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Janeiro tem sido um mês de queda para a Bolsa brasileira, descolando-se das máximas registradas no S&P500 neste início de ano. Há, porém, catalisadores do mercado doméstico que justificam a manutenção do ânimo com as ações brasileiras após um primeiro mês do ano “sem direção”.
A visão é do JPMorgan, que tem classificação overweight (expectativa de desempenho acima da média) para o Brasil e a América Latina, projetando o Ibovespa a 142 mil pontos em 2024. Significaria uma leve alta de 5,8% considerando o fechamento de 2023, mas de 10,7%, frente o fechamento de terça-feira (23). Num cenário otimista, o índice encerraria o ano aos 152 mil pontos; no pessimista, a 105 mil pontos.
Um dos catalizadores deve ser o fluxo. Mesmo que o potencial de valorização da Bolsa diminua, a Selic (taxa básica de juros) em baixa deve dar uma margem de segurança para os atuais níveis, com os locais “presos” nos ativos de risco. “Fora isso, o apetite estrangeiro pelo Brasil é saudável, e deve continuar sendo, impulsionado pela falta de atratividade das ações da China e pelo ciclo doméstico positivo”, diz o JP em relatório.
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O banco também destaca que os ciclos de corte da Selic — hoje em 11,75% — costumam puxar o Ibovespa para cima. Desde que o ciclo de flexibilização começou, no ano passado, a Selic caiu 200 pontos-base e o mercado subiu 10% em moeda local. Historicamente, no entanto, para cada corte de 100 pontos o Ibovespa avança 5,5%. “As ações estão atrasadas em relação às taxas após o recente sell-off”, dizem os analistas. Se a Selic chegar aos 9,5%, como projetam, o Ibovespa avançaria 12,5%.
Selic e crescimento
Os estrategistas mencionam ainda que a perspectiva para a economia do Brasil é de crescimento. Apesar da desaceleração, com a projeção de 1,6% de aumento do PIB em 2024, contra 3% em 2023, o primeiro semestre deste ano deve ser melhor que o último de 2024.
No ano a ano, o recuo mais forte deve se dar pela queda do agronegócio, mas com outras áreas melhorando — como o petróleo, por exemplo, que ganha cada vez mais espaço na economia. A perspectiva da instituição financeira é de que os lucros das companhias brasileiras crescerão 4% neste ano, contra uma queda em 2023.
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Valuation e política são riscos
O problema, segundo o JP, é que um crescimento de 4% “não impressiona”, especialmente em comparação com os mercados emergentes, com projeção de expansão de 17%. “Revisões de lucros serão necessárias para que a história se torne mais atraente”, diz o banco. Por isso, o Brasil é visto como mais caro do que Colômbia, Hungria ou Egito, por exemplo.
Há ainda a política e a situação fiscal como calcanhares de Aquiles do Brasil. Se a aprovação do governo cair, o provável é que os gastos aumentem. “No ano passado, a política econômica foi melhor do que o sentimento inicial depois que o ministro da Fazenda Haddad apresentou seu plano fiscal, endossado pelo presidente”, dizem. “Este ano, as pressões podem ser no sentido oposto”.
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