BRF, JBS, Marfrig e Minerva: aves devem brilhar no 2T24, mas mais surpresas podem vir

Analistas destacam que algumas companhias do setor, com destaque para JBS, podem apresentar bons números em vários segmentos

Lara Rizério

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As empresas de proteínas e frigoríficos devem ter um destaque neste segundo trimestre de 2024 (2T24): o segmento de aves, que registra um ciclo mais positivo. Além dos players expostos a frango, os expostos a suínos também devem divulgar números positivos, caso de BRF (BRFS3) e JBS (JBSS3), ressalta a XP.

“Projetamos que as margens continuem fortes, refletindo melhores preços e custos saudáveis, tanto no Brasil quanto nos EUA. Na carne bovina, a visão é positiva para o Brasil que ainda vive um bom momento de ciclo, mas negativa para os EUA que está em um momento oposto do ciclo. De maneira consolidada, projetamos resultados positivos para todos os frigoríficos”, avalia a equipe de análise.

A temporada começa com a Minerva (BEEF3), que divulga os seus números nesta quarta-feira (7). Confira os principais destaques:

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Minerva (BEEF3) – 7 de agosto

O Bradesco BBI espera que a Minerva reporte receita líquida de R$ 7,5 bilhões no 2T24 (aumento de 2% em base anual), Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de R$ 741 milhões (avanço de 4% em base anual) e lucro líquido ajustado de R$ 116 milhões. A projeção é de bons (mas não ótimos) resultados, com a dinâmica dos lucros devendo acelerar no terceiro trimestre.

Na operação brasileira, o Bradesco BBI espera que os resultados reflitam a continuação de um ciclo positivo de gado combinado com preços de exportação de carne bovina um tanto resilientes e boa demanda doméstica. Também espera melhorias sequenciais na receita em todos os outros países, especialmente no Paraguai. Ambos os fatores, na visão do BBI, devem levar a uma margem Ebitda consolidada de 9,9%, uma melhoria de 1,2 ponto percentual (pp) no trimestre (+0,2 pp em base anual).

Além disso, o lucro líquido da empresa deve ser impactado negativamente pela marcação a mercado da dívida líquida denominada em dólares, a partir de um real (R$) mais fraco, mas ainda sem comprometer a expectativa de um cenário positivo. Também acredita que os resultados do 3T24 da Minerva devem refletir mais claramente o ambiente cambial favorável para os exportadores brasileiros de proteína.

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A XP projeta que a Minerva apresente bons resultados, que irão refletir volumes sólidos em toda a linha devido à forte demanda doméstica e de exportação, juntamente com uma taxa de câmbio melhorada, embora não totalmente impactada devido à posição de hedge.

JBS (JBSS3) – 13 de agosto

As divisões de frango com fortes dinâmicas de curto prazo devem guiar os bons números da JBS e acompanhadas de surpresas positivas na maioria dos demais segmentos da companhia, avalia o Itaú BBA.

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Para a XP, a JBS registrará um trimestre forte em todas as linhas. Os destaques devem vir das operações de aves e suínos – Seara, PPC, US Pork – refletindo custos saudáveis que fluem para os lucros, juntamente com a forte demanda doméstica e de exportação. Além dos fortes resultados de aves e suínos, a JBS Brasil, Austrália e US Beef provavelmente registrarão margens melhores sequencialmente, com base em fundamentos positivos e sazonalidade. Em suma, projeta um Ebitda ajustado de R$ 8,2 bilhões (+83% na base anual e 17% acima do consenso Bloomberg) e FCFE (fluxo de caixa do acionista) de R$ 2,0 bilhões.

O BBI espera que ela entregue receita líquida de R$ 97,6 bilhões (aumento de 9% em base anual), Ebitda de R$ 8,3 bilhões (avanço de 86% em base anual) e lucro líquido ajustado de R$ 2,6 bilhões. Pilgrim’s Pride Corporation (PPC) e Seara devem ser os destaques positivos. No caso da PPC, os fortes preços do frango e a demanda resiliente no mercado dos EUA devem ajudar a divisão a entregar uma margem Ebitda de 15%, aumento de 3,5pp no trimestre, enquanto o bom momento do mercado doméstico de aves deve continuar, levando a margem Ebitda da Seara a se expandir para 14% (avanço de 2,4pp no trimestre). Também espera melhora sequencial da margem Ebitda para as divisões US Pork e Australian, ambas para 11% (+0,7pp e +2,4 pp no trimestre, respectivamente).

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Enquanto isso, um ciclo favorável e a sazonalidade devem impactar positivamente a operação brasileira de carne bovina da JBS, traduzindo-se em expansão trimestral da margem Ebitda de 2 pp, para 6,5%. Por fim, o ambiente desafiador para o mercado de gado dos EUA deve continuar, mas uma melhor sazonalidade deve ajudar a JBS a reportar margem de carne bovina na operação americana (US Beef) em território positivo, de 0,2%, avalia o BBI.

Marfrig (MRFG3) – 14 de agosto

A XP espera que a Marfrig apresente resultados sequencialmente melhores devido à sazonalidade positiva nos EUA, enquanto os recentes investimentos da empresa em expansões de capacidade devem levar a uma sólida dinâmica de geração de receita no trimestre, na América do Sul.

A projeção da casa é de que a receita líquida aumente 6% na base trimestral, com uma margem Ebitda ajustada estável, traduzindo-se em um Ebitda ajustado de R$ 726 milhões (ex-BRF). O desempenho superior aos pares da National Beef nos EUA é positivo, mas a XP mantém recomendação neutra para as ações da Marfrig, pois a alavancagem continua sendo um vento contrário.

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O BBI projeta que a empresa registre receita líquida no 2T24 de R$ 19,2 bilhões (+12% no trimestre) e Ebitda de R$ 680 milhões (+40% no trimestre). Na América do Norte, a sazonalidade é melhor no 2T em comparação ao 1T, o que deve contribuir para um aumento sequencial de 0,8 pp na margem para 2,9%, embora o aperto no fornecimento de gado ainda deva resultar em uma contração anual de 2,3 pp. Na América do Sul, espera que a receita líquida da empresa acelere trimestralmente devido a uma expansão de volume de dois dígitos, com o ciclo favorável levando a margem Ebitda para 9,9% (aumento de 0,3 pp no trimestre e queda de 0,1pp em base anual).

BRF (BRFS3) – 14 de agosto

A XP projeta que a BRF apresente fortes resultados em todos os setores, refletindo (i) a perspectiva equilibrada de oferta e demanda (O&D) no Brasil; (ii) a forte demanda doméstica e de exportação; (iii) outra rodada de preços decrescentes de grãos na composição dos COGs (custos dos produtos vendidos) da unidade de negócios do Brasil. Ao todo, prevê um Ebitda ajustado de R$ 2,4 bilhões, o que se traduz em uma margem de 17,0% ( margem Brasil de 16,0%, margem Internacional de 18,5%). Além dos fortes lucros, também espera que a empresa imprimirá outra sólida geração de fluxo de caixa livre de R$ 912 milhões.

Os fortes lucros do segundo trimestre são, em sua maioria, esperados, e a principal questão agora é se eles já estão precificados, avalia a XP. Com a melhoria das tendências de fluxo de caixa e um segundo semestre historicamente melhor, a casa manteve a recomendação de compra, já que o forte momentum deve apoiar o desempenho das ações.

O Bradesco BBI aponta que a dinâmica atual (momentum) dos lucros deve ser mais forte para a BRF, que deve continuar alavancando o ciclo positivo para o mercado de frango, impulsionado pelos baixos custos da ração e preços fortes, especialmente nos mercados internacionais. O banco espera que o momentum de lucros da BRF acelere ainda mais no 3T24, mas a falta de visibilidade nas margens normalizadas quando o ciclo mudar sustenta a recomendação neutra do BBI.

Na mesma linha, o BBA aponta que a dona da Sadia e Perdigão deve apresentar resultados sólidos, seguindo tendências semelhantes vistas na Seara e PPC. No entanto, as altas expectativas dos investidores para a BRF podem limitar o potencial de alta significativa.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.