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SÃO PAULO – Se nos números o Brasil começou a dar sinais de que está saindo da crise, na política 2017 foi bastante conturbado e termina com questões importantes que foram jogadas para o próximo ano. De olho na questão fiscal, os investidores entram em 2018 questionando se o País terá forças para seguir em recuperação, ainda mais com as eleições no caminho.
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Para a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, o próximo ano será de grandes desafios, mas o cenário ainda será bastante positivo. Para ela, os ruídos políticos podem reduzir o potencial de quanto a economia irá crescer este ano, mas não “aborta” a recuperação. “A economia está ganhando tração e vai ganhar mais tração. Então se 2017 foi um ano que colher inflação baixa e juros baixos, este ano é hora de colher de fato mais crescimento econômico”, disse ela em entrevista ao InfoMoney.
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Zeina afirma que o maior risco para o mercado é, sem dúvida, a eleição presidencial, mas que mesmo assim, os investidores estão exagerando em suas análises. A economista acredita que todos os candidatos terão um discurso mais ponderado na questão econômica e que, após 2014, será preciso ter um plano para ser implementado logo que assumir o cargo. “Quem entrar não terá lua de mel com o mercado”, afirma.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista:
InfoMoney – 2017 marcou o início de recuperação para o Brasil, mas o País termina o ano com muitas questões importantes. A reforma da Previdência e a questão fiscal se tornaram um grande problema nesta reta final. Você acredita que 2018 vai dar para continuar essa recuperação?
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Zeina Latif – Tem coisas que estão pesando. Tivemos algumas decisões do Congresso que, ao meu ver, foram equivocadas. Às vezes não na iniciativa em si, mas no escopo, que vai se ampliando. Para citar um exemplo, a questão do Funrural. Algumas discussões ali são relevantes, mas o jeito como saiu, com o escopo super amplo, com perdão de dívidas, a renúncia fiscal de R$ 15 bilhões, não deu certo. De fato, tem algumas coisas que estão sendo aprovadas, tem decisões, como esta do [Ricardo] Lewandoski, que vão na direção errada, têm impacto fiscal e trazem preocupação.
Agora, apesar disso tudo, nós tivemos mais acertos do que erros. Prova disso é a queda da inflação e dos juros. É o reflexo de que estamos no caminho certo. No estilo brasileiro é verdade, dois pra frente um para trás, às vezes são dois pra trás, mas estamos indo bem. Temos ainda muitos grupos no País que, apesar de compreenderem a gravidade da situação fiscal, ainda não aceitam fazer. Isso atrapalha, é claro, nós poderíamos ter tido a reforma da Previdência.
IM – E dá para ficar otimista mesmo sem a aprovação da reforma? Há algum saldo positivo nisso tudo?
ZL -Nós não tivemos a reforma, esta era a espinha dorsal do ajuste fiscal. A regra do teto era importante, outras iniciativas que foram tomadas também foram importantes, mas a reforma da Previdência era a espinha dorsal. Era a principal bandeira do governo e não foi aprovada, e a probabilidade de aprovar em fevereiro é muito baixa. Não vou dizer que é zero, mas ela é muito baixa.
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Apesar disso tudo, o País enxerga hoje uma agenda. Aquilo que era absurdo de se discutir até outro dia, que era a reforma da Previdência, hoje se discute. Eu me lembro que na campanha de 2004 este já era um tema de preocupação dos analistas e o assunto foi ignorado. Depois entra a Dilma com Joaquim Levy e não consegue emplacar a reforma. Não consegue por própria resistência dentro do governo. A postura dos sindicalistas na época era de nem querer ouvir falar, era nome proibido. “Imagina, o País está em crise”. Hoje todo mundo está discutindo, ninguém nega que tem que fazer ajuste, o que se questiona é a forma, mas negar que tem que fazer é uma minoria que ainda se agarra a essas teses de que não existe déficit, o que é absurdo, mas é gente que não está pesando no debate. O debate de verdade sobre a Previdência é sobre a melhor forma de fazer, como de fato atingir a todos, etc.
O saldo positivo disso é que mesmo que esses ruídos anti-reforma possam reduzir o potencial de crescimento da nossa economia, eles não irão abortar essa recuperação. A economia está ganhando tração, vai ganhar mais tração, então se 2017 foi um ano que colher inflação baixa e juros baixos, este ano é hora de colher de fato mais crescimento econômico com geração de vagas, com real impacto no mercado de trabalho. E sem pressão inflacionária. É muito improvável que o Banco Central suba juros, não tem pressão latente na inflação.
IM – Mas quais são os riscos para todo este cenário positivo?
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ZL – Obviamente que é a campanha eleitoral. Portanto, a gente precisa discutir a campanha eleitoral, e a minha opinião é que a campanha eleitoral vai ser agressiva. A nossa campanha de 2014 já mostrou o quão agressiva ela pode ser, mas a minha avaliação é que, apesar disso, o debate econômico tende a ser mais racional. Isso porque é um País que está no caminho certo, se tivesse uma confusão na economia poderiam surgir discursos mais disparatados, de propostas malucas, de guinadas, mas não é isso. A sociedade, na questão econômica, está voltando a ter confiança, ninguém está indo às ruas para protestar contra a inflação, não é esse o clima do País. Isso reduz muito o apelo de discursos populistas na economia.
IM – Então não devemos ter um presidente populista em 2019, na sua opinião?
ZL – Então eu acho que o debate econômico tende a ser mais maduro qualquer que seja ele, mas é claro que isso não impede que um ou outro não fale uma coisa mais estridente. E a nossa classe política, na minha visão, entende muito isso, tanto é que quando você pega os discursos dos prefeitos no início deste ano, foram discursos ponderados, responsáveis na questão fiscal. Aliás, tem muitos prefeitos fazendo trabalhos importantes e um monte de governadores também fazendo trabalhos importantes de ajuste fiscal. Porque a realidade tem uma hora que ela se impõe, e a sociedade eu acho que hoje está mais madura para compreender isso.
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Mas se você for pegar aqueles candidatos que são mais competitivos, acho que existe uma compreensão que para ser competitivo é preciso ter uma fala mais responsável na economia, porque você corre o risco de ganhar a eleição e no outro dia ter que administrar esse País.
Acho que o que aconteceu em 2014, em que a Dilma negou os problemas e depois, no dia seguinte, colocou o Joaquim Levy para fazer ajuste fiscal, e não conseguiu – e é claro, porque não discutiu isso na campanha -, acho que foi uma lição para a nossa classe política, de que há limites para você fugir da realidade, tem limites para ludibriar eleitor em campanha. Você tem que ter um pé na realidade, senão no dia seguinte você não consegue governar. Eu acho que o Brasil tem aprendido lições, nossa classe política e a sociedade também. Todos os candidatos, pelo menos os competitivos, tendem a, na discussão da economia, serem mais responsáveis, isso eu estou vendo de todos os lados.
IM – Diante disso, se tivermos muita volatilidade em 2018, poderá ser uma oportunidade para os investidores mais arrojados?
ZL -Mesmo que tenham volatilidades este ano, e é normal que tenham, eu não acho que vai ser uma volatilidade aguda e não acho que vai ter aquela coisa de virada. É claro que vai ter volatilidade, isso vai exigir sangue frio dos investidores, e os que são amantes de risco têm que aproveitar estes momentos para se posicionar. Por exemplo, quando teve o escândalo da JBS, quem teve sangue frio, que foram os estrangeiros naquele momento, ganhou muito dinheiro porque viu ali uma volatilidade. Pensou “ali tem uma volatilidade, mas o Brasil está no rumo certo, então quer saber, eu vou aproveitar para entrar”. Tem que ter estômago, mas não é aquela coisa de que esse País virou e nunca mais dar certo. E não é volatilidade como em 2002, por exemplo, eu não acho que seja isso.
Dado que eu não acho que a volatilidade será absurda, obviamente não terá uma contaminação relevante na economia. Porque volatilidade, quando ela é mais contida, ela contamina menos. Eu não mudo meu cenário econômico. Então, quando eu vou lá e rodo meu modelo econométrico para projetar o PIB, ele indica crescimento de 3,5% a 4%, mas eu, já imaginando que vai ter essa contaminação, que tem impacto, eu utilizo o limite inferior do meu modelo, que é 3%, mesmo que o modelo potencialmente diga que pode surpreender. E eu acho que é possível surpreender mesmo, porque se o debate eleitoral for maduro, o Brasil pode surpreender, assim como ocorreu na queda da inflação e dos juros, mas vamos aguardar.
IM – E qual o peso do cenário internacional? A alta de juros nos EUA sempre preocupa, principalmente em relação ao dólar.
ZL – A gente está falando de um cenário que é benigno, que ajuda a manter a atratividade do Brasil. Então, nós temos um mundo onde a economia mundial ganha tração. É provavelmente o início de um novo ciclo econômico mundial, e este ano vai continuar acelerando, inclusive com a retomada do comércio mundial. Tudo isso ajuda a reduzir a aversão ao risco. Esse é um crescimento sincronizado de várias economias, até o Japão está indo bem, então porque a moeda americana vai se valorizar? Não tem motivo ter uma supervalorização como teve em 2015, quando os EUA estavam indo muito bem e o resto do mundo não estava, hoje não tem motivo. A China está bem, o Japão está bem, a Europa está bem, tá todo mundo bem, não tem porque a moeda americana ter supervalorização. Isso ajuda muito a conter a inflação no Brasil.
O mundo está neste início de ciclo, não vai ter pressão inflacionária no mundo tão cedo. O comércio mundial não vai crescer 7%, 8% como foi na década passada, vai demorar. Isso contêm os preços de commodities, isso contêm a inflação mundial. Então o ambiente internacional é propício para o nosso ambiente macroeconômico aqui ficar bem. Nós temos aqui uma janela de oportunidade, e isso também ajuda a conter o nervosismo. É difícil apostar contra o Brasil de forma muito sistemática.
Então este ano vem vai ser um bom ano, melhor ou pior vai depender da maturidade do País na campanha eleitoral.
IM – E neste cenário mais benigno para o País, como você vê o trabalho do Banco Central? Há espaço para os juros caírem ainda mais?
ZL – Nós achamos que a Selic vai até 6,5%, não mudamos por hora. Nós avaliamos que não há razões para subir taxa de juros em 2018, especialmente porque eu não vejo um quadro eleitoral, aquela coisa tipo 2002. E tem uma folga aí para o Banco Central. Acredito que dá para manter essa taxa de juros o ano inteiro.
Tem muita ociosidade na economia, não tem pressão inflacionária vinda de fora, não tem pressão vindo do fiscal, como, por exemplo, naquele período Dilma, com aquela inflação que não cedia. Era questão fiscal, não tenha dúvida. Muitas vezes se coloca uma responsabilidade do Banco Central, do Tombini, exagerada no período, o Paul Volcker [presidente do Federal Reserve entre 1979 e 1987] não ia conseguir segurar a inflação. Não que o Banco Central não tenha cometido seus equívocos em alguns momentos, mas eu acho que a crítica é exagerada.
Não tem pressão fiscal, não tem crédito excessivo dos bancos públicos, não tem pressão inflacionária vindo de fora e tem ociosidade na economia. Os ajustes salariais, em termos nominais, eles têm seguido a queda da inflação. Que bom, porque é assim mesmo. Então eu não vejo razão para subir a Selic neste ano.
IM – Sobre a reforma da Previdência, você acredita que ela tem alguma chance de passar? O governo precisa fazer de tudo para conseguir, mesmo que precisar fazer novas alterações?
ZL – Reforma boa é reforma aprovada. O que eu quero dizer é o seguinte, a gente, como economista, defende que tem sempre fazer o mais ambicioso possível, mas a gente, como analista, que tem que olhar a política também, tem que considerar que o Brasil tem dificuldade. Na maioria das vezes nossas reformas não são amplas, geralmente é uma coisa mais modesta e a gente vai avançando assim. Eu espero que o próximo presidente, entrando com credibilidade e com legitimidade, consiga ser ambicioso. Agora, em final de governo é difícil.
Se você faz uma coisa pequena, mas na direção certa, já está valendo a pena. Mas se você chega e fala, “vamos fazer uma reforma da Previdência, mas só muda a idade mínima para quem está entrando agora”, então é melhor não fazer, porque daí você vai estar gerando agora um problema lá pra frente. Então tem coisas que têm limite o quanto que você pode flexibilizar. Dependendo do texto, é melhor não aprovar, porque ele não traz alívio e gera um constrangimento político lá na frente que a sociedade vai questionar. Agora você chegar e fazer “vamos ter idade mínima e mais nada”, já vale a pena.
Qual a preocupação então? Hoje existe, claramente, um incomodo da sociedade de você mexer só com o setor privado, só com INSS, e não mexer com setor público, principalmente dos funcionários públicos que entraram antes de 2003, que de fato eles têm regras muito generosas, e a realidade do País não permite mais isso. É claro que, individualmente, eu entendo a insatisfação da pessoa ali, mas acontece que não temos mais opção, vai ter que mexer com isso.
Aí, por exemplo, o governo chega a fala “vamos mexer só com a do INSS, vamos deixar o setor público de lado”, talvez isso inviabilize a reforma, no sentido do trabalhador privado não aceitar. Penso que não dá para flexibilizar muito mais do que aquilo que já foi flexibilizado nesta segunda proposta. Esse segunda, o que ela fez basicamente foi tirar BPC (Benefício de Prestação Continuada) e tirar o rural, que, supostamente, estava precisando de mais diálogo com a sociedade. Tudo bem, você tirou, mas ainda está bom. Tenho receio de que se vingar essa discussão que saiu na imprensa de que o governo iria flexibilizar adicionalmente a proposta para quem entrou antes de 2003, isso pode começar a inviabilizar tudo, por causa deste incômodo generalizado com os privilégios deste segmento. Sim, tem hora que tem que flexibilizar, mas tem que tomar cuidado com o que você está flexibilizando.
IM – Já está todo mundo preparado para um corte de rating do Brasil. Mas o quanto isso realmente prejudica e recuperação econômica?
ZL – As agências de rating elevaram o tom, e é bom mesmo que elevem, porque cada dia que a gente adia a reforma da Previdência, mais arriscado vai ficando o ambiente no Brasil. A gente já está atrasado, era para ter feito isso 20 anos atrás. Qualquer país arrumado, aliás, a grande maioria dos países, tem idade mínima para aposentar, o Brasil é ponto total fora da curva. Nossos vizinhos da América Latina fizeram reforma da Previdência na década de 90. A gente está muito atrasado. Então, a cada dia que você atrasa mais, você vai deixando o risco fiscal maior, portanto riscos macroeconômicos maiores.
Bom, estão corretas as agências de rating de ameaçar um novo rebaixamento. Eu preciso estabelecer cenários. Pode ser que rebaixem? Pode. É o meu cenário? Não. O meu cenário, apesar de eu não conseguir atribuir uma tremenda probabilidade a ele, é que as agências vão olhar, vão identificar uma agenda fiscal e de reformas que vai continuar a ser tocada este ano. Claro que são medidas mais microeconômicas, mas é claro que tem uma agenda econômica no País. Não é um País que está largado, e o debate eleitoral tende a ser mais maduro, e com isso acho que a tendência das agências de rating é dar o benefício da dúvida.
Se acontecer algo de as agências falarem “chega”, elas vão falar isso na hora que o próprio mercado também falar “chega”. Geralmente as agências caminham junto com o mercado. O mercado começou a piorar, o mercado começou a não dar mais o benefício da dúvida para o País, não vai ser mais agência de rating que vai dar. E aí eu acho que o risco está mais em 2019 que em 2018.
IM – Então 2019 de fato será o ano da verdade no Brasil?
ZL – 2019 é o ano da verdade, assim como foi 2015. Em que sentido? 2014 teve alguma volatilidade eleitoral? Teve. Mas absurda? Não. Onde que a coisa realmente virou, e aí não era só volatilidade, mas era realmente uma inflexão nos preços de ativos? 2015, quando ficou claro que o Joaquim Levy não tinha apoio para fazer reforma estrutural. Não tinha agenda, não tinha proposta para a Previdência, só tinha discussão de tentar aumentar CPMF. Quando tentava falar em reforma estrutural, não prosperava. Quando ficou claro que não tinha agenda para o País, o mercado virou e não voltou. Só foi voltar quando a Dilma caiu.
Isso é o risco de 2019. O próximo presidente chega, não vai ter lua de mel, ou ele mostra logo a que veio, ou complicou. Aí sim agência de rating não vai dar uma segunda chance, não vai dar margem para o governo. Ou ele de cara já fala “olha, minha proposta é essa, estou mandando para o Congresso dia 2 de janeiro”, estou exagerando um pouco, mas tem que mandar logo. Não vai ter aquela lua de mel de alguns meses, não acho que vai ter lua de mel.
Na hora que a gente tiver a eleição e estiver com o novo presidente, vai ter que ter uma equipe de transição ali para que o próximo presidente já chegue com as suas propostas, ou pelo menos as mais importantes, já definidas. Uma coisa boa que este governo está fazendo é deixar um estoque de propostas de reformas. Tem coisa que eles vão tentar emplacar este ano, e tem coisa que a gente já sabe que não vão conseguir. É diferente. Uma coisa é o governo chegar em terra arrasada, não ter nem por onde começar, foi quase o que aconteceu com o Temer, pouca coisa foi deixada pelo governo anterior, eu diria quase nada. Agora não, tem lá um estoque de coisas, de conversas já alinhavadas entre os ministérios, propostas que estão prontas, que é chegar, ajustar uma coisa ou outra e mandar. Isso é importante.
IM – Voltando a falar de eleições, como você está vendo o cenário? Dos nomes mais fortes não temos nenhum que o pessoal chama de “nome de mercado”. Você acredita que teremos alguém e quem poderia ser esse nome pró-mercado?
ZL – Primeiro que eu acho que tem muita coisa para acontecer até março. Eu acho que podem surgir novos nomes. Difícil dizer de onde eles vêm, isso eu não sei, mas acho que pode. A gente nem sabe se o Lula vai conseguir ou não concorrer. Sendo culpado ou não, e isso não cabe a mim dizer, mas o fato de haver tantas suspeitas, isso enfraquece muito a credibilidade dele e, institucionalmente isso é ruim para o País, um presidente que pairam tantas dúvidas e ele ser candidato.
Mas vamos analisar friamente, porque eu vejo o debate muitas vezes muito acalorado, e eu acho que agora é hora de baixar a poeira, de ter um pouco mais de racionalidade nessa análise e olhar friamente. Bom, o Lula, ele tem feito na economia um discurso incendiário? Não. Ele é um político experiente. Não vou dizer que às vezes, em um palanque ou outro, ele não fale coisas que gerem incômodo, é claro, mas dizer que ele está fazendo este discurso indencidário, de todo dia ir falar de agendas que signifiquem uma guinada brusca da política econômica, que mudem tudo que foi feito, não, não é isso.
No caso do Bolsonaro, ele fala pouco de economia. Isso obviamente gera incertezas, porque a gente não sabe exatamente qual é o pensamento dele. Ele falava contra privatização no passado, agora ele fala a favor. O Bolsonaro tem também um discurso ponderado na economia. “Ah, essa reforma da Previdência do Temer eu não concordo, a minha é melhor”, tudo bem, mas ele não está negando o problema. Acho que, sendo ou não o discurso dos sonhos, de qualquer um, eles pelo menos não estão negando que temos um problema fiscal aqui.
IM – O medo então, para 2018, fica nas eleições?
ZL – Então eu acho assim, o Brasil está no caminho certo, a gente pode dar um passo importante no País, o fato de ter acabado o dinheiro nos força a ganhar maturidade. É o sujeito que fica órfão novo e precisa ganhar maturidade, pois é. E temos que aprender a lidar com o contraditório. Cada um fala uma coisa. Mas eu acho que tem que acalmar um pouco em relação a isso. Eu torço para que a eleição seja civilizada, para ela não dividir mais o País. Dividir o País está nos fazendo muito mal.