BRF (BRFS3) registra prejuízo de R$ 1,34 bilhão no segundo trimestre

Dona da Sadia viu receita recuar quase 6%, enquanto alavancagem ex-follow-on encerrou em 3,75 vezes no trimestre

Rikardy Tooge

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A BRF (BRFS3), dona da Sadia e Perdigão, reportou prejuízo líquido de R$ 1,34 bilhão no segundo trimestre do ano, crescimento de quase três vezes em relação ao prejuízo visto em igual período de 2022, de R$ 451 milhões.

A receita líquida recuou 5,7%, para R$ 12,2 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) somou R$ 1 bilhão, queda de 32,7% no mesmo comparativo. A margem Ebitda recuou 3,3 pontos no período, para 8,2%.

A dívida líquida da BRF cresceu 7% em um ano, chegando a R$ 15,3 bilhões e uma alavancagem (endividamento líquido pelo Ebitda) de 3,75 vezes – uma alta de 25,5%. Por outro lado, o indicador proforma, considerando os efeitos do follow-on de R$ 5,4 bilhões em julho, a alavancagem é de 2,42 vezes. O prazo médio da endividamento recuou de nove para 7,2 anos.

O destaque negativo ficou por conta das vendas internacionais da companhia, que tiveram redução expressiva de margens. Com Ebitda 75% menor no segundo trimestre, de R$ 241 milhões, a empresa viu a margem recuar 11,8 pontos percentuais, para 4%.

O CEO da BRF, Miguel Gularte, explica que o desempenho foi prejudicado pelo excesso de oferta de frango no mercado internacional. “As exportações foram castigadas, embora o preço no exterior tenha apresentado melhora. Enxergamos um equilíbrio no mercado internacional e é de se esperar um segundo trimestre melhor, embora não tenhamos um guidance“, afirmou Gularte, em conversa com jornalistas. O executivo também comemorou a habilitação de 15 plantas da companhia durante o trimestre. “Isso aumenta nossas possibilidade de vendas em outros mercados”, reforça.

Por outro lado, a operação brasileira apresentou crescimento de margens e geração de caixa. Embora a receita líquida tenha recuado 0,6%, para R$ 6,49 bilhões, a BRF registrou crescimento de 1,2% no preço médio comercializado, com Ebitda ajustado de R$ 627 milhões, crescimento de 46,8% em relação a igual período do ano passado. A margem Ebitda cresceu 3,1 pontos no segundo trimestre, chegando a 9,6%. O CFO da BRF, Fábio Mariano, afirmou que o resultado foi fruto de uma comercialização maior de produtos com maior valor agregado, como os alimentos processados. “Cerca de 75% das nossas vendas foram de processados, e isso nos garante uma margem mais confortável”, explica.

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Apesar da melhora, há uma expectativa no mercado de que as margens voltem aos dois dígitos. Nesse sentido, Gularte reforçou a busca por eficiência que a BRF vem adotando desde o ano passado. Neste trimestre, a dona da Sadia reportou captura de R$ 540 milhões em eficiências operacionais. Em quase um ano, a empresa afirma ter obtido ganho operacional de R$ 1,2 bilhão.

“Com nossa estrutura de capital reforçada e uma empresa mais eficiente, vamos ter condição de aproveitar melhor as oportunidades neste segundo semestre, que sazonalmente é mais forte para nós”, lembra o executivo.

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br