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(SÃO PAULO) – O CEO da XP Securities, Bernardo Amaral, considera que faz sentido para qualquer brasileiro com renda média ou alta ter investimentos no exterior. Uma pesquisa realizada pela própria XP a partir de dados do IBGE mostrou que, para as famílias brasileiras com renda a partir de R$ 10.000 mensais, em média 21% das despesas estão atreladas à cotação do dólar. Na cesta de consumo dessas famílias há itens como vinhos, alimentos, carros, viagens internacionais, entre outros, que possuem preços que variam de acordo com a cotação da moeda americana. Uma forma de não ter sustos com possíveis variações abruptas do dólar seria ter também 21% do patrimônio em ativos atrelados à moeda. Desta forma, eventuais perdas de poder aquisitivo na compra de produtos importados seriam compensadas pelo ganho nos ativos financeiros em dólar.
Amaral, que comanda o escritório da XP em Miami desde que ele foi aberto em 2014, afirma que outra justificativa para o investimento dos brasileiros no exterior é a estagnação da economia brasileira. O PIB encolheu nos últimos três anos – e os analistas esperam um crescimento moderado em 2017. Até o início desta década, o brasileiro não demonstrava muito interesse em enviar parte do patrimônio para fora: 99% dos brasileiros investem apenas em ativos no Brasil, contra 65% dos americanos e 58% dos alemães. “A situação ruim da economia contribuiu para o surgimento de uma cultura de investimento offshore no Brasil nos últimos três anos. As pessoas tiveram que parar o que estavam fazendo para entender se fazia sentido ter uma parcela do patrimônio fora do país. Muita gente que tem aberto conta na XP Securities nunca tinha investido no exterior.”
Uma das dificuldades para popularizar o investimento nos EUA é que existe uma grande desinformação dos brasileiros sobre como investir lá. As pessoas não sabem onde conseguir informação para abrir conta, mandar dinheiro ou abrir uma empresa offshore como forma de investir de forma mais eficiente do ponto de vista tributário. Mesmo empresas offshore ainda são erroneamente relacionadas pelos brasileiros a pessoas que querem esconder patrimônio ilícito no exterior – o que é puro preconceito.
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Para piorar, dois acordos internacionais assinados pelo Brasil, um com os EUA e outro com os países da OCDE, preveem o aumento da troca de informações entre governos sobre o patrimônio de estrangeiros no exterior. Como esse acordo prevê pesadas sanções aos bancos que não repassarem informações aos governos sobre correntistas não-residentes, muitas instituições financeiras americanas preferiram simplesmente dificultar a abertura de contas por estrangeiros, tornando o processo de cadastro extremamente burocrático e aumentando os limites mínimos de dinheiro necessário para se tornar cliente.
Amaral diz que enxergou nessa retração da concorrência uma oportunidade para a XP Securities, que se estruturou para receber os brasileiros que queriam investir nos EUA e na Europa. A empresa abriu escritórios em Nova York, Miami, Londres e Genebra. Cerca de 20 funcionários da XP Investimentos que trabalham no Brasil foram transferidos para a XP Securities. A empresa também desenvolveu um cadastro automáticos sem que seja necessário fazer upload de documentos. Além disso, foi criada uma plataforma de investimentos em fundos parceiros, a mesa de renda fixa possui uma enorme lista de bonds disponíveis para os clientes e um novo home broker em português foi lançado para que os investidores tenham acesso também a ações, ETFs, opções e contratos futuros. Por último a empresa decidiu reduzir as barreiras de entrada: o investimento mínimo para ser cliente da XP Securities é de US$ 100.000, mas no caso de traders que querem operar nas Bolsas americanas a barra de corte cai para US$ 30.000.
Internacionalização
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Durante a palestra da abertura da Expert Latin America Conference 2017, evento promovido pela XP Securities em Miami, Amaral também disse que, após o forte crescimento da XP no Brasil nos últimos 15 anos, a internacionalização passou a ser uma das prioridades da empresa. A XP surgiu em 2001 como um escritório de investimentos em Porto Alegre (RS). Por meio da XP Educação, a empresa dava cursos a interessados em começar a investir na Bolsa. A cada 10 alunos, 7 viravam clientes posteriormente – e eram clientes mais preparados para tomar decisões sobre ações.
Em 2007, quando a XP já tinha 10.000 clientes em 18 cidades e 120 empregados, a empresa entendeu que era hora de virar uma corretora. Na época os clientes da XP operavam por meio de uma associação com outra corretora. Para conseguir oferecer a plataforma de produtos e a tecnologia de negociações que considerava ideal, a XP decidiu comprar a corretora AmericaInvest e transformá-la no que é hoje a XP Investimentos. Em 2010 a empresa já tinha 40.000 clientes e R$ 3 bilhões sob custódia.
O próximo passo foi transformar a corretora num shopping center financeiro, nos mesmos moldes da empresa americana de investimentos Charles Schwab. Como em 2010 a situação econômica mundial já não parecia tão próspera, era necessário que a XP atendesse não mais apenas quem investia em ações como também passasse a oferecer fundos de investimento, Tesouro Direto, papéis de renda fixa emitidos por bancos e empresas, produtos de previdência, etc.
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O novo modelo foi muito bem compreendido pelo brasileiro porque os produtos distribuídos pela XP ofereciam remunerações maiores e cobravam taxas menores que os dos bancos. Como na época 99% dos brasileiros só investia via banco (contra 2% nos EUA e 10% na Inglaterra), a oportunidade de crescimento era enorme. A XP fechou o ano passado com 220.000 clientes e R$ 58 bilhões sob custódia. A empresa contratou o ator Murilo Benício para estrelar suas propagandas e passou a investir pesado em mídia. Dentro do público-alvo da empresa, o reconhecimento de marca aumentou de 38% em julho para 56% no último mês de dezembro. Para Amaral, o passo seguinte para o crescimento da empresa é consolidar sua atuação nas principais praças financeiras globais, além de continuar a crescer em ritmo acelerado no Brasil.
Veja a cobertura completa da Expert Latin America Conference 2017
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