B, segundo edital de oferta pública para aquisição de ações para cancelamento de registro de companhia aberta publicado no Valor Econômico. O preço por ação equivale a prêmio de 36% sobre média dos preços indicados no laudo de avaliação
Oferta é válida até 28 de julho, data do leilão na B3, 15h00. A OPA é realizada pela Vila Velha Administração e Participações, controladora da Unipar Carbocloro

 

Cosan (CSAN3)

A Raízen, joint venture entre Cosan e Shell, pretende dobrar produção de etanol celulósico espera produzir 15 milhões de litros de etanol celulósico com bagaço de cana este ano, em comparação aos 7 milhões de litros em 2016, disse Antonio Alberto Stuchi, diretor de tecnologia e projetos, em evento em São Paulo. A meta é alcançar a capacidade de produção anual de 41 milhões de litros.

“Ainda estamos enfrentando desafios tecnológicos na fábrica que estão atrasando nossa meta de preencher a capacidade instalada em 2018. Não temos previsão sobre quando esse objetivo será alcançado”, disse Stuchi. 

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.