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Ainda que sujeita a atualizações e contestações, a lista de credores divulgada pela Americanas (AMER3) no final da noite da véspera (24) trouxe mais claridade sobre o impacto da recuperação judicial da varejista nos bancos.
Entre as instituições financeiras de capital aberto, a Americanas tem R$ 4,8 bilhões a pagar para o Bradesco (BBDC4); R$ 3,7 bilhões ao Santander (SANB11); R$ 3,5 bilhões ao BTG Pactual (BPAC11). Na sequência, Itaú (ITUB4) aparece na lista tendo R$ 2,8 bilhões a receber, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) tem R$ 1,36 bilhão.
Tendo como base essa lista, analistas de mercado compilaram as exposições globais dos bancos cobertos à empresa.
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A XP considerou o provisionamento recomendado em casos semelhantes, estimamos os impactos nas provisões e nos ICPs (Índice de Capital Principal ou CET1) para cada um dos bancos. Renan Manda e Matheus Guimarães, analistas que assinam o relatório, apontam que os bancos podem optar por provisionar esse valor já no quarto trimestre de 2022 (como evento subsequente) ou nos resultados do primeiro trimestre de 2023 (1T23).
“Em ambos os casos, esperamos que o impacto nos resultados seja mais significativo para BTG, Santander e Bradesco (em torno de 20% a 30% de seu lucro líquido). Por outro lado, Banco do Brasil e Itaú devem ser os bancos menos afetados (menos de 10% do lucro líquido)”, destacam.
Os analistas reforçam que provisões adicionais do valor remanescente poderão ser constituídas nos trimestres seguintes caso o novo cronograma de pagamentos da empresa sofra atrasos ou caso os bancos façam rebaixamentos adicionais em sua classificação de risco.
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Confira abaixo a exposição dos bancos e os impactos estimados, segundo análise da XP:
O Morgan Stanley reforça que alguns números já foram contestados (o BV, por exemplo, afirmou que tem posição de R$ 206 milhões, não os R$ 3,3 bilhões citados) e que, na maior parte, a magnitude parece administrável e não deve criar nenhuma questão significativa para demonstrativo de lucros e perdas (P&L), fluxo de caixa e problemas de capital. “Apenas para o BTG Pactual a exposição parece grande em relação ao P&L deste ano”, apontam os analistas.
A XP aponta que o maior provisionamento no curto prazo não deve apenas reduzir marginalmente os índices de capital dos bancos mais afetados, mas também pressionar temporariamente seus lucros e rentabilidade. “Com isso, reiteramos nossa visão positiva e as recomendações de compra tanto para o Itaú, nosso atual top pick, quanto para o Banco do Brasil”, afirmam.
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A sessão desta quarta-feira foi de volatilidade para os ativos. Contudo, os bancos conseguiram fechar com ganhos: BPAC11 subiu 1,94% (R$ 21,56), SANB11 teve alta de 0,31% (R$ 28,93), ITUB4 avançou 0,35% (R$ 25,62). Já BBAS3 registrou ganhos de 2,73%, a R$ 40,65.
Disputa no radar
O “cabo de guerra” entre bancos e Americanas ganhou destaque nos últimos dias, marcados por decisões judiciais que suspendiam os bloqueios dos bancos a valores retidos da varejista pelas instituições financeiras.
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Na véspera, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu o bloqueio de cerca de R$ 1,2 bilhão da Americanas em poder do BTG Pactual, que havia sido obtido via mandado de segurança impetrado pelo banco de investimentos. O BTG entrara na Justiça contra decisão que, entre outras matérias, concedia à varejista o direito de reaver valores compensados por credores no âmbito de decisão judicial de 13 de janeiro.
A Americanas também conseguiu decisão favorável contra “arresto/sequestro dos valores reclamados pela companhia e que tinham sido bloqueados pelos Bancos Safra e Votorantim”. O dinheiro bloqueado voltará a ser de propriedade da companhia, no entanto, deverá ser mantido em depósito judicial.
Na véspera, Itaú Unibanco e Bradesco também rejeitaram alegações de que os bancos têm responsabilidade na situação da Americanas.
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“É leviana a tentativa de atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa”, afirmou o Itaú em comunicado. O Bradesco disse em comunicado separado não compactuar “com alegações que buscam criar narrativas para atribuir aos bancos qualquer responsabilidade sobre as práticas contábeis irregulares da empresa”.
As declarações de dois dos maiores bancos do país aconteceram dois dias após os acionistas de referência da Americanas –Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira– terem negado em nota que soubessem de qualquer manobra contábil na Americanas.
Além disso, afirmaram que a PwC, auditora independente na Americanas, fazia uso regular de cartas de circularização usadas para confirmar as informações contábeis da varejista com fontes externas, incluindo os bancos. “Nem essas instituições financeiras nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade”, escreveram os acionistas de referência da varejistas.
Segundo informações do Valor Econômico, o Bradesco e o Santander estão buscando na Justiça uma forma de responsabilizar os acionistas de referência da Americanas – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira – pelo rombo na varejista. As instituições, segundo o jornal, teriam entrado com um pedido de auditoria forense para provar que houve fraude na companhia e, assim, solicitar a desconsideração de personalidade jurídica da varejista, o que permitiria chegar ao patrimônio pessoal dos sócios.
(com Reuters)
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