BRF (BRFS3): ação salta 6,10% após JPMorgan recomendar compra; Marfrig (MRFG3) também dispara

Aumento de capital e iniciativas de redução de custos estão colocando a alavancagem e a lucratividade da empresa de volta aos trilhos, diz banco

Felipe Moreira

Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)
Sadia: marca de referência da BRF é uma das mais desejadas pelo mercado (Divulgação/BRF)

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Após um período de restrição, o JPMorgan retomou a cobertura do frigorífico BRF (BRFS3) com classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 12, destacando que o recente aumento de capital, possíveis desinvestimentos, iniciativas de redução de custos estão colocando a alavancagem e a lucratividade da empresa de volta aos trilhos após alguns anos de consumo de fluxo de caixa. O preço-alvo corresponde a um potencial de valorização de 24% em relação ao fechamento da véspera.

Com isso, as ações BRFS3 fecharam a sessão desta sexta-feira (4) com ganhos de 6,10%, a R$ 10,27, enquanto a Marfrig (MRFG3), que conta com uma fatia de 38,7% da empresa, saltou 5,66%, a R$ 8,03.

Para analistas, além da esperada melhora decorrente da redução da alavancagem, o frigorífico ainda precisa reconquistar a confiança dos investidores em sua capacidade de alavancar suas marcas sólidas e ativos para inovar e gerar retornos superiores.

Com a melhoria das perspectivas, o JPMorgan elevou suas as estimativas para o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia em 17% totalizando R$ 6,007 bilhões no ano que vem, praticamente em linha com o consenso do mercado, e com uma margem de 10,7%.

As projeções do banco ainda indicam que o aumento de capital de R$ 5,4 bilhões deve permitir uma redução da alavancagem para 2,2 vezes Dívida líquida/Ebitda em 2023 (e permanecer abaixo de 3 vezes nos anos seguintes). Após dois anos de significativa queima de caixa, a empresa agora se vê em uma tendência de geração de fluxo de caixa positivo, começando com uma geração de caixa de R$ 601 milhões para 2024, com um rendimento do fluxo de caixa livre (FCF Yield) de 9%.

Com relação a avaliação, analistas comentam que a BRF é um case de redução de risco com avaliações atraentes (negociando a 4,8 vezes Valor da Firma, ou EV/ Ebitda para 2024, em comparação com a média de 6,5 vezes nos últimos 5 anos). Nesse sentindo, eles veem potencial de valorização das ações com uma meta de 5,5 vezes EV/Ebitda para 2025, mesmo considerando tendências de preços e despesas de capital conservadoras.

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Em bases relativas, a BRF sendo negociada com um desconto de 47% em relação aos players globais de alimentos processados (9,2 vezes EV/Ebitda para 2024), o que, segundo JPMorgan, é explicado pela falta de confiança dos investidores em sua capacidade de crescer e inovar de forma mais consistente.

De acordo com analistas, a nova equipe de gestão está no caminho certo para tornar a BRF mais enxuta e ágil. “Eles estão focados no núcleo, voltando ao básico. Isso por si só, acreditamos, deverá levar a um potencial de valorização significativo em relação aos lucros deprimidos observados nos últimos anos”.