BRF (BRFS3) tem novo balanço forte – e Marfrig (MRFG3) também sai ganhando na Bolsa

Analistas ressaltam que o forte resultado de BRF ajudou no agregado da Marfrig, mas alguns também apontam que os números de MRFG3 foram sólidos

Felipe Moreira Lara Rizério

BRF Natal (Foto: BRF)
BRF Natal (Foto: BRF)

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Mais resultados fortes e reforçando visões positivas. As ações da BRF (BRFS3) e da Marfrig (MRFG3) chegaram a abrir em queda na sessão, mas logo viraram para ganhos, chegaram a subir mais de 3% e mantiveram os ganhos. Na sessão desta quinta-feira (15), BRFS3 subiu 1,70% (R$ 23,91), enquanto MRFG3 avançou 2,02% (R$ 13,09).

A BRF reportou o seu resultado do segundo trimestre de 2024 (2T24) com uma receita líquida total de R$ 14,9 bilhões, 5,1% acima das projeções da Genial Investimentos e 22,3% superior ao resultado reportado um ano antes.

Segundo a Genial, a apreciação da taxa de câmbio contribuiu para a melhoria na competitividade das exportações, que por sua vez, impulsionou a receita.

Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) reportado foi de R$ 2,6 bilhões, acima das projeções já otimistas da casa de análise. Isso acabou refletindo uma expansão da margem para 17,6%, sustentada pela queda nos preços dos grãos e pela implementação de melhorias operacionais.

Como resultado, o lucro líquido atingiu R$ 1,1 bilhão, cerca de 37,1% acima das estimativas da Genial, com forte alta de 84,3% na base trimestral, revertendo o prejuízo de R$ 1,3 bilhão observado no 2T23 e indicando uma recuperação operacional.

A Genial reitera recomendação de compra, com um preço-alvo de 12 meses de R$27,50, o que representa um potencial de valorização de 22,49%.

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Apesar das altas expectativas do mercado, o BBI acredita que a empresa conseguiu entregar um bom conjunto de resultados no 2T24. O BBI explica que, como de costume com os ciclos de proteína, a direção das oscilações de margem é mais fácil de avaliar do que sua magnitude, e os resultados da BRF têm sido uma prova disso.

A equipe de research do BBI também vê fundamentos positivos do ciclo de aves e suínos persistindo no terceiro trimestre, o que deve ser agravado pelo real mais fraco e provavelmente desencadeará outra rodada de atualizações nas estimativas de lucros.

“Com um balanço sólido e forte desempenho operacional, a BRF é certamente uma empresa mais forte hoje”, destaca o banco. “Mas ainda não temos visibilidade sobre onde as margens de meio de ciclo podem se estabilizar e o que isso pode implicar para as avaliações.” Dessa forma, BBI mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 22.

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Já o Itaú BBA avalia que a BRF reportou resultados recordes no trimestres, com destaque para as margens melhores do que o esperado na divisão internacional.

O BBA ainda destaca que a forte geração de fluxo de caixa (FCF) no segundo trimestre levou a BRF a atingir dívida líquida/Ebitda de 1,14 vez (ou 1,6x incluindo passivos de leasing), o menor nível em 9 anos. Dessa forma, o banco reitera recomendação neutra e preço-alvo de R$ 19.

A XP Investimentos também comenta que a BRF teve outro trimestre forte e ressalta o bom desempenho da empresa no mercado internacional, impulsionado pelo maior poder de arbitragem devido às novas habilitações e à perspectiva favorável de oferta e demanda.

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Enquanto a margem Ebitda ajustada no Brasil foi forte em 15,7%, os ganhos de eficiência operacional da BRF+ 2.0 foram de R$ 374 milhões, deixando cerca de R$ 1,0 bilhão a ser capturado ao longo do segundo semestre de 2024 para corresponder à indicação (não um é guidance) fornecida pelo acionista controlador nos resultados do 4T23.

Com a melhora das tendências de FCF e um 2º semestre historicamente melhor, a XP reitera recomendação de compra, já que o desempenho das ações deve ser influenciado pelo forte momentum.

Já sobre a Marfrig, que tem 50,49% da BRF, o trimestre não teve surpresas e foi amplamente em linha com as expectativas, conforme aponta o Bradesco BBI. As receitas atingiram R$ 19,9 bilhões, alta anual de 12% e de 17% no trimestre (4% acima do esperado) devido aos volumes que cresceram 9% em base anual e 7% no trimestre. A margem bruta de 7,3% ficou em linha e 2,6 pp menor em base anual, já que o ciclo negativo do gado nos EUA continua cobrando seu preço, enquanto o Ebitda ajustado atingiu R$ 756 milhões (recuo anual de 28% e 2% acima do esperado) com margem de 3,8% (recuo anual de 2,1pp). Em uma base consolidada (ou seja, sem ajuste para participações minoritárias), o índice de alavancagem permaneceu estável no trimestre em 3,4 vezes, impactado pela depreciação do real (R$) e R$ 443 milhões em recompras de ações (R$ 230 milhões para MRFG3 e R$ 213 milhões para BRFS3).

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Na América do Sul, as receitas das operações continuadas expandiram sólidos 21% no trimestre, sustentadas por um crescimento de volume de 15% no período. “A ampla oferta de gado no Brasil certamente está por trás disso, mas o aumento da capacidade de produção expandida da empresa também parece explicar o desempenho”, avalia o banco.

“Qualitativamente falando, os resultados daMarfrig entregaram praticamente tudo o que era esperado. A margem Ebitda abaixo do esperado na América do Sul foi a principal decepção, mas acreditamos que isso foi compensado pela aceleração das receitas na divisão e por um desempenho superior contínuo na América do Norte. Os fortes resultados entregues pela BRF também devem ajudar a melhorar o sentimento dos investidores em relação à Marfrig”, avalia o BBI.

Ainda assim, o BBI segue esperando que as margens na América do Norte enfrentem dificuldades, atrasando o ritmo autônomo de desalavancagem da Marfrig e se traduzindo em múltiplos mais altos para a empresa pelo menos até 2026, o que apoia a atual recomendação neutra. A Marfrig e a BRF revelaram novos programas de recompra de ações, então as prioridades de alocação de capital são certamente algo sobre o qual os analistas gostariam de entender melhor.

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A Genial ressalta que o forte resultado de BRF ajudou no agregado da Marfrig. Ainda assim, considerando a recente recomendação de compra em BRF, entende que faz mais sentido investidores se exporem diretamente a melhora de resultado no business de frango do que comprarem ações da Marfrig, que segue duramente atingida por sua alta exposição ao ciclo do gado negativo nos EUA. “Portanto, permanecemos com um viés neutro para Marfrig”, aponta a casa.

Já para a XP, a Marfrig apresentou um trimestre sólido e melhor do que o esperado, impulsionado pelos resultados mais fortes do que o esperado em National Beef, que ampliou sua diferença em relação aos seus pares. A operação de US Beef apresentou uma margem Ebitda ajustada de 2,9%, com sólidos números de receita, embora alguns participantes do setor estejam destacando mudanças de consumo entre as proteínas devido à carne bovina cara. Devido aos sólidos resultados da Marfrig e da BRF, juntamente com a bem recebida desalavancagem proveniente do fechamento do negócio, os analistas já apontavam para uma reação positiva das ações no pregão desta quinta.