Braskem: bancos podem ficar com ações – movimento não surpreende, mas é complexo

Credores estão estudando converter suas dívidas em ações da companhia

Felipe Moreira

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A novela sobre o destino da fatia da Novonor (antiga Odebrecht) na Braskem (BRKM5) segue trazendo novos desdobramentos. De acordo com informações do Broadcast do último fim de semana, os bancos credores da Novonor – Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES -, estariam novamente estudando converter suas dívidas em ações da petroquímica.

A alternativa não é a preferida das instituições financeiras, mas como a Adnoc desistiu de comprar a participação da Novonor na petroquímica, essa opção ganhou força, segundo reportagem do Broadcast.

Ao mesmo tempo, o agravamento da situação de antigas minas de sal-gema da Braskem em Maceió inviabilizou o negócio, mas não finalizou o impasse entre os bancos e a Novonor.

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Vale lembrar que a aprovação do plano de recuperação judicial da Novonor há alguns anos foi condicionada à venda da participação da Novonor na Braskem, e as ações da petroquímica foram oferecidas como garantia para assegurar que o processo ocorresse.

O Bradesco BBI comenta que a alternativa pode ser deixada de lado caso surjam novos potenciais compradores interessados ​​na participação da Novonor na companhia, como a PIC, e eles sigam adiante com o processo de compra.

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Já o BTG pontua que converter as dívidas da Novonor em participação acionária na Braskem “não é surpresa”, mas trata-se de um processo complexo, tendo em vista a dificuldade de alinhar interesses entre os cinco bancos envolvidos.


Se esse processo avançar, os acionistas minoritários poderiam se beneficiar dessa alternativa, já que o estatuto da companhia define direitos de tag along para minoritários em caso de mudança de controle. No entanto, o BTG não acredita que esse seria o cenário base. O tag along é uma nomenclatura técnica usada para caracterizar o direito dos acionistas minoritários de venderem suas ações nas mesmas condições de preços ofertadas aos acionistas majoritários, durante a aquisição do bloco de controle.

Sobre os cenários, o banco aponta que, primeiro, os termos da operação precisam ser esclarecidos, incluindo se a Novonor mantém alguma participação e se a Petrobras (PETR4) mantém seu interesse em adquirir a petroquímica.

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Analistas do BTG lembram que a estatal brasileira tem declarado há meses que a Braskem é estratégica e prefere um parceiro estratégico e não financeiro. Portanto, parece possível que a Petrobras possa exercer seus direitos de preferência para adquirir a petroquímica.

Nesse cenário, o BTG acredita que os direitos de tag along seriam acionados para os acionistas ordinários (float de apenas 2,9%), mas não para os acionistas preferenciais, embora haja muita incerteza legal sobre essa questão.


Por fim, o BTG resssalta que a desvantagem (ou seja, um cenário para uma queda das ações) da Braskem parece mais limitada agora, mas a falta de confiança em uma recuperação rápida nas margens petroquímicas e a alta alavancagem da empresa provavelmente significam mais dois anos de geração de caixa limitada.

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Com grande parte do potencial de curto prazo atrelado a uma resolução sobre seu controle, o banco prefere ficar à margem até ver fundamentos mais fortes e uma virada no ciclo da indústria. Dessa forma, mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 24.