BRF (BRFS3): por que o Santander está neutro na ação, apesar de elevar preço-alvo

Banco justifica recomendação dado potencial de alta limitado e incerteza das operações internacionais

Felipe Moreira

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O Santander manteve recomendação neutra para ação da BRF (BRFS3), segunda maior alta do Ibovespa no ano, com ganho acumulado de 32%, mas elevou o preço-alvo de R$ 16 para R$ 21, potencial de alta de 16% em relação ao fechamento da última terça-feira (4).

A equipe de research do banco comenta que o impulso nos lucros tem sido forte recentemente e espera que a tendência continue ao longo do ano.

Para 2024, o Santander projeta um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 8,6 bilhões e um Valor da Firma (EV)/Ebitda de 5 vezes. Embora possa parecer descontado em relação à média histórica de 3 anos de 6 vezes, o banco acredita que o potencial de alta é limitado e, portanto, não espera uma revisão nas estimativas de consenso, considerando que os riscos da indústria podem continuar a persistir até 2025 e o equilíbrio delicado entre oferta e demanda pode ser afetado por empresas que desejam ganhar participação de mercado em um ambiente de margens atraentes.

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Já a estabilização dos futuros de milho é um reflexo do equilíbrio entre oferta e demanda. Se a produção total for alcançada, o banco vê o milho sendo negociado a US$ 4,9/bu (ou bushel, unidade de medida equivalente a 27,2 kg), em linha com os preços dos futuros de setembro de 2025. No entanto, enxerga potencial de alta na curva. Se a produção na Argentina diminuir em 6 milhões de toneladas devido ao evento La Niña, os preços do milho poderiam chegar a US$ 5,4/bu, o que agora assume como caso base, ou 10% acima dos preços futuros de setembro de 2025.

O Santander lembra que a BRF apresentou resultados melhores do que o esperado no 4T23 e no 1T24, explicados principalmente pelo forte desempenho das operações internacionais, que cresceram significativamente desde a publicação de Ebitda negativo no 1T23.

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“Embora o desempenho forte possa ser uma questão de preço de transferência e maximização de lucros no exterior, também pode ser um reflexo de disrupções logísticas no Mar Vermelho”, explicam os analistas do banco. De qualquer forma, na avaliação do banco, a visibilidade sobre o desempenho é baixa, e eles não estimam quaisquer mudanças estruturais na demanda global para apoiar uma visão otimista de longo prazo nos mercados internacionais.