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A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) declarou “complexa” a compra do laboratório Instituto Hermes Pardini (PARD3) pelo Fleury (FLRY3), segundo despacho no Diário Oficial da União desta sexta-feira (17).
O negócio foi anunciado em junho do ano passado e já teve o aval de acionistas das duas empresas. A aquisição será paga principalmente via ações.
Em nota técnica datada da véspera, o órgão regulador antitruste pediu mais informações sobre alguns segmentos e áreas de atuação das companhias, em especial nas cidades do Rio de Janeiro e Duque de Caxias.
Em nota, o Fleury afirmou que a decisão tomada pelo Cade é um ato previsto em lei e tem como objetivo permitir à Superintendência Geral do órgão realizar instrução complementar sobre pontos sobre os quais entende ser necessário maior aprofundamento. O documento publicado pelo Cade não menciona a necessidade, até o momento, de extensão do prazo de análise em 90 dias, além dos 240 dias previstos, apontou a empresa.
“A nota técnica enumera alguns pontos que a Superintendência-Geral do CADE gostaria de analisar antes de tomar uma decisão sobre o caso, e limita esses pontos a alguns exames nos municípios do Rio de Janeiro e Duque de Caxias. A decisão não sinaliza nenhuma tomada de decisão da autoridade concorrencial sobre o mérito da operação, mas sim pontua itens específicos a serem aprofundados”, afirmou ainda.
O grupo Fleury destacou que “continua a cooperar com o Cade e está comprometido a apresentar todas as informações que o órgão julgar necessárias para a análise de combinação de seus negócios com os do Grupo Hermes Pardini, uma operação que acredita ser capaz de gerar sinergias relevantes e impulsionar seu crescimento”.
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Na avaliação do Itaú BBA, a notícia era esperada, dado o grande porte da transação e o fato de ambas as empresas atuarem no mesmo segmento.
O banco ainda lembra que a operação Hapvida (HAPV3) e GNDI também foi classificada como complexa pelo Cade, mas foi aprovada sem remédios após cerca de 100 dias. “Continuamos esperando que o negócio seja aprovado sem restrições (ou possivelmente restrições mínimas) durante o segundo trimestre de 2023”, apontam os analistas.
Para o Citi, a decisão da SG do Cade deve retardar o processo de aprovação da fusão, levando em conta o intervalo médio de cerca de 80 dias da recomendação para a decisão final. “Mais do que isso, a admissão da Alliar (AALR3) como uma terceira parte interessada deve aumentar o escrutínio”, avalia.
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Dito isso, os analistas continuam vendo um cenário de aprovação da operação como o mais provável, com as condições impostas pelo Cade (se impostas) devendo ser imateriais.
O Goldman Sachs afirma não ter opinião sobre as possíveis considerações antitruste, mas fornece algum contexto sobre a sobreposição das operações de Fleury e Hermes Pardini, ressaltando que são amplamente complementares tanto do ponto de vista do produto quanto geográfico. “Também observamos que a lista divulgada pelo Cade de produtos em que a concentração horizontal pode ser alta representa um percentual limitado das ofertas globais das empresas”, avalia.
Os analistas da casa também lembram que há precedentes para o Cade aprovar estruturas de negócios complexos (por exemplo, duas entidades com participações de mercado regionais relevantes), caso de HAPV3 e GNDI, mas que isso pode atrasar ou adicionar incerteza ao andamento do negócio.
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Os papéis FLRY3 subiram 0,33%, a R$ 15,39, na sessão desta sexta-feira (17), enquanto PARD3 subiu 1,02%, a R$ 20,81.