Brava (BRAV3) sobe 11% na B3 com produção e ofusca “má notícia” sobre desinvestimento

Companhia mantém Polo Potiguar, frustra investidores, mas avança na produção offshore, impulsionando BRAV3 após forte queda desde sua estreia na B3

Murilo Melo

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As ações da Brava Energia (BRAV3) registraram forte alta nesta sexta-feira (7), impulsionadas pelo crescimento da produção em fevereiro em uma semana movimentada de notícias para a companhia. O papel subiu 10,82%, a R$ 17,82, após a empresa anunciar um aumento de 9,2% na produção total bruta em relação a janeiro, alcançando 73.854 barris de óleo equivalente por dia (boed).

O desempenho positivo contrasta com o comportamento das ações desde o início das negociações sob o código BRAV3, em setembro, marcadas por perdas expressivas. Até a véspera, a desvalorização acumulada no ano era de quase 32%, refletindo incertezas sobre a execução de sua estratégia e a capacidade de entregar os resultados esperados pelo mercado.

Segundo o Bradesco BBI, o aumento da produção foi impulsionado pela recuperação de Atlanta e Papa-Terra, que apresentaram avanços de 19% e 25,4%, respectivamente. No onshore, Potiguar e Recôncavo também cresceram, beneficiados pela maior injeção de vapor e melhoria operacional.

O JPMorgan disse que a performance offshore foi o principal motor do crescimento, com um salto de 17,9% na produção, reforçando a importância desses ativos para o portfólio da companhia.

Paralelamente, a Brava anunciou que seu plano de desinvestimentos foi restrito ao Polo Recôncavo, na Bahia, retirando o Polo Potiguar da lista de vendas. A decisão gerou reações mistas no mercado.

O BTG Pactual avaliou a mudança como um ponto de atenção porque aumenta a pressão sobre a empresa para otimizar custos e sustentar a produção. “A execução consistente da estratégia operacional se torna ainda mais relevante agora”, apontou o banco em relatório.

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A Genial Investimentos expressou frustração com a desistência da venda do Polo Potiguar, que, segundo rumores, poderia ter sido negociado por US$ 2 bilhões, valor superior à capitalização da Brava no mercado.

Para a casa, a dificuldade em encontrar comprador levanta questionamentos sobre a real avaliação dos ativos. A recomendação para BRAV3 foi rebaixada para “manter” até que houvesse maior visibilidade sobre os fundamentos do ativo. Mas disse também que “nem tudo é notícia ruim”, ressaltando justamente o aspecto da produção.

“Do ponto de vista operacional, a empresa aparenta começar a entregar números mais sólidos no que diz respeito a produção. Se por um lado os números de dezembro de 2024 já são públicos, acreditamos que o primeiro trimestre deste ano deve nos trazer uma visão mais normalizada do que case no que diz respeito à produção”, observa a corretora.

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O JPMorgan disse que, apesar da mudança no plano de desinvestimentos, a evolução operacional traz um viés mais otimista. A previsão é que a produção continue em expansão, com a conexão de novos poços no FPSO Atlanta ao longo do ano.